Por Cliff Kincaid
A comunista Angela Davis encontrou uma “resistência” inesperada na Universidade Estadual da Flórida (FSU, na sigla em inglês) nos Estados Unidos, que gastou US$ 31 mil para trazer a ganhadora do Prêmio Lenin da Paz à FSU para conversar com os alunos sobre revolução. Cerca de 20 membros dos Estudantes Republicanos da FSU protestaram contra sua aparição cantando “comunismo vai embora” e exibindo cartazes dizendo “Noles contra o comunismo” e identificando as 100 milhões de mortes causadas pela ideologia comunista.
“Noles” é um termo em inglês que diz respeito a estudantes, atletas ou graduados da prestigiada universidade pública no estado da Flórida.
O custo total de US$ 31 mil do evento foi revelado nos documentos divulgados a este escritor em função da lei de arquivos públicos da Flórida. Uma limusine foi incluída para Davis. Browning Brooks, vice-presidente assistente de comunicações universitárias, disse: “Foi-me dito que a FSU não estava autorizada por contrato a filmar, gravar ou fotografar esta apresentação de qualquer maneira.”
Mas, de acordo com uma reportagem num jornal local, o Tallahassee Democrat, Davis transformou a sala de concertos onde palestrou em “uma sala de aula de ciências políticas” e “lembrou a audiência lotada que a revolução ainda não acabou”. Antes de se tornar professora de estudos feministas e da consciência, Davis foi membra-associada do Partido Comunista dos EUA, financiado por Moscou.
A controvérsia atraiu uma atenção renovada para a percebida dominação liberal-esquerdista nas principais faculdades e universidades americanas. Davis é uma das palestrantes mais populares durante as comemorações de Martin Luther King Jr.. e do Mês da História Negra nos campi universitários.
O presidente dos Estudantes Republicanos da FSU, Landon Schneider, estabeleceu uma distinção entre Luther King, um defensor da desobediência civil não violenta, e Davis, que esteve na lista do FBI das pessoas mais procuradas por seu suposto envolvimento em sequestro e assassinato. Ela foi absolvida das acusações em 1972, depois que a propaganda soviética a nível mundial a retratou como uma prisioneira política. Davis também esteve associada com os Panteras Negras, um grupo que se referia à polícia como “porcos” e se envolveu em ataques à polícia de Oakland em 1967 e 1968, matando um oficial e ferindo outros dois.
“Ela difunde uma agenda comunista que claramente não é o que o nosso governo e os Pais Fundadores queriam”, disse Schneider. Ele e outros membros de seu grupo decidiram emitir um comunicado de imprensa, imprimir cartazes e organizar uma manifestação fora do auditório do campus, onde Davis estava falando.
A descrição oficial do evento de 16 de janeiro durante a semana de aniversário de Martin Luther King Jr. descreveu a ex-candidata a vice-presidente do Partido Comunista como uma ativista, educadora e acadêmica que “tem sido instrumental nos movimentos para a justiça social em todo o mundo”. Os Estudantes Republicanos pesquisaram os antecedentes polêmicos de Davis e emitiram uma declaração dizendo que “enquanto apoiamos o direito da sra. Davis de falar livremente, somos veementemente contra a FSU usar a taxa de matrícula dos alunos para patrocinar um indivíduo que apoia os regimes comunistas que foram diretamente responsáveis pelas mortes de milhões de pessoas inocentes”.
O seu recebimento do Prêmio Lenin da Paz foi gravado num vídeo da Associated Press que agora está disponível no YouTube. Davis abraça um funcionário comunista e homenageia a revolução soviética, com um busto de Lenin ao fundo.
Além de seu envolvimento com os Panteras Negras e o movimento comunista mundial, Davis era uma defensora pública do Templo do Povo, dirigido pelo pregador marxista Jim Jones, que organizou um “suicídio revolucionário” em massa na Guiana em 1978, que custou a vida de cerca de 900 seguidores. Membros do grupo também mataram um membro visitante do Congresso dos EUA, o congressista Leo Ryan (D-Calif.), que estava investigando violações de direitos humanos relacionadas a Jones.
Davis referiu-se a “meu amigo Jim Jones e todas as minhas irmãs e irmãos do Templo do Povo” que estavam na Guiana e lutavam contra a opressão e o racismo. Ela disse: “Eu sei que vocês estão numa situação muito difícil no momento e há uma conspiração, uma conspiração muito profunda, projetada para destruir as contribuições que vocês fazem para nossa luta.”
Schneider disse que descobriu que as pessoas envolvidas na Associação Governamental dos Estudantes, a agência porta-voz do campus conhecida como a Série de Conferências da Tribo de Ouro, e possivelmente a administração da universidade, estavam envolvidas na decisão de patrocinar Davis.
O presidente da FSU é John Thrasher, um graduado da Universidade Estadual da Flórida e ex-legislador republicano do estado. Uma carta perguntando o que ele sabia sobre os antecedentes de Davis não foi respondida.
Antes do seu protesto sobre Davis, os Estudantes Republicanos da FSU criticaram as autoridades da universidade por organizarem uma apresentação unilateral. Eles declararam: “Com a história da universidade de hospedar consistentemente palestrantes liberais da ‘Tribo de Ouro’, como o Dr. Marc Lamont Hill, o Dr. Neil deGrasse Tyson, Melissa Harris-Perry e o autoproclamado ‘cientista’ Bill Nye, não é surpreendente que eles continuem a promover o desequilíbrio ideológico nos campi universitários em vez de apresentarem um equilíbrio de pontos de vista liberais e conservadores.” O Tribo de Ouro é uma série de palestras patrocinada pela Associação Governamental dos Estudantes.
Schneider disse que os manifestantes foram colocados em quarentena numa área especial e não foram autorizados a se aproximar de qualquer pessoa que esperava na fila para ver Davis.
As autoridades da FSU organizaram a aparição de Davis por meio da agência de oradores Lavin, que promove Davis como alguém que acredita em “mentes liberadoras assim como na liberação da sociedade”. A Lavin disse: “Seu trabalho como educadora, tanto no nível universitário como esfera pública mais ampla, sempre enfatizou a importância de construir comunidades de luta pela igualdade econômica, racial e de gênero.” Nada é dito nos materiais promocionais sobre seu compromisso com o comunismo.
Um requisito para a presença de Davis era que ela era um “vegana estrita” que não podia ser servida com qualquer carne ou “glúten”. Davis descreveu os animais como “seres sensíveis que sofrem dor e tortura enquanto são transformados em alimentos para o lucro, alimentos que geram doenças em seres humanos cuja pobreza os obriga a dependerem de McDonald’s e KFC para alimentação”. O grupo Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais chamou Davis de um “ícone liberador” que destacou a “conexão entre todas as formas de exploração e opressão”.
No entanto, Davis se concentrou principalmente nos criminosos como alegadas vítimas do capitalismo, pedindo a abolição completa das prisões por meio do grupo Resistência Crítica, financiado parcialmente pelo bilionário George Soros.
Cliff Kincaid é um escritor e comentarista radicado em Washington, D.C., Estados Unidos. Ele pode ser contatado em Kincaid@comcast.net
As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times.