Templo Konarak, a carruagem do deus Sol

30/01/2014 05:02 Atualizado: 06/03/2018 15:59

A palavra Konarak é uma aglutinação de duas palavras de origem hindu: Kona e Arka. Kona significa Canto e Arka significa Sol, e juntas, significam Canto do Sol ou Lugar do Sol. O Templo Konarak, também traduzido como Templo Konark, é dedicado ao deus Sol.

No hinduísmo, Surya, o deus Sol, cruza todos os dias o céu em sua carruagem puxada por sete cavalos – representando os sete dias da semana – conduzidos pelo deus Aruna. Surya significa luz suprema, mas designa o próprio Sol. Aruna é o nome da cor do céu pela manhã, ou seja, o brilho avermelhado que precede o nascer do Sol a cada amanhecer. É o alvorecer.

Visão pamoramica do Templo Konark.
Visão pamoramica do Templo Konarak (CC BY 3.0)

Na Índia foram construídos sete templos dedicados ao deus Sol. O mais espetacular de todos é o Templo Konarak. O Templo Konarak foi construído no século 13 na cidade de Prui, no estado de Orissa, na Índia. Demorou apenas 12 anos (1243-1255) para ser construído. Foi construído em forma de uma carruagem celestial puxada por sete cavalos conduzidos por Aruna, para assim representar a carruagem do deus Surya, deus Sol, conforme o hinduísmo.

Vista de um dos sete cavalos guerreiros, o que restou, que representam os sete dias da semana.
Vista de dois dos sete cavalos guerreiros (os que restaram), que puxam a carruagem-templo. Repare nas rodas de carruagem esculpidas na base do Templo, ele próprio simbolizando uma carruagem (Internet)

O Templo também simboliza a passagem do tempo, que está sob o controle de Surya, o deus Sol. Os sete cavalos, que puxam a carruagem sempre na direção Leste, em direção a um novo dia e amanhecer, representam os sete dias da semana. Os 12 pares de rodas esculpidos na base do templo representam os 12 meses do ano e suas 24 rodas da carruagem, as 24 horas do dia. Tudo continuamente girando ciclicamente, ou seja, com o deus Sol, dia após dia, cumprindo seu papel.

Ainda que o Templo esteja quase em ruínas, ainda se mantém como uma maravilha da arquitetura. Em sua época, o grande poeta hindu Rabindranath Tagore escreveu o seguinte sobre o Templo Konarak: “Aqui a linguagem da pedra supera a língua do homem”.

Vista de um dos sete cavalos guerreiros, o que restou, que representam os sete dias da semana.
Vista de um dos sete cavalos guerreiros, o que restou, que representam os sete dias da semana (Internet)

Os sete cavalos foram nomeados no Bhagawat Gita, livro sagrado hindu, como: Gyatri, Usnika, Anustuv, Vrihati, Pangti, Tristup e Jagati.

Vista da parte principal do Templo. A parte em destaque amarelo ainda existe.
Vista da parte principal do Templo (a carruagem). A parte em destaque amarelo ainda existe (CC BY-SA 3.0)

A parte do templo que ainda se mantém de pé, o Jagamohan (40 metros de altura), era, na verdade, uma enorme “antessala” de acesso ao Templo principal, o Sikhara (70 metros de altura), onde ficava entronizada a estátua do deus Surya. Infelizmente o templo principal desmoronou. A principal estátua do templo, a que estava no interior do Sikhara e a considerada mais bela de todas, desapareceu.

Escombros do Templo principal. O Templo Konark tem forma de carruagem.
Escombros do Templo principal (Sikhara), à frente. O Templo Konark tem a forma de carruagem (Internet)
 Algumas das 24 rodas do templo-carruagem. As rodas tem um diâmetro de quase 3 metros.
Algumas das 24 rodas do templo-carruagem. As rodas tem um diâmetro de quase 3 metros (Internet)
Detalhe de uma das rodas do Templo. Mostram mulheres em posições tântricas.
Detalhe de uma das rodas do Templo. Mostram mulheres em posições tântricas (Internet)

O deus Sol

De acordo com os Vedas, Surya é uma manifestação unificada da Trindade Bramânica. O Sol da manhã é associado à Pravhata, o Criador, o Sol do meio-dia à Mahaswara, o Destruidor, e Sol do anoitecer é associada à Vishnu, o Mantenedor. Isso está representando nas três imagens, que existem em distintos lados do Templo.

Da esquerda para a direita: Pravhata Surya - Sol do amanhecer, o Criador-, Madhyanha Surya - Sol do meio-dia, o Destruidor - e Astachala Surya - Sol do anoitecer, o Mantenedor.
Da esquerda para a direita: Pravhata Surya (Sol do amanhecer, o Criador), Madhyanha Surya (Sol do meio-dia, o Destruidor) e Astachala Surya (Sol do anoitecer, o Mantenedor) – (Internet)

A imagem no lado Sul do Templo, a que recebe os primeiros raios do Sol no amanhecer, representa o deus Sol pronto para iniciar mais um ciclo de fornecer a luz que cria e sustenta a vida. A imagem no lado Oeste representa o deus Sol ao meio dia, incidindo vigorosamente sobre as vidas, enquanto cruza o céu na sua carruagem puxada por cavalos conduzidos por Aruna. A terceira estátua, no lado Norte, mostra Aruna com sinais visíveis de cansaço, simbolizando o Sol ao final ndo dia, quando se recolhe permitindo à vida um repouso restaurador antes de um novo dia se iniciar.

A destruição do Templo e o Templo hoje

O Templo foi quase todo destruído pelo general afegão Kalapahad, um hindu convertido ao Islamismo e intolerante ao hinduísmo, que, em 1508, invadiu a cidade de Orissa e atacou diversos edifícios sagrados do local, entre os quais o Templo Konarak. As imagens dos deuses foram depredadas e a grande torre do templo principal (Sikhara) teve seu arco de sustentação deslocado, causando seu colapso e danificando outras estruturas ao redor.

Apesar da decadência ao longo dos séculos, ainda é possível ver a beleza arquitetônica do Templo no que restou dele. O Templo Konarak foi declarado pela UNESCO em 1984 como Patrimônio da Humanidade.

O Templo Konarak é certamente um dos lugares do mundo que merece ser conhecido.