“Não há nada respondido sem uma pergunta feita.”
O termo “solução final” geralmente é associado a comentários relacionados ao nacional-socialismo alemão (ou nazismo). No entanto, muito poucas pessoas sabem qual foi a pergunta inicial e por quem foi formulada pela primeira vez. Além disso, muitos ignoram que Adolf Hitler não foi o originador da pergunta ou da resposta.
No caso dos engenheiros sociais emergentes dos séculos XIX e XX, ninguém tinha maior influência do que Thomas Malthus. Uma pessoa controversa hoje e ainda mais em seu tempo, Malthus publicou um ensaio chamado “Princípio da População” em 1798 e levantou a questão pela primeira vez sobre os perigos da superpopulação. O possível resultado desastroso de suas elucubrações ficou conhecido como a “Catástrofe Malthusiana”.
O dilema malthusiano
Malthus, um clérigo e economista inglês, acreditava reconhecer a questão da população e seu impacto nos recursos, no meio ambiente e na sociedade em geral. Sua pesquisa o levou a concluir que a taxa de população aumentava mais rapidamente do que a capacidade da sociedade para produzir os recursos que a sustentassem.
A implicação na estrutura econômica de uma sociedade também estava em jogo. Ele acrescentou que com um aumento de trabalhadores além da proporção de trabalhos disponíveis, muitas famílias não teriam os meios para se sustentar. Com fome, pestilências e crime como resultado de uma maioria empobrecida, ele afirmou que ações deveriam ser tomadas para “controlar a população”.
Modelos subsequentes, que incentivavam o “celibato voluntário” para “espécimes ruins” da população, padrões sociais relativos à moralidade para as classes mais pobres e uma restrição à interação social para alguns, foram algumas das soluções iniciais concebidas.
Na realidade, o “dilema” malthusiano era na verdade uma questão, uma questão colocada às elites sociais do mundo. Ao longo dos anos, as respostas delineadas por engenheiros sociais tornaram-se cada vez mais ousadas, mas sem solução definitiva.
Embora Malthus não seja amplamente conhecido hoje em dia, sua influência sobre os governos, bem como aqueles que planejavam derrubar os governos existentes, foi imensa, tanto no passado como no presente. As teorias de Malthus encontraram muita afeição nas mentes revolucionárias de indivíduos como Charles Darwin (o criador do modelo evolucionário moderno), Karl Marx e Friedrich Engels (autores do “Manifesto Comunista” e “O Capital”), John Maynard Keynes (fundador do Banco Mundial, socialista fabiano e diretor da Sociedade Eugênica Britânica), Mao Tsé-tung (seguidor de Karl Marx e fundador do Partido Comunista Chinês) e muitos mais.
À medida que a questão da superpopulação continuava sendo elaborada até o século XX, o veículo que inegavelmente unificou os estudiosos sobre o assunto foi o modelo da eugenia. (leia também o artigo “Hitler, Socialismo e a Agenda Racial“).
No início da “Terceira Conferência Internacional de Eugenia” em Nova York em 1932, as formas propostas de controle populacional e redução do consumo de recursos foram as seguintes:
1. Controle da natalidade por meio dos métodos de esterilização dos indesejáveis, uso da contracepção e aborto.
2. Eutanásia para os doentes e idosos.
3. Estabelecer uma política de um ou dois filhos nos países apropriados.
4. Promoção da abstinência para as classes mais pobres.
5. Organizações de “planeamento familiar” orientadas pelo Estado.
6. Restrições às migrações internacionais.
7. Leis de proteção ambiental e a promoção do conservacionismo, que levou ao “movimento verde”.
Aparentemente, a “solução final” tinha sido encontrada.
Nesse mesmo ano, Margaret Sanger, membra do Partido Comunista dos EUA e da American Eugenics e fundadora da Federação Americana para o Planeamento Familiar, pressionou o Congresso dos Estados Unidos em nome de seus partidários. Ela representou seus benfeitores, pedindo a aprovação de uma “política de dois filhos”, bem como uma lei que exigia a esterilização forçada de mais de 25 milhões de americanos. Surpreendentemente, as duas leis quase foram aprovadas pelo Congresso.
Independentemente disso, 34 estados já tinham adotado leis de esterilização e forçado o procedimento em mais de 50 mil estadunidenses.
Embora temporariamente derrotada, a luta por implementar leis eugênicas socialistas estava apenas começando.
Socialismo e eugenia inseparáveis
Em 1924, Adolf Hitler escreveu seu infame livro de planejamento e controle demográfico “Mein Kampf”. Hitler creditou os eugenistas americanos como sua inspiração e até escreveu uma carta de congratulação ao autor Madison Conrad após a publicação de seu livro “A Passagem da Grande Raça“, um monumento ao eugenismo. Na carta, Hitler chamou o livro de sua bíblia.
Pouco depois da conferência internacional de eugenia em 1932, os nacional-socialistas ganharam o controle majoritário do Reichstag, o parlamento político da Alemanha, e Hitler tornou-se o chanceler alemão.
Quase imediatamente, leis foram aprovadas para legalizar abortos com uma diretiva específica sobre quem deveria ser submetido à força. Os socialistas alemães foram apenas os segundos na história a pôr em prática os objetivos da eugenia, os socialistas russos em 1919 foram os primeiros.
Nos meses seguintes, outros métodos de controle e redução da população foram implementados um a um, com aborto forçado, esterilização e eutanásia no topo da lista.
Enquanto esteve no poder, é relatado que o Partido Socialista da Alemanha realizou mais de 500 mil abortos por ano. Uma quantidade surpreendente considerando que os nazistas reinaram de 1933 a 1945. Isso totaliza aproximadamente 6 milhões de abortos, tanto forçados como voluntários, num período de 12 anos.
Filmes de propaganda foram produzidos pelo ministério alemão para popularizar as práticas eugênicas e com entusiasmo documentaram que leis americanas e britânicas similares já haviam sido aprovadas. A Birth Control Review, uma revista iniciada por Margaret Sanger, foi regularmente citada pelo partido nazista.
Sanger foi altamente elogiada por Hitler por seu trabalho na eugenia e por sua promoção do aborto como uma ferramenta de controle populacional. Muitas vezes chamando-a de sua inspiração, Hitler certificou-se que ela trabalhasse em estreita colaboração com a pessoa mais importante no início do movimento nazista, o Dr. Ernst Rudin, para planejar sua nova sociedade.
O Dr. Ernst Rudin
Ernst Rudin foi um dos fundadores do Partido Nacional-Socialista em 1918. Como o diretor do Instituto Kaiser Wilhelm, financiado por Rockefeller, e fundador da Sociedade Eugênica Alemã, Rudin muito possivelmente tinha mais influência sobre Hitler do que qualquer outra pessoa na Alemanha.
Além disso, o Dr. Rudin foi eleito presidente da “Terceira Conferência Internacional de Eugenia” com participantes de todo o mundo. Eventualmente, ele coautorou um comentário interpretativo à “Lei para a Prevenção de Prole Hereditariamente Doente”, que delineou a política de “limpeza racial” do Partido Nazista.
Em 1933, Rudin encabeçou um comitê designado pelo governo nazista, chamado “Comitê de Peritos em Questões de População e Política Racial”. O que ele escreveu nesse ano não só se tornou a política de limpeza racial da Alemanha nazista, basicamente cópias literais das políticas eugênicas aceitas internacionalmente, mas também foi publicado na revista de Sanger, recebendo grande aclamação.
A história registrou os horrores que se seguiram ao estabelecimento dessa política de limpeza racial.
Nos anos seguintes, os socialistas alemães marcharam pela Europa e depois reuniram outros para iniciar uma guerra que acabaria com todas as guerras. O resultado final da 2ª Guerra Mundial foi que a política de limpeza racial do socialismo custou a vida a mais de 50 milhões de pessoas. Quando combinado com a carnificina de outras revoluções socialistas, como os bolcheviques na Rússia, o Exército Vermelho de Mao Tsé-tung na China, o Khmer Vermelho de Pol Pot no Camboja e o regime dos Castro em Cuba, etc., o número de mortos ultrapassa 150 milhões.
É esta a utopia que Karl Marx tinha em mente?
Para muitos, é uma dicotomia surpreendente comparar os socialistas russos aos socialistas alemães como se houvesse apenas uma semelhança de nome.
No entanto, a história factual mostra suas raízes e objetivos compartilhados.
“Há mais coisas que nos ligam ao bolchevismo do que o que nos separa dele.” – Adolf Hitler