Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
TV-MA | 6 episódios | Drama, Biografia, Esportes, História | 2024
Existem algumas pessoas famosas que foram tema de vários documentários biográficos de TV e teatro e produções live-action. Normalmente, são líderes religiosos, estadistas (e estadistas), artistas e atletas. Alguns temas recebem vários tratamentos (Jesus Cristo, Abraham Lincoln, Elvis Presley e Muhammad Ali, por exemplo), enquanto a maioria dos outros tem apenas dois.
Os exemplos mais recentes do último são a cantora Amy Winehouse e o piloto de corrida Ayrton Senna. O documentário “Amy” foi lançado em 2015 e ganhou uma série de prêmios, incluindo um Oscar. O filme biográfico de 2024 sobre Winehouse (“Back to Black“) foi um fracasso comercial e de crítica.
Em 2010, o documentário “Senna” foi recebido com muitos elogios e também ganhou vários prêmios. Embora seja muito cedo para dizer com certeza, a nova minissérie dramática de seis partes da Netflix (também intitulada “Senna”) provavelmente receberá críticas severas e por um bom motivo. É inchada, esmagadoramente longa, mal executada e, pior de tudo, completamente desnecessária.
Os documentários “Amy” e “Senna” foram dirigidos pelo cineasta britânico Asif Kapadia.
Roubando o Trovão
Logo de cara, os diretores da minissérie Vincente Amorim e Julia Rezende roubam desnecessariamente seu próprio trovão. Eles abrem o primeiro episódio com a morte de Senna (Gabriel Leone) no Grande Prêmio de San Marino de 1994, na Itália. Embora esse evento seja repetido de uma perspectiva diferente em um episódio posterior, a série é contaminada e estragada desde o início.
Nascido em 1960 em São Paulo, Brasil, filho de pai espanhol (Marco Ricca como Milton) e mãe italiana (Susana Ribeiro como Neyde, alterada aqui para Neyda), Senna foi o segundo de três filhos. Milton acumulou grande riqueza ao ver investimentos em construção, fazendas e pecuária, e mais tarde foi dono de uma empresa metalúrgica. Ele queria que Senna dirigisse a empresa um dia. Seu filho eventualmente o dissuadiu quando Senna demonstrou grande destreza atlética, particularmente a capacidade de trocar as marchas do jipe da família sem usar uma embreagem.
Aos 7 anos, Senna começou a correr em karts modificados projetados por Milton, para desgosto de Neyda, que sempre foi cautelosa com o perigo inerente do esporte. Em 1977, Senna venceu o primeiro de seis campeonatos consecutivos do “Karting World“. Em 1984, Senna começou a correr em carros de Fórmula 1, conhecidos pela maioria dos fãs não-corredores como “Indy cars“.
Tudo isso acontece no primeiro episódio, é tratado com relativa eficiência e oferece promessas para o resto da série. O início do segundo episódio começa a dividir o tempo entre a vida pessoal e profissional de Senna. Baseado simplesmente no que já se sabe sobre ele, a maior parte disso é pura ficção.
Senna está supostamente noivo de Laura (Kaya Scodelario), que ficou cada vez mais descontente quando eles se mudaram do Brasil para a Europa no início de sua carreira. A personagem Laura provavelmente é baseada em Lilian de Vasconcelos Souza, esposa de Senna de 1981 a 1982.
Mudança de nome?
A grande questão é por que os cineastas queriam substituir uma pessoa real por um personagem fictício com um nome diferente? Normalmente, quando isso acontece, é porque o personagem escrito se afasta tanto da vida real que o estúdio muda os nomes e as circunstâncias para evitar possíveis processos de responsabilidade futuros.
Senna teve relacionamentos de longo prazo com a personalidade da TV brasileira Xuxa Meneghel (Pamela Tome) de 1988 a 1992 e a atriz Adriane Galisteu (Julia Foti) de 1993 até sua morte em 1994. Ambas as mulheres têm papéis importantes na série, mas apenas uma delas (Meneghel) aparece no documentário, e é apenas por cerca de dois minutos.
Esta é minha teoria sobre por que o showrunner Amorim incluiu tanto da vida amorosa de Senna e por que Kapadia não. Na maioria das vezes, os fãs de esportes (principalmente homens) não se importam muito com a vida privada dos atletas, e é por isso que Kapadia mal tocou no assunto. Por outro lado, uma série dramática, especialmente uma que tem seis horas de duração, atrairá menos espectadores (principalmente mulheres) se não houver linhas de enredo de “questões do coração” incluídas na mistura. É simples assim.
A única coisa que a série e o documentário acertam é a atenção dedicada à rivalidade profissional de longa data de Senna com o corredor francês Alain Prost (Matt Mella). Foi tão intensa e amarga quanto qualquer coisa que vimos em vários pontos ao longo dos anos no tênis profissional.
A conclusão é: não conserte se não estiver quebrado; menos é mais; a verdade é sempre melhor que a ficção; e nunca use galões de palavras para expressar colheradas de pensamento. O documentário “Senna” de 2010 (4 1/2 estrelas de 5) está disponível em vídeo doméstico e está sendo transmitido na Netflix.
A minissérie é apresentada em português legendado e inglês pouco frequente e começa a ser transmitida em 29 de novembro na Netflix.
“Senna”
Diretores: Vincente Amorim, Julia Rezende
Elenco: Gabriel Leone, Kaya Scodelario, Matt Mella, Pamela Tome
Episódios: 6
Classificação MPAA: TV-MA
Data de lançamento: 29 de novembro de 2024
Classificação: 1 1/2 estrelas de 5
