Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Uma semente menor que uma unha foi levada por um pássaro ou criatura e depositada em uma caverna em Israel há 1.000 anos, mas germinou em uma árvore depois que arqueólogos modernos a descobriram e plantaram. Nela reside um mistério: Um versículo bíblico menciona uma árvore com essa descrição; poderia ser a venerada árvore de bálsamo da Judeia, cuja seiva perfumada já serviu como remédio e era muito apreciada?
Os Três Reis Magos trouxeram ouro, incenso e mirra para o bebê Jesus — assim diz a Bíblia. Sabe-se que as duas últimas resinas, apreciadas por seu aroma, escorrem da casca perfurada de árvores do gênero Commiphora. Embora algumas espécies de Commiphora ainda cresçam, acredita-se que outras estejam extintas há muito tempo, desde os tempos bíblicos. Entretanto, no final da década de 1980, uma escavação arqueológica pode ter desenterrado um segredo bíblico perdido: a semente mencionada acima, bem preservada em uma caverna em um vale desértico.
Arqueólogos da Universidade Hebraica de Jerusalém coletaram essa pequena semente ao escavar um penhasco repleto de cavidades cársticas no Vale do Rift entre o Mar Morto e a Jordânia, no norte do deserto da Judeia. Muitas cavernas aqui já foram celas de monges e refúgios durante as guerras da Judeia com Roma. Nessa caverna em particular, foram encontrados artefatos feitos pelo homem — contas, pedaços de tecido, cordas trançadas — e 35 esqueletos de adultos e crianças. Também foi encontrada uma semente “visualmente intacta”, com apenas 1,8 centímetros de comprimento e pesando 0,565 gramas, que os cientistas acreditam ter sido carregada por um animal.
Depois de várias décadas armazenada na Universidade Hebraica com outros artefatos, a semente foi selecionada para testes entre o material arqueobotânico coletado por Sarah Sallon, diretora do Hadassah Medical Centre. Surgiu uma nova hipótese que fazia alusão à Bíblia.
“Questionamos se ele poderia ser um candidato ao valioso bálsamo da Judeia da antiguidade ou se poderia representar uma espécie extinta (ou pelo menos extirpada) de Commiphora, outrora nativa da região, sugerida pelos primeiros textos bíblicos”, escreveram os autores de um estudo publicado na revista Communications Biology em setembro de 2024.
Graças à datação por radiocarbono feita no invólucro lenhoso da semente, o objeto do tamanho de uma ervilha foi datado entre os anos de 993 e 1.202. Ele pode ter mais de 1.000 anos de idade.
Em 2010, os pesquisadores mergulharam na água, plantaram e germinaram em uma estufa no Center for Sustainable Agriculture, em Israel. Após cinco semanas, surgiu uma muda, que eles chamaram de “Sheba”.
Hoje, o Sheba é uma árvore decídua de 14 anos e 3 metros de altura, com casca verde-clara que se desprende em folhas de papel. Essas características são típicas do gênero Commiphora. Análises químicas e de DNA foram feitas nas folhas e apoiam várias conclusões entre os cientistas. De acordo com os autores, Sheba não produz mirra — a preciosa resina dos Três Reis Magos que deram presentes ao menino Jesus. Mas poderia ser o Bálsamo da Judeia mencionado na Bíblia?
“Nossa hipótese inicial era que o ‘Sheba’ poderia ser um candidato ao histórico ‘Bálsamo da Judeia'”, escreveram os autores. No entanto, os testes descobriram que a resina do Sheba não tem as características aromáticas de um extrato chamado “tsori” encontrado no bálsamo da Judeia. Infelizmente, eles acabaram refutando a ideia de uma correspondência.
No entanto, uma segunda hipótese ganhou força entre os pesquisadores depois que o Sheba exibiu propriedades curativas presentes em taxa antes nativos da região. Eles observaram a presença de triterpenoides, que são compostos biologicamente ativos com propriedades anti-inflamatórias e anticancerígenas. Sua presença é uma evidência de que o Sheba é uma espécie desconhecida de Commiphora com uma “impressão digital única”. Essa perspectiva intrigante abriu as portas para novas e tentadoras possibilidades de identificação.
Mantendo a esperança de encontrar o cobiçado bálsamo da Judeia, a venerada árvore das Escrituras, os autores concluíram: “Se o bálsamo da Judeia sobreviver hoje como uma espécie existente de Commiphora, existe a possibilidade de que os cientistas ainda não o tenham reconhecido”.