Sargento Stubby: Mascote e cachorro herói

Conheça o veterano canino mais condecorado da Primeira Guerra Mundial.

Por Walker Larson
11/10/2024 19:21 Atualizado: 11/10/2024 19:21
Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

O Sargento Stubby talvez não parecesse muito feroz, mas isso não impediu esse cão guerreiro de desempenhar um papel notável nos conflitos que marcaram as trincheiras da Primeira Guerra Mundial. Um cachorro pequeno, de focinho achatado e com uma pelagem da cor de água suja de louça, Stubby parecia-se com os inúmeros cães de rua que vagam por becos das cidades. Mas ele não era como os outros.

Em 1917, os Estados Unidos tinham acabado de entrar na guerra que já queimava na Europa havia três anos. O país estava reunindo e treinando tropas de todas as partes para enviá-las à França. Na época, as forças militares dos EUA não contavam com o poder de fogo, o treinamento e o orçamento que conhecemos hoje; ainda não era o temido e respeitado gigante do século XXI. No momento em que os EUA entraram na guerra, seu exército regular tinha cerca de 127.500 homens. As tropas estavam equipadas com poucas metralhadoras, poucos aviões, poucos caminhões, sem tanques e sem artilharia pesada. Portanto, era necessário treinar um grande número de homens para o combate, e os EUA colocaram sua força industrial à disposição da produção de armamentos para a guerra.

Cão de guerra

Entre as tropas sendo treinadas em 1917 estava o 102º Regimento de Infantaria da 26ª Divisão Yankee. Esses soldados estavam treinando nos terrenos da Universidade de Yale quando um pequeno cachorro de rua apareceu no acampamento. Ele fez amizade com os membros do regimento, especialmente com o soldado J. Robert Conroy. O cão de cauda curta e raça indefinida, possivelmente algum tipo de terrier, tornou-se parte da vida dos soldados e até aprendeu a responder aos toques de clarim, aos treinamentos e a fazer uma saudação modificada, colocando a pata direita sobre a sobrancelha direita. Embora o acampamento tivesse uma política de proibição de animais, “Stubby” — como os soldados o chamaram — elevou tanto o moral da tropa que foi permitido que ele ficasse. O regimento o adotou como seu mascote não oficial.

Mas, então, começaram os verdadeiros testes. Em outubro de 1917, a unidade de Stubby embarcou para a França, e ele os acompanhou, graças ao Soldado Conroy, que contrabandeou o cachorro a bordo do SS Minnesota. Ao chegar na França, Stubby não pôde evitar ser descoberto por muito tempo. No entanto, quando o oficial comandante de Conroy encontrou Stubby, ele foi conquistado pela saudação canina e permitiu que ele ficasse. A Divisão Yankee logo marchou para as linhas de frente, e Stubby recebeu ordens especiais que o autorizavam a acompanhar a unidade como mascote oficial. Nas trincheiras, Stubby suportou corajosamente o estrondo, as explosões e o ruído incessante dos rifles e da artilharia.

O perigo estava em toda parte nas linhas de frente, e Stubby foi ferido ao ser exposto a um ataque de gás logo no início. Ele foi levado para um hospital próximo, onde se recuperou. A partir de então, Stubby desenvolveu uma sensibilidade aguçada ao cheiro de gás e alertava seus companheiros soldados quando um ataque era iminente, latindo e mordendo os homens sonolentos, despertando-os a tempo. Dessa forma, ele salvou muitos de ferimentos graves.

Stubby participou de grandes combates na invasão de Schieprey, em abril de 1918, quando foi novamente ferido. A força expedicionária americana, ainda inexperiente, demonstrou sua habilidade nesse ataque, expulsando os alemães da cidade. No entanto, os alemães em fuga lançaram granadas contra os americanos, e uma delas feriu Stubby na perna dianteira. Ele voltou a ser tratado em um hospital de campanha e, depois de se recuperar, passou a visitar soldados feridos, ajudando a melhorar o moral deles.

Um cachorro leal

Mas o serviço do pequeno soldado estava longe de terminar, e seus feitos mais gloriosos ainda o aguardavam. De volta às linhas de frente, Stubby se destacou localizando homens feridos na paisagem devastada e endurecida da terra de ninguém. Seus ouvidos aguçados detectavam os gemidos e gritos de homens perdidos ou imobilizados, e ele corria até eles. Stubby os conduzia de volta para a segurança ou latia alto até que os médicos chegassem ao local.

O momento de maior heroísmo de Stubby ocorreu perto do fim da guerra. O cão encontrou um soldado perto das trincheiras aliadas vestido com um uniforme americano, aparentemente mais um camarada. Mas Stubby sabia que algo estava errado. Ele sabia que aquele homem não pertencia ali. Embora o soldado chamasse por Stubby, o cão baixou as orelhas e começou a latir para o homem, que então virou e fugiu. Stubby correu atrás dele e o mordeu nas pernas — com força. O homem tropeçou e caiu, permanecendo imobilizado sob os ataques contínuos de Stubby até que vários soldados apareceram. As tropas americanas prenderam o homem, descobrindo que ele era um espião alemão, mapeando as trincheiras aliadas. O trabalho de espionagem de Stubby lhe rendeu uma promoção ao posto de sargento, sendo o primeiro cão a alcançar essa patente.

No total, o Sargento Stubby serviu por 18 meses e participou de 17 batalhas, acumulando inúmeras medalhas e honrarias, incluindo três faixas de serviço, a Medalha de Batalha de Verdun da França, a Grande Medalha de Guerra da República Francesa, a Medalha da Primeira Convenção Anual da Legião Americana e o Coração Púrpura. Ele também recebeu uma medalha da Sociedade Humanitária, entregue pelo comandante da Força Expedicionária Americana, gen. John Pershing.

Após a guerra, Stubby viveu como uma celebridade. Participou de muitos desfiles militares, recebeu a admiração da imprensa, foi membro da Cruz Vermelha e da YMCA, e conheceu três presidentes dos EUA. Seu dono, Conroy, matriculou-se na escola de direito da Universidade de Georgetown, e Stubby tornou-se mascote pela segunda vez: desta vez para as equipes de atletismo da escola.

Os louros da vitória tornaram-se uma confortável “cama de cachorro” para Stubby em seus últimos anos. A YMCA providenciou um lugar para ele dormir e três ossos por dia pelo resto de sua vida. O que mais um cachorro poderia desejar? Stubby faleceu em 16 de março de 1926, com cerca de 10 anos de idade. Seus restos foram preservados e estão expostos no Smithsonian National Museum of American History.

Sgt. Stubby preserved at the National Museum of American History. (<a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/User:Laura_A._Macaluso,_Ph.D." target="_blank" rel="nofollow noopener">Laura A. Macaluso, Ph.D.</a>/<a href="https://en.wikipedia.org/wiki/Sergeant_Stubby#/media/File:Sgt._Stubby_on_display_at_the_NMAH_(cropped).jpg" target="_blank" rel="nofollow noopener">CC BY-SA 4.0</a>)
Sargento Stubby preservado no Museu Nacional de História Americana. (Laura A. Macaluso, Ph.D./CC BY-SA 4.0)