Pele de tilápia ajuda na cicatrização de filhote de anta ferida no pantanal

Técnica, desenvolvida para tratar humanos, é aplicada com sucesso em Melancia, filhote de anta resgatada com graves ferimentos causados pelos incêndios na região.

Por Redação Epoch Times Brasil
10/09/2024 21:47 Atualizado: 10/09/2024 21:47

Uma filhote de anta, chamada Melancia, está em processo de recuperação após ser encontrada com queimaduras graves causadas pelos incêndios no Pantanal. Com apenas seis meses de idade, o animal foi resgatado pela equipe do Onçafari e está recebendo um tratamento inovador com o uso de pele de tilápia, uma técnica que tem se mostrado eficaz tanto em humanos quanto em animais.

A filhote foi encontrada no Pantanal Sul debilitada devido a ferimentos dos incêndios que têm devastado a fauna local. Após o resgate, Melancia foi levada ao refúgio Caiman, um centro de reabilitação localizado em Miranda, Mato Grosso do Sul, onde começou a receber tratamento intensivo.

“Essa filhote de anta, de aproximadamente 6 meses de idade, foi resgatada por nossa equipe. Estava sozinha, muito debilitada e desidratada”, diz a postagem apresentando a filhote.

O uso da pele de tilápia, aplicado em humanos desde 2017, passou a ser utilizado em animais com queimaduras. Rica em colágeno tipo 1, a pele forma um curativo biológico que mantém a umidade, previne infecções e acelera a regeneração dos tecidos.

No caso de Melancia, a pele de tilápia foi aplicada diretamente nas queimaduras das patas, coberta com gaze e ataduras para garantir fixação e evitar contaminação. Esse método reduz a necessidade de trocas frequentes de curativos, minimizando o estresse. Além disso, ela recebe laserterapia e pomadas para auxiliar na recuperação.

De acordo com o veterinário Ricardo Corassa Arrais, o tratamento de Melancia está evoluindo bem, com cicatrização satisfatória e sem sinais de infecção. No entanto, o processo será longo. Após a cicatrização, ela passará por reabilitação para ser reintroduzida à natureza, com treinamento para readaptação ao ambiente selvagem.

“Usamos tilápias frescas e saudáveis, pescadas no dia. Removemos apenas a pele, que então passa por um processo de limpeza e fica refrigerada até o momento da aplicação” afirmou o veterinário ao portal de notícias Conexão Planeta.

A anta é considerada vulnerável pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), e sua recuperação é vital para a biodiversidade do Pantanal. A técnica de pele de tilápia, inicialmente usada em humanos, tornou-se uma ferramenta importante para tratar animais afetados por desastres ambientais, como os incêndios no Pantanal.

A equipe do Onçafari continua monitorando de perto a recuperação da filhote, esperando que, em breve, ela possa retornar ao seu habitat natural, completamente recuperada e preparada para sobreviver no Pantanal​.