O Templo do Céu, ou Tian Tan em chinês, não é um templo no sentido comum da palavra, mas um conjunto de edificações. Foi quase todo construído durante a Dinastia Ming (1368-1644). Sua construção iniciou-se no ano de 1420. Em 1998 foi considerado como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
O Templo do Céu era o local onde o imperador chinês fazia oferendas e rogava aos céus e a seus antepassados, geralmente no solstício de inverno, para pedir boa colheita. Como filho do Céu, o Imperador podia interceder junto aos deuses do Céu em favor de seu povo.
O Templo do Céu ocupa uma área de cerca de 3 milhões de metros quadrados. São 1.700 metros no eixo Leste-Oeste e 1.600 metros no eixo Norte-Sul. A maior parte é coberta de vegetação.
É cerca de quatro vezes maior que a Cidade Proibida, a qual costumava ser a residência do imperador. Diz-se que nenhum imperador, como filho do Céu, ousou a construir sua própria moradia maior do que um lugar dedicado a Céu, ao divino, no caso, o Templo do Sol. Tanto durante a Dinastia Ming como durante a Dinastia Qing (1644-1912), o Templo do Sol foi usado como um lugar sagrado para se pedir ao Céu para que houvesse boa colheita (na Primavera) e para agradecer ao Céu (no Outono).
Para os antepassados dos chineses, o Céu era a autoridade suprema do Cosmos. Ele podia trazer felicidade aos humanos ou impor o flagelo à humanidade por intermédio de guerras, calamidades climáticas ou epidêmicas. Era a vontade do Céu. Por isso, desde tempos antigos, as cerimônias religiosas voltadas a oferendas e orações se popularizaram na China. O imperador, porque era considerado filho do Céu, ou seja, um enviado do Céu para governar na Terra, tinha o poder de pedir e interceder ao Céu por seu povo.
1 = Sala de oração para boas colheitas
2 = Grupo das Sete Estrelas de Pedra
3 = Local para a guarda de instrumentos musicais
4 = Palácio do jejum
5 = Muro do Eco
6 = Abóbada Imperial Celestial
7 = Oferendas divinas
8 = Altar Circular
O Altar Circular ou Altar do Céu é uma construção a céu-aberto. Como as cerimônias realizadas nesse local eram para rogar ao Céu, ele é ao ar-livre. Interliga-se com o edifício da Sala da Oração para Boas Colheitas por meio de um caminho de pedra e ladrilhos de mais de 350 metros de comprimento. Construído em 1530, o Altar Circular é composto de três terraços concêntricos rodeados de varandins de mármore branco.
O ponto central do terraço era o lugar onde o imperador costumava ficar quando orava por bom tempo e boa colheita. Esse local é chamado de “coração do Céu”. A acústica do altar é perfeita: qualquer murmúrio pode ser ouvido. É um ambiente solene e tranquilo. Quando se realizavam as cerimônias religiosas, o imperador subia ao terraço em meio a músicas sagradas e por entre nuvens de incenso e lanternas vermelhas. Um ambiente místico e de respeito reinava no local.
Abóbada Imperial Celestial é um prédio de teto cônico azul e era onde o imperador homenageava seus antepassados. Ali estão colocadas placas com os nomes de todos os imperadores. Trata-se de um pavilhão de 19 metros de altura por 16 metros de diâmetro.
Delimitando o local, há um muro circular de 60 metros de diâmetro, conhecido como a “Parede do Eco”. De qualquer ponto do muro, o som de uma pessoa será claramente ouvido em qualquer outro ponto do muro, pois o som se propaga perfeitamente ao longo da superfície da parede. Duas pessoas, falando em voz bem baixa, podem conversar perfeitamente estando em lados diametralmente opostos do muro.
Pode-se ver ao longo do complexo uma rua larga, com três faixas para se caminhar, que atravessa o complexo de lado a lado e, em alguns locais importantes, um portal com três portões ou passagens, cada um correspondente a uma das três faixas. A faixa do meio era destinada exclusivamente às divindades, a da direita era destinada ao Imperador e a da esquerda aos seus ministros e a sua comitiva.
A Sala da Oração para Boas Colheitas é um local que se destaca e é um dos mais representativos do complexo. É o mais visitado. É uma construção circular de 30 metros de diâmetro e 38 metros de altura. Ergue-se suportado sobre 28 pilares de madeira. Foi destruído num incêndio em 1899 e reconstruído no ano seguinte.
Cada um dos três lances de escada que leva à Sala da Oração para Boas Colheitas tem nove degraus. Os chineses consideram o número 9 como número de boa sorte. A acústica especial da Sala faz que, se alguém falar no centro da Sala, o som aumente e seja perfeitamente audível em todos os locais da sala.
Em todo o complexo as medidas e detalhes construtivos respeitam certas proporções e disposições consideradas harmoniosas ou sagradas pelos chineses de antigamente. Uma verdadeira aula de numerologia e engenharia. Por exemplo, os 28 pilares que sustentam a Sala da Oração para Boas Colheitas representam os dias de 12 horas dos chineses, durante os 12 meses do ano e nas 4 estações do ano, totalizando 28.
O telhado circular simboliza o céu. O prédio foi construído totalmente sem pregos, apenas com encaixes de madeira. À época, o Templo do Céu era inacessível às pessoas comuns, assim como era também a Cidade Proibida.
O Templo do Céu tem muitas outras construções secundárias importantes e belas como: a residência do imperador, onde ele se hospedava antes de realizar as cerimônias, altares para oferendas, dependências para os músicos e as dançarinas.
O Templo do Sol é, sem dúvida, um dos lugares do mundo que merece ser visitado.