Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Para Pitágoras, 100 era um número “divinamente divino”. Na “The School of Athens” (A Escola de Atenas), de Raffaello Sanzio da Urbino, Pitágoras é retratado como o segundo a partir do canto inferior esquerdo, escrevendo um roteiro detalhado em um livro encadernado com uma pena. Domínio público
Albert Einstein observou certa vez: “Eu penso e penso por meses e anos. Noventa e nove vezes, a conclusão é falsa. Na centésima vez, estou certo”.
O que o número 100 tem de tão importante para as pessoas? Einstein foi um grande cientista, e não alguém que se possa acusar casualmente de superstição ou mesmo de pensamento desleixado. Mesmo assim, ele escolheu o número 100. Por que não 98 ou 47? E não são apenas os cientistas, não é mesmo?
Se Einstein foi um dos maiores cientistas de todos os tempos, Dante também foi um dos maiores poetas que já existiu. Em sua obra “A Divina Comédia”, descobrimos que a obra-prima tem exatamente 100 cantos e termina no 100º passo. Isso é bastante surpreendente quando se considera que o poema está dividido em três partes, e cada parte tem 33 cantos; é claro que 3 vezes 33 resulta em apenas 99 cantos. Mas Dante inseriu um canto introdutório—um prefácio pessoal ao primeiro volume, “O Inferno”. Ele explica como ele chegou a esse ponto de estar prestes a entrar no Inferno propriamente dito—fazendo um total de 34 cantos, o que dá um total de 100.
Não é apenas no Ocidente que o número parece carregado e significativo. Na cultura chinesa, o número 100 é auspicioso e simboliza completude, prosperidade e longevidade. A frase “cem anos de união harmoniosa” é frequentemente usada para abençoar casais no dia do casamento. Outra expressão refere-se às “cem escolas de pensamento em disputa” e significa uma diversidade de discursos e debates intelectuais. E na Grécia antiga, o centenário (um período de 100 anos) era uma unidade de tempo significativa, geralmente marcada por celebrações ou comemorações. Os romanos usaram o conceito de século dos gregos em sua organização militar e política. O centurião, por exemplo, era o capitão de cem homens.
Se pararmos por um momento para considerar o número 100 em nossa própria cultura, o encontraremos em toda parte. Nas finanças, o centavo é a centésima parte de um dólar. No tempo, o século é sempre considerado um período que define uma época—o século XIX não é o mesmo que o século XX. Em matemática, 100% é uma ideia que define a expressão de plenitude, bem como o fato de que nosso sistema de numeração é basicamente decimal. Na temperatura, medimos em graus Celsius e o ponto de congelamento e ebulição da água—a substância da qual a vida depende—varia de 0 a 100 graus. Na física, temos a medida de um centímetro. Até mesmo na biologia, temos a centopeia de muitos pés.
O centenário é a pessoa que vive até os 100 anos, sempre considerada uma grande conquista e, no Reino Unido, todo centenário recebe uma carta pessoal de felicitação do monarca. De forma mais frívola, a parada musical Billboard 100 é o melhor lugar para músicos e cantores! Poderíamos continuar, listando mais exemplos desse fenômeno, mas não é necessário. Um momento de reflexão nos diz que 100 é um número crucial. Mas por quê?
Por que 100 é mágico
A razão mais provável para que a contagem de números na base 10 tenha se tornado dominante é o fato de termos 10 dedos e, nessa base primária e intuitiva, contamos as coisas com os dedos. É claro que 100 é 10 vezes 10. Para os pitagóricos, os seguidores de Pitágoras (por volta de 570 a.C.-495 a.C.), 100 era o número “divinamente divino”: Além de ser o quadrado de 10, ele também é a soma dos cubos dos quatro primeiros números:
13 + 23 + 33 + 43= 100
Além disso, 100 também é a soma dos 10 primeiros números ímpares e a soma dos nove primeiros números primos:
1+3+5+7+9+11+13+15+17+19 = 100
2+3+5+7+11+13+17+19+23 = 100
E daí? As grandes mentes da Grécia antiga consideravam isso uma evidência da estrutura cósmica, de que os números eram inteligíveis e da própria racionalidade. As coisas faziam sentido, podiam ser contadas e, além disso, alguns números tinham propriedades especiais e reveladoras.
Em primeiro lugar, o próprio 10—à medida que passamos dos dígitos únicos de 1 a 9—indicava completude pela adição de um zero ao dígito.
Passando da matemática para a religião, perguntamos: qual é provavelmente o exemplo mais importante do número 10 no mundo ocidental? Sem dúvida, a lei mosaica dos 10 mandamentos. É bem possível que existam mais de 600 mandamentos na Torá de Deus para os israelitas, mas é sobre os 10 mandamentos que se baseiam toda a sua moralidade e ética.
Ao passarmos do dígito único 9 para o dígito duplo 10, chegamos à conclusão—duas mãos completas, sem faltar nenhum dedo. Então, se elevarmos o número 10 ao quadrado, passamos para o primeiro número de três dígitos, 100. Três é um número divino em si: a “trindade” de deuses que encontramos universalmente, mas especialmente no cristianismo. Mas aqui, talvez, em um nível mítico, encontramos o poder do número 100.
Em termos numerológicos, psicológicos e teológicos, o número 1 representa a solidão, a autodeterminação e a independência. Mas se adicionarmos 0 ao 1 para formar 10, o que o 0 representa? É um círculo-infinito—representa a totalidade, a autossuficiência e o potencial infinito. Portanto, os números 1 e 0 combinados são como juntar o yang (forte independência) com yin (potencial infinito), um casamento de opostos que produz plenitude e conclusão. Ao elevar o número ao quadrado, a infinidade do zero é duplicada, mas ainda liderada pelo número 1. Temos, então, a plenitude completa, 100% de plenitude, o copo cheio até a plenitude, tudo o que queremos e desejamos!
Assim como Jesus deixou as 99 ovelhas para encontrar a centésima que faltava, Einstein estava certo ao tentar 99 vezes e perceber que foi na centésima tentativa que ele chegou à conclusão correta, e Dante estava certo ao acrescentar aquele canto extra às 99 para completar “A Divina Comédia”. E espero estar certo, neste meu 100º artigo para o Epoch Times!