Mulher Maravilha revive espírito guerreiro e virtuoso de um herói
O filme Mulher Maravilha não me desapontou. Atingiu um recorde de bilheteria no final de semana de seu lançamento com uma receita global de $738 milhões de reais ($223 milhões dólares). Também teve a maior receita para um filme dirigido por uma mulher, Patty Jenkins, cineasta e roteirista dos Estados Unidos, conhecida por dirigir o filme Monster.
Eu concordo com toda a agitação: ele é tudo o que você espera em um filme de ação e super-heróis. E muito mais.
O enredo se baseia na antiga mitologia grega, em resumo: quando os homens foram criados pela primeira vez por deuses eles eram bons, justos e viviam felizes. Ares, um dos filhos de Zeus, tornou-se ciumento e procurou corromper a humanidade. Os deuses criaram as Amazonas para evitar que os homens e a humanidade se corrompessem pelo poder maligno de Ares. Derrotado em uma batalha mortal com outros deuses, Ares aguardou sua chance para voltar e destruir a humanidade. Logo as Amazonas assumiram a missão de impedir que isso acontecesse.
No desenrolar do tema clássico, uma história completamente nova se revela. O público se depara com a jovem princesa Diana e presencia sua infância em uma ilha paradisíaca maravilhosamente bonita, onde ela cresce graciosamente como uma Amazona, tornando-se uma jovem madura, encantadora, feminina, forte e sem medo – dotada de superpoderes e pronta para salvar o mundo… revela-se uma grandiosa deusa, a Mulher Maravilha.
Sua vida muda quando ela testemunha a queda de um avião no mar próximo de sua ilha. A partir deste momento, ela finalmente se depara com sua missão.
Você provavelmente já deve ter ouvido falar da trama. O piloto do avião que ela salvo, a acompanha de volta ao mundo humano no cenário da Primeira Guerra Mundial. Onde Ares regressa e utiliza a guerra como um instrumento para destruir a humanidade.
Por ser o primeiro super-herói feminino protagonista em muitos anos, a Mulher Maravilha supera as expectativas. Ela é sábia, mas inocente, tem um coração grande e compassivo com muita fé e tremenda coragem, ela acredita em sua missão sem dúvida ou hesitação.
A Deusa se torna uma arma poderosa para o desfecho da guerra. Quando Ares tenta convencê-la de desistir dizendo que a humanidade não a merece, com determinação ela declara: “São sim tudo o que você disse, mas são muito mais. Não se trata de ser merecedor. É sobre crença, e eu acredito no amor!”.
Assim, além de uma boa história, o filme Mulher Maravilha tem um enredo claro e completamente positivo, do começo ao fim.
A história é mais do que inovadora. Numa época em que muitos diretores e artistas não têm certeza do que criar, muitos apoiando temas negativos, a mensagem positiva do filme Mulher Maravilha é mais do que necessária. A humanidade está sedenta por isso.
Um estilo perfeito
Como diretor, Jenkins felizmente adotou um estilo bastante tradicional e realista para retratar a mensagem positiva do filme.
Richard Brody do New Yorker, escreveu em sua crítica: “É um filme de super-heróis com quase nenhum excesso”.
É exatamente assim. Ao longo do filme, o ritmo e a estrutura foram controlados de tal forma que as cenas não são muito longas, nem são muito curtas, muito pesadas ou muito chatas. Batalhas extensas são interpostas entre cenas tranquilas e relaxantes, bem como momentos românticos, todos entrelaçados de forma que a história se desenvolva de maneira harmoniosa.
Não há nenhum ponto de vista artístico por parte do diretor, nem momentos abstratos que levem à confusão da audiência – a mensagem é clara e as informações indicam claramente isso.
Salvando o mundo
Quando a Mulher Maravilha deixa a ilha paradisíaca e chega ao turbulento mundo humano, ela começa por salvar mulheres e crianças que há muito sofreram com a guerra. Ela avança para o fronte de batalha e enfrenta heroicamente o exército alemão, sempre sob uma chuva de balas. A magnífica trilha sonora do filme, engrandece as cenas épicas da Mulher Maravilha, como nas batalhas. Ela armada com sua missão sagrada, determinação, coragem e coração puro segue para salvar as pessoas… todo esse cenário que se apresentou me comoveu profundamente e me levando às lágrimas.
O personagem de Steve Trevor (Chris Pine) é, de certa forma, ainda mais notável. O soldado e espião dos Estados Unidos – designado para trabalhar com a inteligência britânica como espião – apresentou o mundo à Mulher Maravilha e a levou a lutar “a guerra para acabar com todas as guerras”. Ele estava, de certo modo, apoiando Diana e era apenas um homem comum, embora se descrevesse como “acima da média”.
No entanto, devido ao seu senso de honra e responsabilidade e por ser um soldado que busca a paz, Steve luta lado a lado da Mulher Maravilha com muita coragem e determinação, assim como ela faz. No final, ele realiza um grande sacrifício para salvar muitas e muitas vidas, dando sua vida.
O triunfo do bem sobre o mal e a salvação da destruição tem sido temas eternos em obras de arte ao longo da história. No nosso mundo tão problemático de hoje, não é surpreendente que um filme como o da Mulher Maravilha seja tão popular.
A maioria de nós quer que o mundo seja um lugar melhor – menos violento, mais pacífico, menos assustador. E ao longo da história, buscamos por salvadores que possam ajudar a humanidade a escapar das confusão que nós ajudamos a criar.
Para mim, o tema mais inspirador da Mulher Maravilha é que, mesmo que não possamos estar em posição de poder, todos nós escolhemos fazer parte do triunfo ou da queda da humanidade, por menor que seja a nossa influência, podemos escolher fazer o bem ou o mal!
A escolha de Diana e Steve é que nos inspira a acreditar no bem inerente a alma de todos os seres humanos. Todos nós podemos olhar para esse filme como um espelho e perceber que as qualidades mais importantes dos heróis não são suas habilidades ou poderes sobrenaturais, mas extraordinárias qualidades comuns como: senso de responsabilidade e justiça, coragem e vontade de se sacrificar pelo bem; a determinação de seguir em frente perante adversidades, e a recusa em rebaixar seus padrões morais e éticos.
Jennifer Zeng é uma autora, blogueira e repórter com sede em Nova York.
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