Por Michael Wing
Crescendo em meio à pobreza e em uma família conturbada na Guatemala, Dalia não estava pronta para um relacionamento quando conheceu o pai de seus filhos. Após imigrar para a Califórnia, ela viu pela primeira vez Ernesto Iniguez, que morava ao lado de seu apartamento, enquanto estava no colégio. Dalia o achou “muito bonito” e eles se apaixonaram.
Ela tinha apenas 14 anos e ele 16.
Sem muito dinheiro ou orientação, o casal de adolescentes enfrentou muitos contratempos no relacionamento e ela engravidou. Cercada de pessoas que não acreditavam que o aborto fosse algo tão sério, Dalia chegou a realizar dois; o segundo foi muito traumático.
Agora ela quer contar sua história ao mundo para que outras pessoas não tenham que suportar a mesma dor.
Dalia tinha apenas 15 anos e ainda estava no ensino médio quando engravidou. Após casar-se com Ernesto, aos 19 anos, já tinham três filhos. Seu marido, criado como um “macho mexicano”, era o único que trabalhava na época. “Foi uma época muito difícil, não apenas financeiramente, mas também no relacionamento, porque éramos muito jovens e viemos de lares degenerados com muitos problemas”, afirmou Dalia ao Epoch Times.
O casal discutia e Ernesto buscava refúgio nas drogas. “Tivemos muitos problemas, muitas dificuldades (…) essa foi a minha desculpa para continuar usando drogas, porque quando eu estava drogado eu não ligava”, relatou o pai ao Live Action.
Quando Dália engravidou pela quarta vez, aos 27 anos, surgiram dúvidas e assim, a ideia de realizar um aborto. “Imediatamente eu afirmei: ‘Não quero ter outro filho’”, lembra ela. “Por ser tão pobre, nunca quis que meus filhos estivessem nessa situação”.
Ela se lembra de seu marido falando algo como: “Oh, faça o que quiser”.
“E acredito que não tinha ninguém ao meu redor para me orientar”, acrescentou. “Todos a quem contei, meus familiares, todos me afirmaram: ‘Bem, se é isso que você quer fazer, então faça’”.
A primeira intervenção de Dalia foi um aborto cirúrgico. Isso não a impressionou muito porque foi anestesiada na clínica de Planejamento Familiar que frequentou na Califórnia.
Quando ela acordou, estava feito.
A vida continuou.
No entanto, os problemas do casal continuaram; eles ainda eram pobres e criavam três filhos; Ernesto continuou a usar drogas para anestesiar a dor. Dalia não parava de lamentar-se.
Quando ela engravidou novamente, a princípio ela interpretou isso como um sinal do perdão de Deus. Mas quando o casal começou uma briga forte, seu tom mudou. “Ele ficou bravo e declarou: ‘Oh, você fez um aborto antes. Por que não fazer de novo?”, lembra ela. “Essas palavras me deixaram muito zangada. E eu lembro que chorei a noite toda”.
Zangada e insegura, Dalia decidiu ligar para a clínica de Paternidade Planejada. Então, eles começaram a lhe receitar pílulas abortivas e não realizariam o mesmo procedimento que anteriormente; Dalia experimentaria o aborto de uma forma que a assombraria pelo resto de sua vida.
Ela tomou os comprimidos em casa.
“E em 12 horas (…) comecei a ter cãibras muito fortes, como se estivesse em trabalho de parto”, relatou ela ao Epoch Times. “Comecei a ter uma febre muito alta. E fui ao banheiro”. Dalia ficou horrorizada ao ver seu bebê sem vida no banheiro de sua casa. “Eu podia ver as perninhas, os braços. E eu não sabia o que fazer. Então eu puxei a descarga”, declarou.
Dalia afirma que nunca vai esquecer o que viu. Por 17 anos, ela não conseguiu falar sobre isso. “Eu afirmei a Deus que não faria isso de novo”, relatou, e ainda vive com a imagem de seu bebê em sua mente todos os dias.
“Eu me senti muito culpado”, declarou Ernesto. “Eu me perguntei ‘por que deixei isso acontecer de novo? Não sou um homem de verdade para sustentar minha família’”.
Anos se passaram e Dalia teve uma revelação.
Ela engravidou novamente.
Desta vez, embora o marido estivesse “pior do que antes” e a gravidez fosse muito difícil, a mãe lutou pela vida do bebê. Cada vez que ia ao médico, tinha um problema. “O bebê nasceu com 35 semanas”, relatou Dalia, “então foi cerca de cinco semanas mais cedo. Mas ela estava saudável. E acho que foi o momento em que, após tudo o que aconteceu, (…) [começamos] a mudar a nossa vida”.
Porém, para sua surpresa, após alguns anos do nascimento do bebê, Ernesto parou de usar drogas para sempre, da noite para o dia. “Foi um milagre”, afirmou a mãe. Eu dizia: “Oh, isso nunca vai mudar. Ele vai morrer assim”. Seu marido relatou a ela que a Virgem Maria apareceu a ele em um sonho, disse-lhe para parar com isso e o curou. “Eu vi com olhos humanos”, afirmou ele.
Relembrando sua trajetória dolorosa, Dalia afirma que as coisas poderiam ter sido diferentes.
“Acredito que se eu tivesse pessoas ao meu redor para ajudar-me a encontrar a ajuda de que precisava, as coisas teriam sido diferentes, mas ninguém me deu a orientação adequada [para escolher a vida do meu filho]”, declarou ela ao Live Action. Ela considera que junto com Ernesto poderiam ter consertado as coisas para a vida de seus filhos perdidos, como fizeram com sua caçula, apesar de suas dificuldades.
O casal, que ainda está se recuperando, criou uma organização que defende a vida. Dalia afirma que a ajuda está disponível para os necessitados e compartilha sua dolorosa experiência de realizar um aborto.
Por sua vez, Ernesto compartilha uma mensagem para os homens que pensam em um aborto: “Eu diria a esse homem para que não faça isso. Eu explicaria o que está acontecendo. Achamos que [um bebê] seria ruim para a nossa vida, um obstáculo. Mas um filho é uma bênção de Deus. Temos que encontrar uma solução [para as difíceis circunstâncias da vida], mas o aborto não é a solução”.
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