Aos 17 anos, uma depressão profunda tomou conta da minha existência. Como uma carcaça vazia, eu perdi qualquer centelha de vida. Sentia-me condenada, como se o futuro fosse escuro e não houvesse saída, e pensamentos como esse me aterrorizavam. Eu sempre me culpava, me sentia atormentada por ser inútil. A idade de 17 anos deveria ser uma época bonita e animada para qualquer jovem, mas eu estava presa em um deserto desolado de miséria e desespero, apenas esperando a morte chegar.
Uma infância tumultuada
Olhando para trás, minha instabilidade emocional começou na infância. Quando eu era criança, fui enviada para morar com meus avós porque meus pais tinham que trabalhar em uma província distante. Eles voltaram para me visitar apenas uma ou duas vezes por ano. Embora meus avós gostassem e cuidassem de mim, eu não conseguia superar a dor da falta dos meus pais. Minha avó me disse que, quando pequena, eu chorava o tempo todo porque sentia muito a falta dos meus pais.
Quando eu fiquei um pouco mais velha, eu fui morar com meus pais, mas aquele não era o lar feliz e aconchegante que eu imaginava e desejava. Eu muitas vezes testemunhei suas dificuldades, brigas e ressentimentos entre os dois. Eu ficava assombrada pelos conflitos entre eles, mas também obcecada com isso. Assim que eles começavam a brigar, eu tinha uma sensação doentia no meu estômago. Ficava extremamente ansiosa e não conseguia parar de pensar nisso.
Quando eu tinha 12 anos, meus pais finalmente se divorciaram e eu fiquei totalmente arrasada. Aos 15 anos, comecei a ter problemas de insônia e problemas mentais. Fui levada a um hospital psiquiátrico, onde fui diagnosticada com histeria e paranoia. Eu fui medicada, mas isso não ajudou.
Aos 17 anos, a depressão realmente começou a aparecer. Eu ficava em um canto sozinha e evitava o contato com as pessoas. Constantemente, os episódios depressivos começaram a ocorrer com mais frequência e a durarem mais, cada um por cerca de 12 dias. Quando chegavam, deitava-me na cama com os olhos vidrados, sentindo-me indiferente e entorpecida. Eu não queria fazer nada e nem conseguiria, caso quisesse. Eu fui engolida na escuridão sem saída. Eu me culpei e realmente queria acabar com a minha vida.
Encontrar o amor trouxe um raio de luz, mas não por muito tempo
Eu conheci meu marido em uma reviravolta do destino. Um dia, perdi minha carteira de identidade e foi ele quem a encontrou. Ele passou por grandes dificuldades para devolvê-la para mim. Desde a primeira vez que o conheci, senti que ele era uma pessoa decente e estável. Ele tinha um bom emprego e parecia muito gentil e atencioso.
Começamos a namorar e logo ele me pediu em casamento. Mesmo que eu fosse considerada bonita entre as garotas da aldeia, fiquei surpresa que um homem tão bom quisesse se casar comigo. Devido à minha grave depressão, estava acostumada à rejeição – por empresas nas quais me candidatara a trabalho, por outros homens e até por minha família.
Mas meu marido era diferente. Ele sabia que a depressão significava que eu não conseguia viver uma vida normal, mas ele ainda quis se casar comigo. Seu apoio me encorajou tanto que me motivou a lutar contra a depressão.
Eu pensei que ele era um presente enviado por Deus, uma espécie de compensação pela minha vida miserável. Quanto mais eu o amava, mais eu queria ser saudável para poder ser uma boa esposa e mãe. No entanto, isso parecia uma fantasia quando a depressão vinha. Quando ela me batia, perdia minha consciência e perspectiva. Eu me tornava fechada e sem emoção. Mesmo quando minha filha chorava, eu me sentia distante e indiferente.
Se não fosse pelo encorajamento e cuidado do meu marido em momentos como esse, eu não estaria mais viva. No entanto, embora grata por ele, eu sabia que meu marido não poderia me curar. A solução real ainda estava para ser revelada.
Ponto de mudança
Um dia, durante um dos meus episódios depressivos, minha tia veio me visitar. Enquanto conversávamos, ela me contou sobre uma prática de meditação chinesa chamada Falun Dafa, ou Falun Gong, que ela disse que seria benéfica para minha saúde mental e física. Ela me disse que se eu pudesse praticar os exercícios de qigong do Falun Dafa e melhorar meu comportamento pessoal em conformidade com seus princípios de verdade, compaixão e tolerância, minha depressão desapareceria. Ela disse que o Falun Dafa era uma prática de cultivo de alto nível da escola Buda – uma prática tradicional chinesa transmitida desde os tempos antigos que abre um caminho para o verdadeiro eu.
Quando eu ouvi tudo isso, eu ri porque não acreditei. Eu pensei que se a medicina moderna não conseguia me tratar, como isso poderia? Eu conheci práticas budistas que envolviam pessoas que preparavam oferendas para alguns rituais que custavam muito dinheiro, mas eram inúteis. Na minha opinião, eram uma espécie de atividade supersticiosa. Além disso, eu não tinha uma boa impressão da minha tia porque outros parentes disseram que ela era rabugenta e difícil.
Mas, enquanto as semanas passavam, enquanto ela ficava em nossa casa, descobri que o oposto era verdadeiro – ela era atenciosa e prestativa e a maneira como se comportava era calma, gentil e consciente. Ela era completamente diferente do que as pessoas diziam e eu senti que poderia me abrir para ela. Curiosa, perguntei por que as pessoas falavam mal dela.
Ela me disse que costumava ser mal-humorada e crítica porque trabalhava como corretora de empréstimos a juros altos. Mas depois que ela começou a praticar o Falun Dafa, ela largou o emprego. Ela sentiu que não estava em conformidade com os princípios do Falun Dafa porque isso prejudicava muitas pessoas ao forçá-las à falência. Através da prática do Falun Dafa, ela disse que aprendeu a ser compassiva diante das disputas e da competitividade, ao invés de ser agressiva com os outros.
Suas mudanças comportamentais surpreenderam não só sua família mas também a si mesma. Enquanto praticava os exercícios e a meditação do Falun Dafa e se aperfeiçoava seguindo os ensinamentos, todas as suas doenças, como a sinusite, a espondilose cervical e a espinha bífida também desapareceram gradualmente. Foi por isso que ela recomendou a prática para mim – ela experimentara os benefícios para si mesma. Eu fiquei realmente comovida com a história dela.
Da miséria à felicidade
Intrigada com a experiência da minha tia, decidi ler o livro “Zhuan Falun”, onde estão os principais ensinamentos do Falun Dafa. No começo, eu estava um pouco relutante porque não acreditava que minha doença mental pudesse ser curada, mas continuei tentando porque não queria decepcioná-la. Eu também não tinha nada a perder.
Hang lendo “Zhuan Falun”
No começo, eu não entendia muito, mas quanto mais eu lia, mais eu ficava fascinada com os princípios do cultivo. Esse livro também parecia explicar tudo sobre a vida e o universo. Dia após dia, ao ler, comecei a experimentar sentimentos de conforto, tranquilidade e felicidade – incomuns para mim, para dizer o mínimo!
Então, uma noite, algo ainda mais notável aconteceu. Eu não conseguia dormir, então comecei a ler “Zhuan Falun”. De repente, meu cérebro tinha a sensação de estar “acordado” e eu tinha um forte desejo de fazer o trabalho doméstico. Isso era insondável, já que durante anos minha depressão me tornou incapaz de fazer trabalho físico. Mas naquela noite me levantei e comecei a fazer tarefas. Eu chorei de felicidade.
Parecia que a depressão começava a se dissipar. Aos poucos, tornei-me uma pessoa diferente quando fui libertada da minha prisão física, mental e espiritual. Ser capaz de viver uma vida saudável normal me trouxe muita alegria. Pude começar a ter autoestima e acreditei que poderia viver bem e ser feliz. Em vez de pensamentos suicidas, imaginei um futuro repleto de pensamentos retos, amor e felicidade – algo que antes julgara impossível.
Ao continuar praticando, percebi que me assimilar com os princípios da verdade, compaixão e tolerância como explicado em “Zhuan Falun” foi a chave para me tornar uma boa pessoa, para ser verdadeiramente saudável por dentro e por fora e para alcançar níveis mais elevados de iluminação espiritual.
Hang pratica “Postura Parada Falun”, o segundo exercício do Falun Gong.
Aprendendo em meio a contratempos
Houve momentos, no entanto, em que comportamentos negativos como raiva, ciúme ou cobiça borbulhavam na superfície, e isso provocava novamente a depressão, embora fosse muito mais fraca. Quando eu olhava para dentro conforme exigido pelos ensinamentos do Falun Dafa e reconhecesse meu erro e me esforçasse para melhorar, a depressão se dissipava em poucos dias. Este é o processo de cultivo na vida cotidiana – consertar e melhorar meu caráter e comportamento pessoal quando me deparar com conflitos ou dificuldades.
Certa vez, depois de brigar com meu marido e gritar com meus filhos, senti vergonha quando me lembrei dos princípios do Falun Dafa – que a raiva é do lado sombrio da natureza humana e age como uma barreira para encobrir meu verdadeiro eu, que é gentil, compassivo e tolerante. Mas a princípio, não consegui identificar e eliminar a raiz, nem mostrar tolerância e compaixão para meu marido e meus filhos. Eu era muito egoísta.
Depois daquela briga, a depressão voltou e me torturou por dias. Eu senti como se estivesse entorpecida. Mas assim que decidi eliminar minha raiva e as emoções negativas relacionadas, senti-me tranquila e em paz. Essa foi uma experiência profunda e uma chance para eu desistir de maus hábitos de longa data.
Eu era muito grata ao Falun Dafa, que me ajudou a ganhar não apenas boa saúde, mas também a capacidade de reconhecer e abraçar meu positivo e verdadeiro eu, ao invés de ficar presa no egoísmo e na raiva.
Uma família feliz
O Falun Dafa também beneficiou meus três filhos. Eles são todos saudáveis, bem-humorados e obedientes. Eles ouvem os ensinamentos e praticam os exercícios todos os dias comigo. Nossa vida familiar é calorosa e harmoniosa.
As pessoas raramente acreditam que eu seja mãe de três filhos. Eles dizem que eu pareço muito jovem. Não sinto orgulho quando ouço isso, mas sinto-me feliz e extremamente feliz por minha boa sorte e por ter uma segunda chance na vida. Quando penso no meu velho eu depressivo e suicida, ele parece um sonho distante.
Não tenho como agradecer a minha tia o bastante por me apresentar a essa incrível prática. O cultivo no Falun Dafa me trouxe boa saúde e verdadeira felicidade. Ele não apenas salvou minha vida, mas também me deu satisfação espiritual, mostrou-me o verdadeiro significado da vida e me permitiu ser responsável por minha família e sociedade.
Nota do editor:
O Falun Dafa é uma prática de cultivo da mente e do corpo que ensina a verdade, a compaixão e a tolerância como uma forma de melhorar a saúde e o caráter moral e alcançar a sabedoria espiritual.
Para mais informações sobre a prática, visite www.falundafa.org. Todos os livros, música de exercícios, recursos e instruções estão disponíveis gratuitamente.