Lalibela, um lugar sagrado aos cristãos etíopes com igrejas esculpidas em rocha

05/12/2013 05:47 Atualizado: 06/03/2018 16:06

Localizada no nordeste da Etiópia, Lalibela é um pequeno e pobre vilarejo, contudo, um centro de peregrinação de cristãos. Era chamado de Roha, mas no século XII, passou a ser chamado de Lalibela em homenagem ao Rei Lalibela, que construiu um incrível complexo religioso no local. São onze igrejas, um mosteiro, sepulcros e outros lugares sagrados. A igreja Bet Giyorgis (Casa de São Jorge), um monólito em forma de cruz grega, é uma das principais relíquias de Lalibela.

Mapa de Lalibela, na Etiópia.
Localização de Lalibela na África. Planta mostrando a igrejas de Lalibela: Bet Medhane Alem (Casa do Salvador do Mundo), Bet Maryam (Casa de Maria), Bet Meskel (Casa da Cruz), Bet Golgotha-Mikael (Casa Golgotha-Mikael), Bet Amanuel (Casa de Emanuel), Bet Merkorios (Casa de Mercoreos), Bet Abba Libanos (Casa de Abade do Líbano), Bet Gabriel-Rufael (Casa de Gabriel Rafael), Bet Giyorgis (Casa de São Jorge) (Internet)

A Etiópia tem uma das mais antigas tradições cristãs. Antigamente, os cristãos tinham por tradição visitar Jerusalém pelo menos uma vez na vida. Como Jerusalém estava sob o domínio dos muçulmanos, os cristãos estavam impedidos de ir a Jerusalém. Assim, enquanto os católicos europeus passaram a se voltar para Roma (até hoje, há peregrinações à cidade italiana a cada 25 anos, nos anos terminados em 0, 25, 50 e 75, de cada século), Lalibela decidiu construir uma “segunda Jerusalém” em seu reino. Até mesmo o riacho do lugar foi rebatizado como rio Jordão e a colina onde estão as igrejas passou a ser chamada de Monte das Oliveiras. Para os cristãos da Etiópia, de tradição copta (Igrejas cristãs não ligadas à Igreja Ortodoxa nem à Romana), a peregrinação à Lalibela tem o mesmo significado que uma viagem a Jerusalém.

Lalibela tornou-se um lugar sagrado aos cristãos etíopes. Milhões de devotos peregrinos, vindo de todos os lugares, vão todos os anos a Lalibela. As igrejas nunca deixaram de ser usadas. A religiosidade mantém-se viva desde o início do século XII, quando as igrejas foram construídas. As igrejas estão abertas das 9h00 às 13h00 horas, e das 14h00 às 17h00 horas. Tem-se que tirar os sapatos para entrar na igreja; é desrespeitoso entrar calçado.

Lalibela, na Etiópia.
Vista aérea parcial do local (Internet)

Os trabalhos de construção das igrejas começavam por escavar e retirar toda a rocha ao redor das futuras edificações, que nesse estágio eram apenas um bloco monolítico de rocha. Depois, eram feitas as fachadas, dando forma aos contornos das edificações. Em seguida, os obreiros criavam o espaço interior: salas, santuários e nichos. As portas eram emolduradas, os pilares cinzelados e os arcos desenhados. Por fim, entrava a decoração com afrescos, móveis, etc.

Literalmente esculpidas em vez de construídas, as igrejas de Lalibela foram escavadas em rocha. Elas eram interligadas por túneis e corredores subterrâneos.

De acordo com a história da vida do Rei Lalibela, que foi escrita no século XV, o Anjo Gabriel veio ao Rei Lalibela e o levou a Jerusalém, onde teve um sonho no qual Deus lhe disse que voltasse à Etiópia e construísse as igrejas. Segundo conta a história, o rei teve a ajuda de seres angelicais, que durante a noite, enquanto os operários dormiam, faziam o que seria humanamente impossível com a tecnologia da época.

Igreja Bet Giyorgis em Lalibela, na Etiópia.
Interior da igreja Bet Giyorgis (Casa de São Jorge), estrutura monolítica (Internet)
Lalibela, na Etiópia.
Fotos de algumas de algumas das igrejas do local (Internet)
Igreja Bet Maryam em Lalibela, na Etiópia.
Igreja Bet Maryam (Casa de Maria): possivelmente a mais antiga de todas as igrejas. Dentro pode-se ver um pilar de pedra (lado direito da imagem) no qual o Rei Lalibela escreveu os segredos da construção dos edifícios. Os escritos estão cobertos com pano e só os sacerdotes podem lê-los (Internet)
Igreja Bet Maryam em Lalibela, na Etiópia.
Detalhe do interior da igreja Bet Maryam (Internet)