“Cavalheirismo-Agora” é um movimento que introduz uma nova forma de cavalheirismo para o século 21. Dean Jacques, o fundador, é uma assistente social aposentado. Ao longo de sua carreira, ele viu muitos programas sociais falharem em ajudar as famílias, porque as causas dos problemas estavam profundamente enraizados na sociedade.
Assim, ele iniciou o que chama de “um experimento para mudança cultural.”
“O que eu estou tentando fazer não é pouca coisa. É uma mudança de paradigma”, disse ele em uma entrevista ao Epoch Times.
A imagem do nobre cavaleiro de armadura reluzente ainda “transmite um sentimento de nostalgia romântica e moral que a maioria das pessoas, naturalmente, se identificam”, afirma o site do Cavalheirismo-Agora.
Membros que aderem ao movimento podem ganhar o título de “cavaleiro” (em inglês: knight) por seu compromisso com o comportamento cavalheiresco, com alguns gozando de traje medieval e esgrima. Mas Jacques salienta que Cavalheirismo-Agora não se trata de fantasia, e o imaginário medieval não é uma parte essencial do movimento.
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O que é importante é ser inspirado pelo código de ética, que estão enraizados nos ideais medievais de cavalheirismo, mas que se estendem para além deles e incorporam o melhor dos primórdios da cultura ocidental.
Trata-se de reviver a verdade, a beleza e o heroísmo em um mundo de anti-heróis, medo e distorção.
Embora o foco é a ética do sexo masculino, Jacques disse que o movimento não é sexista. É sobre homens manifestando seu ideal do feminino, disse ele. Trata-se de tratar as mulheres (assim como crianças e os outros homens) com respeito e bondade.
Jacques desenvolveu as “12 Verdades”, um tipo de manifesto que orienta o comportamento cavalheiresco moderno, que inclui votos como “vou desenvolver minha vida para o bem maior”, “vou colocar o caráter e a preocupação com próximo acima da riqueza pessoal”, e “eu nunca vou ostentar, mas sim valorizar a humildade em seu lugar”.
Como o cavalheirismo morreu
Cavalheirismo era parte do código de ética de um guerreiro, que definia as crenças e condutas dos cavaleiros medievais. Esse conceito desapareceu no final da Idade Média, mas muitos dos ideais exercidos pelos ocidentais ainda hoje são herança dessa época.
Jacques acredita que a Era Industrial foi o começo do fim para o cavalheirismo. A urbanização danificou a estrutura familiar e a educação das crianças de muitas maneiras. Em vez dos pais educarem seus filhos no espaço da família—ao mesmo tempo ensinando-lhes como se comportar—eles começaram a passar a maior parte de seu tempo trabalhando nas fábricas.
“A cultura é transferida de uma geração para outra”, disse Jacques, “mas essa transferência foi interrompida, e nós preenchemos as lacunas com a TV e outras distrações”. Ele acredita que todos os nossos problemas sociais estão exasperados devido às distorções dentro da nossa cultura .
Temos que reparar a cultura, a fim de corrigir as coisas. Enquanto Jacques sente que a desconexão com um modo de vida mais natural tem prejudicado a sociedade, ele não acha que tudo após a Revolução Industrial deve ser jogado fora.
Cavalheirismo “Agora”
O “Agora” em “Cavalheirismo-Agora” reconhece que os ideais medievais não cabem inteiramente no mundo moderno, e deve-se considerar as partes positivas da história recente.
O website “Cavalheirismo-Agora” expõe: “E se [cavalheirismo] incorporarmos o melhor dos séculos que se seguiram, como a Idade da Razão e do Iluminismo, da Renascença e Romantismo, somados a psicologia, ciência, feminino e preenchê-los com uma forma mais positiva do existencialismo?”
Jacques explicou o “Agora” de seu movimento: “Ele está tentando projetar em que o cavalheirismo teria evoluído se tivesse tido uma melhor chance de manter os seus princípios fundamentais e torná-los aplicáveis para os nossos tempos.”
O cavalheirismo medieval tinha seus alicerces em princípios ancestrais da cultura ocidental, e Jacques buscou resgatá-los, como, por exemplo, reviver o conceito grego da verdade.
Busca pela verdade
A palavra grega para verdade é “Aletheia”, também significa lembrar e descobrir, disse Jacques. Ela denota uma experiência focada na melhoria de vida; inspira entusiasmo.
O “Cavalheirismo-Agora” encoraja as pessoas a verem a vida como uma missão. A vida seria ricamente vivida se guiada pela busca da verdade, disse Jacques.
“Isso te puxa para fora da depressão; ajuda-o a cometer menos erros; ajuda a ser uma pessoa mais autêntica”, disse Jacques. A “busca” possui um significado que transcende um papel fixo dentro da família ou da carreira, disse ele.
Ética de guerreiro
Enquanto o “Cavalheirismo-Agora” mantém a característica original da “ética de guerreiro”, Jacques explicou que não se trata de incentivar a luta. Guerreiros são parte da comunidade, disse ele. Eles defendem a cultura e protegem o que é correto e bom.
“A imagem do guerreiro é adequada porque ele é ativo, é confiável, é alguém que se treina para fazer o bem”, disse Jacques. “É parte da imagem de um herói. Eu não estou falando do Rambo, ou Clint Eastwood. Eu não estou falando dos heróis de Hollywood… estou falando dos heróis do cotidiano, aqueles que realmente contam”.
Jacques continuou expondo alguns problemas relacionados ao heroísmo moderno: “Se você estiver familiarizado com o que está passando ultimamente na televisão, nos filmes e na política—praticamente em todo o nosso ambiente—existem aspectos de beleza, mas também há uma série de fatores de degradação, medo, raiva e coisas que são anti-heróicas.
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“Os heróis que estão sendo criados são geralmente figuras que carregam mais disfunções do que geram benefícios. Todas essas coisas são criadas por problemas culturais que nós recusamos a reconhecer e que tentamos anestesiar”.
Jacques não sabe ao certo sobre o quanto o “Cavalheirismo-Agora” tem influenciado a sociedade desde a sua criação em 2007. Ele afirma que o site do movimento (com mais de 180 artigos) teve mais de 100 mil visualizações, possui entusiastas espalhados por todo os Estados Unidos e ao redor do mundo. Ele não está à procura de “seguidores”, no entanto. Ele quer inspirar as pessoas, o maior número de pessoas possível, para que elas possam melhorar a si mesmos e contribuir para um mundo melhor.
“Eu tento incorporar coisas que nos tornam substancialmente mais humanos”, disse Jacques. “O Cavalheirismo-Agora não é algo que eu criei e estou tentando empurrar como uma filosofia. Eu vejo o movimento como algo que reconhece e incentiva o que há naturalmente de melhor dentro de nós.”