À primeira vista, a Polônia é vista como um destino turístico incomum. Porém, a contribuição da Polônia à cultura e à civilização tem sido e continua sendo excepcional.
Considere os seguintes gênios polacos: Copérnico, Chopin, Marie Curie, além dos laureados prêmios Nobel de literatura: Czeslaw Milosz e Isaac Bashevis Singer.
Não podemos esquecer de Joseph Conrad que escreveu: “Lord Jim” e “O coração das Trevas” que continua cativando os leitores. E o que dizer do Papa polonês João Paulo II, Karol Wojtyla, que governou no Vaticano por mais de 25 anos?
Porém foi o laureado Nobel Lech Walesa e seu Movimento Solidariedade que fez com que o mundo fixasse seus olhos na Polônia quando o comunismo começou a cair em 1981.
Patrimônio da UNESCO
De Cracóvia às Minas de Sal de Wieliczka até Auschwitz e muito mais, fez com que a UNESCO reconhecesse a Polônia como uma terra de grande diversidade histórica e cultural.
Em 1978, a UNESCO considerou o centro histórico da cidade como Patrimônio Mundial, lembrando que a antiga capital da Polônia está situada aos pés do Castelo Real de Wawel, e é uma cidade de comerciantes desde o século XIII a qual possui “O maior mercado da Europa e numerosas casas, palácios e igrejas históricas magníficas”.
Cheguei a este país facinante em um voo à Varsóvia, a capital. Dirigimo-nos à Cracóvia em uma viagem pela Polônia onde visitamos vários lugares interessantes.
Nosso guia canadense, Andrew Pirowski, nasceu em Cracóvia e nos ajudou a explorar sua formosa cidade. Seus milhões de habitantes vivem em ambos os lados do Rio Vistula. A vida gira em torno da praça principal, o Rynek, a qual foi desenhada em meados do século XIII.
Por volta de 100.000 estudantes da Universidade de Jagiellonian contribuem para a vivacidade da cidade. Desde a manhã até a noite, as pessoas fazem compras ou se sentam nas cafeterias do Cloth Hall construído no século XVI, no centro da praça.
Cidade da arte, cidade da vida
Há oitenta anos, Tadeusz Boy-Zelenski descreveu Cracóvia como uma cidade “de pintores, de vitrais, de poesia, túmulos, de arte, de vida”. Na revista LOT, de uma aerolinha polaca, aprendi que suas palavras foram ilustradas por um fotógrafo polonês de Cracóvia, Piotr Witoslawski, em um livro chamado Krakow Portraits, publicado e dois idiomas: polonês e inglês.
As torres coloridas da Basílica de Santa Maria sempre estão visíveis. O altar principal é uma obra mestra do século XV esculpida por Wit Stwosz, que era de Nuremberg. Feita de madeira pintada a ouro, é considerado o maior altar gótico feito de madeira da Europa.
Do avião conseguimos avistar, no alto da colina, o Castelo Waw de estilo renascentista italiano, assim como o anel de mosteiros e abadias que contornam a cidade. Monges beneditinos e monjas carmelitas se misturam na paisagem urbana junto aos estudantes, professores e comerciantes.
Polônia histórica
Não muito longe de Cracóvia, estão as Minas de Sal de Wieliczka, uma das atrações mais populares da Polônia, patrimônio da UNESCO com mais de 700 anos. Caminhamos cerca de 1,6 Km em um tipo de caverna (de um total de 300 Km) e encontramos lagos subterrâneos magníficos, câmaras escavadas e templos de sal ornamentados com belas esculturas. A fascinante capela de São Kinga, a 101 metros abaixo da terra é suficientemente grande para celebrar casamentos, eventos esportivos e bailes de Ano Novo.
Nosso grupo formado por 12 pessoas visitou uma aldeia das terras altas e um SPA, fizemos rafting por um rio e visitamos vários lugares sugeridos pela UNESCO. Entre eles, Torun, uma pequena cidade histórica que, segundo a descrição da UNESCO, “deve sua origem à Ordem Teutônica, a qual construiu um castelo ali em meados do século XIII como uma base para a conquista e evangelização da Prussia”.
A breve descrição cita que rapidamente o local teve um grande desenvolvimento comercial fazendo parte da liga Hanseática. “Na cidade nova e antiga, a construção de muitos edifícios públicos e privados desde o século XIV e XV (entre eles, a casa de Copérnico) são uma prova evidente da importância de Torun”.
Não ficamos para passar a noite no impressionante Castelo da Ordem Teutônica em Malbork, o qual a UNESCO denomina “o exemplo supremo de castelo de tijolos medieval”. Foi organizada uma visita privada depois de jantarmos nas entranhas daquela que uma vez foi uma poderosa fortaleza.
Problemas do passado
Em um capítulo intitulado “Terror” da novela Polônia, James A. Michener descreve como a autocrática Russia, Prussia e Austria não podiam tolerar uma Polônia liberal em suas fronteiras e se unem para destruí-la, isto ocorreu n os finais do século XVIII.
Em meados do século XX, a Alemanha nazista e a Russia comunista observavam com receio o progresso surpreendente de uma Polônia livre e tentaram fazer uma nova divisão. Isto aconteceu quando Hitler e Stalin firmaram um pacto de não agressão. Em 1º de setembro de 1939, Hitler atacou a Polônia. Stalin invadiu o leste e ficou com uma parte da Polônia.
Quando passamos pela porta de um dos campos de concentração de Auschwitz, com seu infame “Bem-vindo” ARBEIT MACH FREI (o trabalho nos torna livres), soubemos que a UNESCO estava certa em preservar as paredes reforçadas, arames farpados, plataformas, quartéis, forcas, câmaras de gás e fornos crematórios a fim de testemunhar a crueldade do homem com o homem.
Música para lembrar
Em uma noite anterior à nossa volta ao Canadá, nosso grupo assistiu a um concerto de música contemporânea na Academia de Música de Fryderyka Chopin em Varsóvia. Foi um final perfeito para as semanas de viagem, haja vista que a música desempenha um papel muito importante na Polônia.
A parte de canções eclesiásticas antigas e música Klezmer, assim como óperas de compositores como Stanislaw Moniuszko, o “pai” de um estilo polonês nacional de música; canções de Paderewski, possivelmente o pianista mais famoso que já viveu; e Krzysztof Penderecki, conhecido por sua “Paixão de São Lucas”.
Como disse um dos personagens de Michener na Polônia: “Eu adoro Chopin e todos os poloneses deveriam adorá-lo também, uma vez que ele registrou as batidas do nosso coração”.
Um dos meus sonhos, caso eu volte novamente à Varsóvia, é assistir a um concerto completo de Chopin.
Susan Hallett ganhou prêmios como escritora e editora e trabalhou para The Beaver, The Globe & Mail, Wine Tidings e Doctor’s Review entre muitos outros