Hampi, como é conhecida hoje, chamava-se Vijayanagara e era a capital do Império de mesmo nome. Em apenas 200 anos (1336-1565), três gerações de soberanos hindus levaram Vijayanagara ao seu apogeu (1510-1542). Foi a segunda maior cidade do mundo em seu tempo, cerca de 500 mil pessoas viviam em Hampi e seus arredores. Para se ter uma ideia do tamanho da cidade, nessa época, a população de Paris não chegava a 200 mil pessoas. A única cidade no mundo um pouco mais populosa que Vijayanagara era Pequim. Conhecida desde o século XVI pelos europeus, na época, era considerada mais grandiosa que Roma, Paris e Lisboa.
Hampi ocupa uma área de 26 km2 na região do vale do rio Tungabhadra, em Karnataka, na Índia. É um dos locais da Índia com muito valor histórico.
No início do século XVI, um viajante persa, Abdur Razzak, escreveu em seus registros de viagem que Hampi era de tal modo grandiosa e majestosa que, em suas viagens pelo mundo, ele nunca havia visto nada à altura de Hampi. Hampi tem aproximadamente 350 templos espalhados entre colinas e vales, além de fortificações, elaborado sistema de irrigação, obras de arte, palácios, jardins, etc… Andar por Hampi é como andar em um museu ao ar livre.
Hampi tinha um centro eminentemente sagrado – onde estão os templos de Vitthala, de Virupaksha, de Krishna e de Achyuta Raya, a estátua de Narasimha – e um centro onde se concentravam o governantes – onde estão o Palácio da Rainha, pavilhões reais, o tanque dos degraus, o templo de Hazara Rama, o estábulo dos elefantes – e centros urbanos, voltados ao comércio e moradia do povo.
Vijayanagara, capital do Império Vijayanagara, dominou toda a região sul da Índia por mais de 200 anos. O Império Vijayanagara teve seu apogeu entre 1510 e 1542, quando a cidade se tornou muito importante e um próspero centro comercial por conta da venda de diamantes, ouro, rubi, pérolas, seda, cavalos, algodão e especiarias, inclusive para toda a Europa via Portugal.
Preocupados com a riqueza e o crescimento do poder do Império Vijayanagara, em 1565, sultões muçulmanos do norte da Índia (Deccan) se aliaram e derrotaram o então imperador Rama Raya. A cidade foi invadida, saqueada e destruída; a população foi morta ou fugiu. Assim, Hampi viu seu esplendor se transformar em ruínas de um dia para o outro. A cidade foi praticamente abandonada e caiu no esquecimento até ser, no século XIX, redescoberta pelos britânicos.
Se depois de tamanha destruição, ainda permanecem o que podemos vislumbrar atualmente, pode-se imaginar como era Hampi em sua época! Ela foi declarada Patrimônio Mundial da Humanidade, pela UNESCO. Atrai milhares de turistas e peregrinos todos os anos.
Conheça um pouco de Hampi:
Apesar da sua importância histórica e beleza arquitetônica, a atual Hampi está longe de ser uma das maiores atrações turísticas da Índia. Cerca de 500 mil visitantes vão lá todos os anos, a maioria em peregrinação religiosa. A antiga Vijayanagara continua ainda perdida para boa parte dos turistas do mundo.
O Templo de Krishna foi construído pelo rei Krishnadevaraya, em 1513, para celebrar suas conquistas. A principal estátua do templo era Bala Krishna (Krishna na forma infantil), que agora está no museu do estado em Chennai, Índia.
O Templo Virupaksha é possivelmente o mais antigo e principal de Hampi. É um importante centro de peregrinação aos adoradores de Shiva e um dos locais mais visitados de Hampi. O templo está ativo e foi construído no século VII, é um dos mais antigos templos em funcionamento na Índia.
O Estábulo dos Elefantes é um exemplo do esplendor do Império Vijayanagara. É uma edificação composta de onze espaçosos estábulos, cobertos individualmente por cúpulas de diferentes formatos, e de um edifício lateral onde ficavam os alojamentos dos guardas e dos tratadores dos elefantes. Durante seu apogeu, o Império de Vijayanagara possuía mais de 10.000 elefantes, mas apenas 11 entre eles eram escolhidos para o serviço real e eram alojados nesses estábulos. Eram a elite dos elefantes.
Depois que Hampi foi invadida e destruída, no século XVI, o tanque da imagem acima acumulou tanta sujeira que ficou encoberto e acabou esquecido, como que perdido, até ser redescoberto em 1981. Um canal de um aqueduto terminava no nada e isso intrigou alguns pesquisadores, que resolveram então escavar o local. Surpreendentemente, encontraram um reservatório no lugar.
A imagem mais difundida de Hampi é possivelmente a da carruagem de pedra do deus Vishnu (deus da conservação da vida) puxada por dois elefantes e cujas rodas são tão realistas que parecem realmente girar. É o cartão postal de Hampi. O Templo Vittala em segundo plano.
O Templo Vittala tem 56 pilares menores feitos de tal forma que quando golpeados ressoam frequências de notas musicais (pilares musicais). Porém, é proibido golpeá-los porque isso compromete a estrutura dos pilares devido a idade e má conservação.
A estátua de Narasimha Vigrah é a maior em Hampi, 7 metros de altura. Narasimha, que significa meio-homem e meio-leão no língua local, é uma das dez encarnações (avatar) do deus Vishnu. Ele está sentado sobre a uma cobra enrolada de sete cabeças chamada Sesha. As sete cabeças da cobra, em forma de leque, erguem-se sobre a cabeça de Narasimha, com se pode ver na imagem. O Deus está sentado em posição de semi-lótus (pernas cruzadas) com uma faixa que une os joelhos. É chamado de Ugra Narasimha, ou seja, Narasimha na sua forma assustadora. Os olhos salientes e a expressão facial são a base para esse nome.
A estátua original tinha a da deusa Lakshmi, consorte desse deus, sentada sobre o colo de Narasimha. Mas a estátua da deusa foi praticamente destruída durante a invasão que levou à queda do Império Vijayanagara. A estátua é suficiente para mostrar o quão criativa e, ao mesmo tempo, destrutiva pode a mente humana ser.
Não é fácil chegar a Hampi. O aeroporto mais próximo fica a 150 quilômetros de distância, na cidade de Hubli. Uma alternativa é ir de trem a partir da estação de Hospet, cidade que fica a 12 quilômetros de Hampi e de lá pegar um tuk-tuk (carro triciclo de três rodas) que leve até as ruínas de Hampi. A região não conta com muita infraestrutura turística mas, sem dúvida, é um dos lugares do mundo que vale a pena ser conhecido.