As grutas de Mogao, escavadas na encosta da Montanha Mingshashan, em região do deserto de Gobi, no noroeste da China, são um conjunto de aproximadamente 600 grutas que abrigam cerca de 50.000 metros quadrados de afrescos bem como mais de 2.000 estátuas e esculturas, o que as tornam o maior conjunto de arte budista do mundo. A maioria das grutas não se encontra aberta à visitação pública.
As grutas estão localizadas numa região estratégica que, na Idade Média, foi importantíssima para o comércio da seda, ficava num ponto estratégico da Rota da Seda. A escavação em arenito mole para a construção das grutas ocorreu entre os séculos IV e XI d.C., graças ao trabalho incansável de monges e artesãos que viviam na região e ao apoio e doações de comerciantes da época.
A localização remota e isolada das grutas de Mogao, em meio ao deserto, contribuiu para sua preservação ao longo de séculos de esquecimento depois do fim do comércio da seda, até serem redescobertas, em 1907, por um arqueólogo alemão. Hoje é um dos principais sítios arqueológicos da China e uma atração turística.
Nos 20 anos seguintes ao descobrimento, desapareceram cerca de 40 mil passagens dos sutras (escrituras do Budismo) que existiam no local assim como incontáveis murais e esculturas. Como consequência de expropriação e furto, estima-se que só restou cerca de 30% de tudo o que existia originalmente nas grutas.
A história das grutas: a visão de Le Zun
As Grutas de Mogao, também conhecidas como as “Mil Cavernas de Buda”, é lar de uma das coleções mais notáveis de pinturas e estátuas budistas do mundo. Segundo a história, num dia do ano 366 a.C., durante a Dinastia Tang, um monge budista chamado Le Zun, que fazia uma longa viagem até o Paraíso Ocidental, parou nas montanhas Sanwei, perto de Dunhuang, para descansar um pouco e meditar. Lá, ele teve uma visão gloriosa, viu Buda Maitreya flutuando no céu. Viu também mais de mil Budas, que apareceram cercados de fadas celestiais que voavam tocando música celestial. Essa visão fez Le Zun considerar o lugar como sagrado.
Le Zun sabia pintar e esculpir, e usou essas habilidades para recriar sua visão. Decidiu abrir uma gruta na encosta da montanha Mingsha e decorá-la com pinturas e estátuas com base na cena divina que ele havia visto. Isso marcou o início da construção das grutas de Mogao. Pouco depois, outro monge teve visão semelhante no lugar e também fez outra caverna e encheu-a com obras de arte que retratavam o que ele havia visto.
Mogao rapidamente se tornou um local de peregrinação. Seguindo o exemplo, ao longo dos anos, mais de 500 cavernas foram escavadas na montanha Sanwei, muitos deles durante a Dinastia Tang. Hoje, as cavernas possuem algumas das obras mais belas da Dinastia Tang, incluindo uma estátua de 30 metros do Buda Maitreya, uma das mais altas do mundo.