O astronauta da Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (NASA), Barry Wilmore, de 61 anos, que está preso na Estação Espacial Internacional (ISS) sem saber quando conseguirá retornar à Terra, tem participado dos cultos de sua igreja mesmo em órbita.
Wilmore e a astronauta Suni Williams, que é piloto de teste, chegaram à ISS em 5 de junho com a missão de testar a segurança da espaçonave Boeing Starliner para voos regulares ao espaço.
Eles deveriam ter retornado à Terra em oito dias, mas falhas nos propulsores e vazamentos de hélio tornaram o voo inaugural de volta inseguro. A previsão é de que consigam voltar para casa apenas em fevereiro de 2025.
Há 17 anos, Wilmore, que é capitão aposentado da Marinha norte-americana, frequenta a Providence Church, uma igreja Batista localizada a 16 km do Johnson Space Center, o centro de pesquisa da NASA em Houston, no Texas.
A igreja tem realizado estudos bíblicos às quartas-feiras e cultos aos domingos à noite para orar pelos astronautas na ISS.
“Eles não são astronautas para nós”, disse o pastor Corey Johnson, referindo-se a Wilmore e a outra astronauta que também pertence à sua igreja e está em missão no espaço. “Eles são família. Eles são amigos.”
Antes de ir para o espaço nessa missão arriscada, em cada pausa entre as tentativas de lançamento do Starliner, Wilmore reuniu os técnicos e sua parceira de voo, Williams, para orações.
“Confiamos em Deus soberano”, disse o astronauta na ocasião. “Seja qual for o plano, estamos prontos para isso, seja o que for.”
A fé do astronauta é compartilhada por sua esposa, Deanna, e pelas filhas, Daryn, de 19 anos, e Logan, de 16. Ela afirma que a religião é a base para enfrentarem a situação com serenidade.
“Aceitamos sabendo que o Senhor está no controle e que, estando o Senhor no controle disso, meu marido está contente onde está”, afirmou. “Não estamos dizendo que [sentir paz na situação] significa que nada de ruim acontecerá ou que o Starliner trará Barry para casa em segurança, mas o que quer que o Senhor faça será para o nosso bem e para a Sua glória.”
Engenheiros estão trabalhando para tentar resolver o problema e encontrar soluções para trazer os dois astronautas de volta. No final deste ano, Wilmore completará 30 anos de casado, provavelmente longe de sua família.
Outros astronautas religiosos
Não é incomum que astronautas participem de cultos religiosos enquanto estão no espaço, considerando a fé de muitos deles.
Em 2013, o astronauta Mike Hopkins, ciente do alto risco de sua exploração espacial a bordo de um foguete Soyuz, converteu-se ao catolicismo. “Parecia que algo estava faltando para mim”, disse ele.
Com a ajuda de seus padres, Hopkins recebeu permissão para levar um píxe (recipiente católico) com hóstias consagradas e administrou a Comunhão semanalmente a si mesmo no espaço.
“Isso simplesmente definia o tom do dia,” contou ao retornar. “Então, seguia o processo passo a passo para executar a caminhada espacial, mas sabendo que Cristo estava comigo.”
Antes dele, em 2017, outro católico, o ex-astronauta Mark Vande Hei, também levou hóstias para o espaço. Ele estava a bordo da estação espacial quando o Papa Francisco fez uma chamada.
A fé desses cientistas do espaço remonta a um dos pioneiros: o astronauta Buzz Aldrin tomou a Comunhão após pousar na lua com Neil Armstrong em 1969.
De acordo com a Nasa, dos 28 astronautas que participaram do programa Apollo à Lua, 23 eram religiosos e atuavam como líderes em suas igrejas.