Por Andrew Thomas, Epoch Times
Doar sangue é uma maneira nobre de servir a comunidade. Este homem sobreviveu a uma cirurgia que exigiu numerosas transfusões de sangue, o que lhe deu uma capacidade única para ajudar os outros.
James Harrison vive a cerca de 40 quilômetros ao norte de Sydney, em Nova Gales do Sul, na Austrália.
Harrison tinha 14 anos quando foi submetido a uma operação pulmonar em 1951.
Ele sofria de bronquiectasia, uma condição na qual as paredes dos brônquios nos pulmões ficam inflamadas e espessadas.
Como resultado, o pulmão desenvolve cicatrizes e o muco se acumula e não drena adequadamente, o que pode causar sérias dificuldades respiratórias.
Harrison precisou de sete bolsas de sangue durante sua operação para remover um de seus pulmões.
A operação foi um sucesso e Harrison cresceu e tornou-se um adulto saudável.
Seu pai era um frequente doador de sangue e contou a ele sobre a doação de sangue. Quando Harrison completou 18 anos, ele começou a doar sangue regularmente.
Mal sabia ele que o plasma em seu sangue se tornaria extraordinário.
Até 1967, as taxas de aborto espontâneo e defeitos congênitos na Austrália eram alarmantes.
Médicos e pesquisadores determinaram que uma condição chamada Doença Hemolítica do Recém-Nascido (HDN) era a responsável pelas altas taxas.
A HDN pode ocorrer quando uma mãe com sangue RH negativo tem um filho com um pai RH positivo. As células sanguíneas da mãe rejeitam os glóbulos vermelhos RH positivos do bebê, o que pode levar a um aborto espontâneo.
Normalmente, a HDN ocorre durante a segunda gravidez, pois o corpo da mulher desenvolveu anticorpos da primeira gravidez para atacar os glóbulos vermelhos RH positivos do segundo bebê.
Os médicos acreditam que, como resultado de tantas transfusões de sangue, o plasma de Harrison contém um anticorpo raro chamado anti-D que poderia neutralizar os efeitos da HDN.
Pesquisadores analisaram vários bancos de sangue na Austrália buscando um doador que pudesse ter o anti-D em seu plasma e eles descobriram Harrison.
Em dezembro de 1966, o médico encarregado pelas buscas no banco de sangue ligou para Harrison pedindo sua autorização para usarem seu plasma. Os pesquisadores queriam verificar se poderiam produzir, com seu plasma, uma vacina eficaz contra a HDN.
Harrison concordou totalmente.
“Eles precisavam disso. Eles explicaram o que aconteceria e o que esperavam. E eu achei ótimo porque eu não tinha filhos nessa época. Eu não fiz qualquer oposição ao pedido deles”, disse Harrison ao Epoch Times.
Descobriu-se que os anticorpos plasmáticos de Harrison eram eficazes no desenvolvimento de uma injeção que impediria que as mulheres tivessem um aborto espontâneo após a primeira gravidez.
Harrison forneceu 1.163 doações do braço direito e 10 do braço esquerdo desde 1967.
“É assim que recebi o apelido de Homem com o Braço de Ouro porque usei o braço todo esse tempo”, explicou Harrison.
Harrison tem agora 81 anos e não tem mais permissão médica para doar sangue. Ele fez sua última doação na sexta-feira, 11 de maio de 2018.
Naquela sexta-feira, a Cruz Vermelha fez uma festinha para Harrison, com mães e recém-nascidos.
“Cerca de 10 mães participaram. Foi muito emocionante. Eu estava quase chorando ao ver todos esses pequenos bebês saudáveis nos braços de suas mães e elas me agradecendo muito porque não teriam tido bebês saudáveis se não tivessem recebido a injeção produzida com meu plasma”, lembrou Harrison.
As doações de Harrison ajudaram sua filha Tracy a ter filhos saudáveis. Depois que Tracy deu à luz a Jarrod, ela recebeu uma injeção contendo o anti-D de Harrison.
Tracy teve um segundo bebê saudável, Scott, que completou 23 anos na segunda-feira, 21 de maio de 2018.
O banco de sangue da Cruz Vermelha Australiana estima que as doações de Harrison salvaram 2,5 milhões de bebês.
“É realmente uma experiência gratificante. Um grande sentimento de que sua vida significou algo para as outras pessoas, assim como para você mesmo”, explicou Harrison.
Os médicos terão que encontrar outros doadores com o anticorpo que produz o anti-D. É fundamental que mais pessoas doem para que médicos e pesquisadores possam encontrar mais doadores com o anti-D em seus sangues.
“Saia de onde estiver, enrole a manga e torne-se um doador de sangue”, sugeriu Harrison.