Estátua do Cristo Redentor, um ícone internacional

05/02/2014 05:34 Atualizado: 06/03/2018 15:58

O Cristo Redentor fica no topo do morro do Corcovado, 700 metros acima do nível do mar, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. É uma das imagens mais conhecidas no mundo, um verdadeiro cartão postal do Rio de Janeiro e do Brasil. Foi inaugurado em 12 de outubro de 1931, no dia de Nossa Senhora Aparecida. Mais de 1,5 milhão de pessoas vão visitar o local todos os anos.

O monumento Cristo Redentor.
O monumento Cristo Redentor (Nico Kaiser/CC BY 2.0)

Dos 38 metros do monumento, oito estão no pedestal e trinta na própria estátua, que tem uma envergadura de 29,6 metros, sendo que o braço esquerdo é imperceptivelmente 40 centímetros menor que o direito. A cabeça da estátua está levemente inclinada à frente e sua coroa de espinhos serve de para-raios.

Alguns pensam que, a exemplo da Estátua da Liberdade nos EUA, o monumento foi um presente da França ao Brasil, mas na verdade, a obra foi toda viabilizada a partir de doações de fiéis de arquidioceses e paróquias de todo o Brasil.

Vista aérea 360º do Cristo Redentor:

 História do monumento Cristo Redentor

Foi em 1921 que surgiu a ideia de se construir uma monumental estátua em homenagem ao Cristo Redentor, que poderia ser também um marco cristão na comemoração do 1º Centenário da Independência do Brasil.

Uma organização, chamada de Círculo Católico, foi formada para levar a ideia adianta. Três locais foram propostos para a colocação do monumento: o morro do Corcovado, o Pão de Açúcar e o Morro de Santo Antônio. O Corcovado foi o escolhido.

Numa campanha nacional, foram recolhidas em abaixo-assinado mais de 20 mil assinaturas, que foram encaminhadas na forma de pedido ao então Presidente Epitácio Pessoa para que autorizasse a construção de um monumento em homenagem ao Cristo Redentor no Corcovado e também para que cedesse o local. Vale lembrar que, nessa época, a cidade do Rio de Janeiro era a capital do Brasil.

A construção da estátua foi motivo de acaloradas discussões que dividiu o país entre católicos, protestantes e cidadãos sem religião. Alguns diziam que o dinheiro seria mais bem empregado se usado na construção de obras beneficentes. Lideranças protestantes eram contrárias à construção. Um nota oficial da Convenção Batista Brasileira dizia que a construção “será, a um só tempo, um atestado eloquente de idolatria da Igreja de Roma”. A Igreja Católica argumentava que jamais adotou a idolatria em sua doutrina, que as imagens de santos em suas igrejas eram vistas por seus fiéis como exemplos de fé a serem seguidos. Em meio a discussões, no dia 4 de abril de 1922, a pedra fundamental para firmar a intenção de construir o monumento foi colocada no morro do Corcovado.

Imagem durante a construção do Cristo Redentor.
Imagem durante a construção do Cristo Redentor (Internet)

Em 1923, foi realizado um concurso para escolher o melhor projeto para a construção do monumento Cristo Redentor. O projeto vencedor foi o do engenheiro Heitor da Silva Costa, que originalmente pensará a estátua como um Cristo segurando o globo terrestre numa mão e uma cruz na outra. Contudo, a ideia de fazê-lo com os braços abertos caiu no gosto do povo e acabou prevalecendo. O desenho final do monumento foi de autoria do artista plástico Carlos Oswald.

Nesse mesmo ano, em setembro de 1923, foi organizada a Semana do Monumento, uma campanha nacional para arrecadar recursos financeiros para viabilizar a construção da estátua, A campanha, em pouco tempo, obteve os recursos financeiros desejados e exclusivamente com doações de fiéis de arquidioceses e paróquias de todo o Brasil.

O projeto só consegui se concretizar em 1926, com a ajuda do engenheiro francês Caquot e de Landowsky, este um escultor francês de origem polonesa. Os desenhos iniciais de Heitor da Silva Costa foram enviados à França, onde Caquot e Landowsky finalizaram o trabalho.

Partes importantes da estátua foram feitas na França pelo escultor Landowski, pois, na época, acreditava-se que os profissionais brasileiros não tinham suficiente experiência para executar a obra. Antes de a obra ser produzida em seu tamanho original, foram feitas várias maquetes de gesso até se chegar ao modelo definitivo. O escultor Landowski, além de modelar a cabeça e as mãos da estátua, também assina os afrescos com cenas do martírio de Cristo que adornam a parte externa da capela na base da estátua.

Em 1926, a obra começou a ser construída. A obra de montagem da estátua ficou sobre a responsabilidade de Landowski.

Partes feitas na França e enviadas por navio ao Brasil. À esquerda, uma das mãos, e à direita, uma peça do conjunto da cabeça.
Partes feitas na França e enviadas por navio ao Brasil. À esquerda, uma das mãos, e à direita, uma peça do conjunto da cabeça (Internet)

As partes da estátua feitas na França foram transportadas para o Brasil desmontadas. A cabeça era composta por 50 peças e cada mão media 3 metros de comprimento. Para levar essas partes até o topo do morro do Corcovado, foi usado o trem que ligava o morro à parte baixa do Rio de Janeiro, uma ferrovia existente desde o final do século XIX.

Gigantescos andaimes de madeira e ferro permitiam aos operários o acesso aos pontos mais altos da obra. As peças eram erguidas por um sistema de cabos e roldanas. Apesar das condições precárias de segurança, nenhum acidente grave ocorreu. Aos poucos, o monumento Cristo Redentor foi ganhando sua forma final. Todas as peças externas foram revestidas com pastilhas de pedra-sabão, material que, apesar de ser frágil, resiste bem ao tempo e às variações de temperatura.

No dia 12 de outubro de 1931, depois de cinco de obras, o então chefe do governo provisório, Getúlio Vargas, acompanhado de comitiva e ministros, inaugurou o monumento.

Trem do Corcovado. Um pequeno trem, num verdadeiro passeio, leva o visitante aos pés do Cristo Redentor.
Trem do Corcovado. Um pequeno trem, que, num verdadeiro passeio, leva o visitante aos pés do Cristo Redentor (Internet)

Pode-se ir ao monumento Cristo Redentor de trem ou de veículo: carro próprio, van ou taxi. Da Estação do Corcovado, em Laranjeiras, é possível pegar trens que saem a cada meia hora e levam aproximadamente vinte minutos para atravessar a Floresta da Tijuca, a linha férrea do Cosme Velho e chegar ao topo do Corcovado.

Elevadores e escadas rolantes facilitam a vida do visitante.
Elevadores e escadas rolantes facilitam a vida do visitante (Internet)

O Cristo Redentor conta com três elevadores panorâmicos com capacidade para quinze pessoas cada. O acesso aos elevadores se dá por uma área que atende tanto os que chegam de veículo quanto os que desembarcam na plataforma de trem.

A administração do parque praticamente proíbe a entrada de veículos particulares ao Corcovado. Quem insistir terá de disputar uma autorização para uma vaga no pequeno estacionamento que há lá no alto do Corcovado e, depois, andar bastante até chegar à estátua. Uma boa opção é ir de táxi ou van, que o levará e deixará bem próximo dos elevadores de acesso ao Cristo Redentor. Bastará entrar num dos três elevadores panorâmicos, subir 30 metros desfrutando uma linda paisagem e, em seguida, subir dois lances de escada-rolante. São apenas 5 minutos. Pessoas com dificuldades de locomoção não terão problema para ir até lá.

Capela do Corcovado, na base da estátua

Entrada para a Capela do Corcovado, no interior do pedestal da estátua.
Entrada para a Capela do Corcovado, que fica no interior do pedestal da estátua (Crédito: www.riodejaneiroaqui.com.br)

Na base da estátua há uma capela católica devotada a Nossa Senhora Aparecida, onde ocorrem celebrações católicas como casamentos e batizados.

Caso queira se aprofundar na história sobre a construção do monumento do Cristo Redentor, sugiro ver o vídeo abaixo (em quatro partes):



A estátua do Cristo Redentor é um dos lugares do mundo que merece ser conhecido.