Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Aldous Huxley, autor do famoso romance distópico Admirável Mundo Novo, acreditava que o prazer era um verdadeiro veneno que fermentava silenciosamente no ventre da civilização moderna.
De acordo com o escritor e filósofo inglês, o prazer hoje em dia é comparável a um assassino furtivo e silencioso—parecendo inocente o suficiente, mas mortal como uma dose de estricnina no seu chá.
O Sr. Huxley disse que a visão do mundo moderno sobre o prazer era um “show de horrores”—uma procissão de distrações cada vez mais idiotas.
O prazer do lazer antes era encontrado em atividades que exigiam esforço intelectual. No século XVII, o entretenimento para a realeza era ouvir sermões pesados e debates sobre teologia.
E os elizabetanos, com seus sapatos de bico fino, não hesitavam em começar a cantar; suas vidas eram um musical contínuo em construção.
No entanto, hoje em dia, colossais corporações nos alimentam de diversão. Vivemos em um mundo onde o cidadão comum não precisa levantar um dedo, exceto para a árdua tarefa de colocar pipoca na boca.
Milhares de cinemas regurgitam o mesmo conteúdo, transformando rascunhos de quarta categoria em sucessos mundiais. Só é necessário sentar-se, olhos vidrados, cérebro desligado e absorver a papinha insossa da cultura pop.
Em uma pesquisa com um grupo representativo de 1.000 americanos, a TripIt descobriu que o dobro de participantes planeja fazer viagens culturais em 2024 em comparação com 2023.
E a música?
Esqueça dedilhar um alaúde ou cantar uma balada.
Huxley disse que, em sua época, a população poderia simplesmente apertar um botão no gramofone ou sintonizar no “contralto frutado” que vinha das ondas de rádio da Marconi House.
Tudo era servido em uma bandeja de prata, sem esforço pessoal, sem faísca—apenas um consumo passivo de cultura pré-embalada e pré-mastigada.
Huxley acreditava que estávamos envenenando nossas mentes, um prazer de cada vez, sem nem mesmo o prazer de preparar nosso próprio veneno.
Ele disse que, se as massas desejassem literatura, tinham a imprensa—sua principal tarefa sendo muito parecida com a do cinema: ocupar a mente com o mínimo esforço possível.
Podia-se passar décadas lendo os jornais diários, absorvendo trivialidades mundanas, sem nunca engajar um único neurônio ou despender mais esforço do que o necessário para seguir as palavras com meio olho.
Dançar, também, continua sendo um passatempo universal, mas, seja em Penrith ou Paris, todos estão dançando ao som das mesmas batidas insípidas. É como se as danças do mundo tivessem sido lavadas, esfregadas e higienizadas de qualquer sabor mais forte do que mingau ralo.
Segundo Huxley, esse menu uniforme de prazeres sem cérebro e entretenimento pré-cozido representa uma ameaça mais perigosa à nossa cultura do que qualquer horda invasora do outro lado do Canal da Mancha.
A maior parte de nossas horas de vigília já é desperdiçada em trabalho mecânico que, para alguns, não exigiria a inteligência de um aconchegante chá.
Depois, na hora de parar, passamos a atividades de lazer igualmente desprovidas de substância.
Acumule essas atividades insípidas contra trabalhos entorpecentes e você terá um dia perfeito que é tão revigorante quanto um tapa com um peixe molhado.
Nossa civilização, fervendo nessa monotonia caseira, pode muito bem tropeçar em um declínio senil.
Nossos músculos mentais podem ficar tão flácidos quanto uma assinatura de academia não utilizada, fazendo-nos ficar tão terrivelmente entediados com as distrações repetitivas que apenas os choques mais brutos serão capazes de nos despertar de nosso estupor.
As democracias futuras correm o risco de colapsar sob o peso de um tédio monstruoso, talvez recorrendo a espetáculos tão sangrentos quanto aqueles que empolgavam os antigos romanos—esses imperadores do tédio que torciam por shows mais sangrentos e loucos, como elefantes equilibrando-se em cordas bambas e feras exóticas enfrentando o açougueiro.
Poderíamos pegar uma página do livro de Huxley, cujos hobbies pareciam um currículo da Universidade de Tudo: história grega, antropologia polinésia, traduções de textos budistas do sânscrito e do chinês e tratados científicos aos montes.
Sem mencionar romances, poemas, ensaios, relatos de viagens, diatribes políticas e conversas com todos, desde estrelas de cinema até lunáticos e magnatas circulando em Rolls-Royces.
Um verdadeiro banquete comparado à papinha rala servida por nossos modernos fornecedores de “prazer”.
Em nítido contraste, a televisão moderna, como apontam os estudos de EEG (eletroencefalograma), transforma suas ondas cerebrais do tipo beta, ativo, para o tipo alfa, sonolento.
É como trocar um foxtrote animado por um rastejar preguiçoso de bicho-preguiça, onde pensar criticamente se torna tão raro quanto um político honesto.
Essa passividade entorpecente da nossa querida caixa é um show sombrio de como apenas sentar e olhar pode levar a uma mente tão engajada quanto um ratinho adormecido.
Então, talvez seja hora de mudar e investir em um jornalismo excelente assinando o Epoch Times.