Por Martha Rosenberg, para Epoch Times
Como a modesta especialidade médica da psiquiatria infantil se tornou a “psicofarmacologia pediátrica” agressiva que vemos hoje? Milhões de crianças que antes eram consideradas muito ativas agora são diagnosticadas com TDAH, transtornos de conduta, transtorno desafiador opositivo, manias mistas, transtornos obsessivo-compulsivos, transtornos globais do desenvolvimento, irritabilidade, agressividade e transtornos da personalidade, e são então medicadas.
Crianças que já foram consideradas tímidas ou temperamentais agora são diagnosticadas com depressão, transtorno bipolar, transtornos do humor, fobia social, ansiedade, transtornos limítrofes, distúrbios de “espectro” variado e até mesmo esquizofrenia.
Quão extremo é o diagnóstico da doença psiquiátrica em crianças? Em seu livro “Psychiatryland“, o psiquiatra Phillip Sinaikin relata a leitura de um artigo científico no qual se debatia se uma menina de três anos que tinha corrido em direção ao trânsito na rua tinha transtorno desafiador opositivo ou transtorno bipolar. Em vez de ser apenas desafiadora, ela supostamente poderia ter transtorno bipolar, que seria marcado por “delírios de grandiosidade” por que ela se consideraria especial e que os carros não poderiam prejudicá-la, disse o artigo.
Todos, exceto as crianças, ganham no jogo da psicofarmacologia pediátrica que impõe às crianças medicamentos psiquiátricos caros – ou seja, a indústria farmacológica, Wall Street, médicos, seguradoras, gerentes de benefícios farmacêuticos, e empresas de relações públicas e escritores-fantasmas da indústria farmacológica. Pesquisadores, centros médicos, organizações de pesquisa clínica e revistas médicas também lucram com o financiamento da indústria farmacológica. Os únicos perdedores no jogo de psicofarmacologia pediátrica são as próprias crianças que recebem uma provável sentença vitalícia para consumir drogas caras e perigosas. Elas são negadas a chance de crescer normalmente e superar o que provavelmente são pequenos problemas ou traços de comportamento.
Como os idosos em casas de repouso, as crianças não tomam suas próprias decisões sobre medicamentos, o que as torna alvos desejáveis para os profissionais de publicidade de medicamentos.
Poucas crianças que são introduzidas às drogas psiquiátricas numa idade jovem chegam ao ponto em que seus médicos, pais e professores as pronunciam bem e livres dessas drogas. Em vez disso, elas frequentemente recebem drogas psiquiátricas adicionais, que se tornam coquetéis, quando mais “sintomas” aparecem. Os sintomas geralmente são atribuídos à alegada doença psiquiátrica, e não aos efeitos colaterais dos medicamentos, e são considerados a “prova” da doença. Vale dizer que, em geral, nunca se saberá se a criança sequer precisou de drogas psiquiátricas.
Mas a indústria farmacológica tampouco está satisfeita com esses clientes vitalícios iniciados na infância. Ela também promove campanhas de “prescrever preventivamente” para que os pais introduzam drogas aos filhos ainda mais cedo.
Uma campanha publicitária de “prescrição preventiva” para o antipsicótico atípico Risperdal, dado às crianças, usa uma macabra carteira abandonada, ursinho de pelúcia e molho de chaves caídos numa rua deserta para sugerir que uma criança morreu porque não recebeu drogas psiquiátricas cedo. Os anúncios “reposicionam uma droga que estava sendo usada tarde demais para alcançar seus benefícios máximos”, disse sua agência de publicidade, Torre Lazur McCann. Benefícios para quem, nós devemos perguntamos.
Os profissionais de marketing de drogas também não estão apenas usando ícones da infância. Os gerentes de marca do Seroquel, um antipsicótico que concorre com o Risperdal, consideraram a criação de personagens inspirados no Ursinho Pooh, como Tigger (bipolar) e Eeyore (deprimido), para vender o Seroquel, segundo reportagens publicadas, numa reunião de vendas da AstraZeneca. Os pais dizem que viram brinquedos estampados com os logotipos do Seroquel.
O pai da “psicofarmacologia pediátrica” é considerado Joseph Biederman, um psiquiatra infantil de Harvard, creditado com exagerar o diagnóstico de “transtorno bipolar” em crianças em até 40 vezes. Em 2008, Biederman foi investigado pelo Congresso dos Estados Unidos por supostamente aceitar dinheiro da indústria farmacológica que ele não revelou e concordou em suspender suas atividades relacionadas à indústria.
Biederman chefiou o Centro Johnson & Johnson para o Estudo da Psicopatologia Pediátrica no Hospital Geral de Massachusetts, cujo objetivo declarado era “avançar os objetivos comerciais da J&J”. O centro arrecadou US$ 700 mil em um ano de operação, segundo relatos.
Biederman permanece em Harvard, onde é o chefe dos Programas de Pesquisa Clínica em Psicofarmacologia Pediátrica e Adulta de TDAH.
Martha Rosenberg é autora da premiada exposição “Born With a Junk Food Deficiency“. Ícone em seu país, ela lecionou em universidades e faculdades de medicina e foi entrevistada em programas de rádio e televisão.
As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times.