Por equipe editorial dos “Nove Comentários sobre o Partido Comunista Chinês”
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Capítulo 5: Infiltrando-se no Ocidente
Índice
Introdução
1. O comunismo por meio da violência e da não violência
2. Guerra de espionagem e desinformação
3. Do New Deal ao progressismo
4. A Revolução Cultural do Ocidente
5. Os movimentos antiguerra e dos direitos civis
6. Os novos marxistas que adoram Satanás
7. A longa marcha da esquerda pelas instituições
8. O politicamente correto: a polícia do pensamento do diabo
9. A propagação do socialismo na Europa
10. Por que nos apaixonamos pelas artimanhas do diabo?
* * *
Introdução
A eleição presidencial de 2016 nos Estados Unidos foi uma das mais dramáticas em décadas. Embora a participação dos eleitores tenha sido baixa em 58%, a campanha foi cheia de reviravoltas que persistiram mesmo após a eleição. O vencedor, o candidato republicano Donald Trump, viu-se cercado pela cobertura negativa da mídia e pelos protestos em várias cidades do país. Os manifestantes exibiam cartazes com slogans como “Não é meu presidente”, declarando que Trump era racista, sexista, xenofóbico ou nazista. Houve exigências de recontagem e ameaças de impeachment.
O jornalismo investigativo revelou que muitos protestos foram instigados por determinados grupos de interesse. Como foi mostrado no documentário “America Under Siege: Civil War 2017” (EUA sob cerco: guerra civil 2017), dirigido pelo ativista político neozelandês Trevor Loudon, uma parcela significativa dos manifestantes era de “revolucionários profissionais” ligados a regimes comunistas e outros Estados autoritários, como a Coreia do Norte, o Irã, a Venezuela ou Cuba. O trabalho de Loudon também destacou o papel de duas destacadas organizações socialistas americanas, o estalinista Workers World Party (WWP) e a maoísta Freedom Road Socialist Organization (FRSO). [1]
Tendo pesquisado o movimento comunista desde os anos 80, Loudon concluiu que as organizações de esquerda fizeram dos EUA o principal alvo de infiltração e subversão. Os campos da política, educação, mídia e negócios americanos tenderam cada vez mais para a esquerda sob a influência de indivíduos bem posicionados. Quando pessoas no mundo inteiro comemoravam o triunfo de um mundo livre após a Guerra Fria, o comunismo buscava sub-repticiamente apoderar-se de instituições públicas do Ocidente em sua preparação para a luta final.
Os EUA são a luz do mundo livre e realizam a missão, conferida por Deus, de policiar o mundo. Foi o envolvimento dos EUA que determinou os resultados das guerras mundiais. Durante a Guerra Fria, enfrentando a ameaça do holocausto nuclear, os EUA contiveram com sucesso o bloco soviético até a desintegração dos regimes comunistas soviético e do Leste Europeu.
Os Pais Fundadores dos Estados Unidos aplicaram seu conhecimento de tradições religiosas e filosóficas ocidentais para redigir a Declaração de Independência e a Constituição dos Estados Unidos. Esses documentos reconhecem como evidentes os direitos conferidos ao homem por Deus, começando pelas liberdades de crença e de expressão, e estabelecendo a separação dos poderes para garantir o sistema republicano de governo. Embora os EUA tenham travado uma guerra civil, essa guerra tinha como propósito o pleno cumprimento dos princípios fundadores dos EUA, acabando com a instituição da escravidão. Durante mais de 200 anos, esses princípios lograram promover a “tranquilidade doméstica” e garantir o “bem-estar geral”, como promete o preâmbulo da Constituição.
A liberdade do hemisfério ocidental opõe-se frontalmente ao objetivo do espectro comunista, que é escravizar e destruir a humanidade. Oculto sob a bela máscara de uma sociedade coletiva e igualitária, o espectro do comunismo orientou os seus enviados humanos para executarem seus planos sinistros no mundo inteiro.
Ainda que o comunismo se manifeste em países orientais, como na União Soviética ou na China, como um governo totalitário, com assassinatos em massa e a destruição da cultura tradicional, ele vem silenciosa e firmemente ganhando controle sobre o Ocidente, por meio da subversão e desinformação. Ele esta minando a economia, os processos políticos, as estruturas sociais e o tecido moral da humanidade para provocar a sua degeneração e destruição.
Como o Partido Comunista não tem liderança sobre os países ocidentais, os agentes do espectro se disfarçam e infiltram em todos os tipos de organizações e instituições. Há pelo menos quatro forças principais impulsionando a subversão comunista no Ocidente.
O primeiro agente de subversão foi a União Soviética, que fundou a Terceira Internacional Comunista (Comintern) para espalhar a revolução pelo mundo. A partir dos anos 80, o comunismo chinês implementou a reforma econômica. O Partido Comunista Chinês pôde assim estabelecer intercâmbios políticos, empresariais e culturais que lhe deram a oportunidade de se infiltrar no Ocidente.
O segundo meio de subversão foi realizado pelos Partidos Comunistas locais, que trabalhavam para o Partido Comunista Soviético e o Comintern.
O terceiro meio de subversão tem sido a crise econômica e a agitação social que levou e têm levado muitos governos ocidentais a adotarem políticas socialistas nas últimas décadas, em uma guinada constante para a esquerda.
A quarta força de subversão provem dos que são simpatizantes e apoiam o partido comunista e o socialismo. Esses companheiros de viagem servem o comunismo como uma espécie de quinta coluna de “idiotas úteis” dentro da sociedade ocidental, ajudando a destruir a sua cultura, semear a degeneração moral e minar o governo legítimo.
Está muito além do escopo deste livro fornecer um relato abrangente da infiltração comunista no Ocidente, dada a sua natureza opaca e tortuosa. No entanto, com uma compreensão de aspectos mais gerais, nossos leitores poderão desenvolver uma imagem de como o espectro do mal opera, sendo capazes de enxergá-lo através das suas diversas camadas de fraude. Por uma questão de brevidade, este capítulo oferece uma visão geral da penetração do comunismo nos Estados Unidos e na Europa Ocidental.
1. O comunismo por meio da violência e da não violência
No imaginário popular, o Partido Comunista é sinônimo de violência e há boas razões para isso. No Manifesto Comunista, Marx e Engels disseram: “Os comunistas desdenham ocultar as suas opiniões e os seus propósitos. Eles declaram abertamente que os seus fins só podem ser alcançados pela transformação violenta de toda a ordem social existente.” [2]
O fato de que os regimes comunistas da Rússia e da China tomaram o poder por meio da revolução violenta e usaram a violência como uma ferramenta de repressão desviou a atenção das formas menos visíveis do comunismo.
O ramo do marxismo que defende a revolução violenta é representado pelo leninismo, que adaptou a teoria em dois aspectos significativos. Segundo Marx, a revolução comunista seria iniciada nos países capitalistas desenvolvidos, no entanto, Lenin acreditava que o socialismo poderia ser construído na Rússia, um país com um desenvolvimento econômico relativamente atrasado na época.
A segunda e mais importante contribuição de Lenin ao marxismo foi sua doutrina de construção partidária.
A construção de partidos consistia basicamente em adotar as técnicas de coerção, fraude e violência de organizações criminosas e em motivá-las com a teoria socioeconômica marxista. De acordo com Lenin, a classe trabalhadora é incapaz de desenvolver uma consciência de classe ou de fazer uma revolução por conta própria, e deve ser convocada para agir por meio de ação externa. Os agentes da revolução seriam organizados na forma de uma “vanguarda” proletária altamente disciplinada, o Partido Comunista.
A Sociedade Fabiana, fundada em 1884 na Inglaterra, um ano após a morte de Marx, tomou um caminho diferente na luta pela imposição do socialismo. O logo fabiano retrata um lobo em pele de ovelha, e o seu nome é uma referência a Quintus Fabius Maximus Verrucosus, um general romano e ditador que se tornou famoso por suas estratégias de protelação.
No Fabian Review, o primeiro panfleto produzido pelo grupo, uma nota na capa diz: “Você deve esperar o momento certo como Fabius fez pacientemente, quando estava em guerra contra Aníbal, ainda que muitos criticassem a sua demora. Quando chegar a hora, você deve atacar com força, como fez Fabius, ou a sua espera terá sido vã e infrutífera.” [3]
Para introduzir gradualmente o socialismo, a Sociedade Fabiana inventou a política de “permeação” para se introduzir em espaços disponíveis na política, nos negócios e na sociedade civil. A Sociedade Fabiana não restringe as atividades dos seus membros. Ao contrário, encoraja-os a promover os objetivos socialistas, unindo-se a organizações adequadas e se insinuando junto a figuras importantes como ministros e altos funcionários do Estado, industriais, reitores de universidades, líderes religiosos etc. Sidney Webb, um presidente da Sociedade Fabiana, assim se manifestou:
“Em nossa Sociedade [Fabiana] queremos a adesão de homens e mulheres de todas as religiões bem como quem não tem nenhuma crença religiosa, insistindo fortemente em dizer que o socialismo não é secularismo; e que o objetivo de toda ação coletiva sensata é o desenvolvimento da alma individual ou da consciência ou do caráter. … Não limitamos nossa propaganda ao Partido Trabalhista, que lentamente emerge, ou àqueles que já estão preparados para chamar a si mesmos de socialistas, ou aos trabalhadores braçais ou a qualquer outra classe em particular. Apresentamos nossas propostas, uma a uma, da maneira mais persuasiva possível, diante de todos que estejam dispostos a ouvir – conservadores, sempre que pudermos ter acesso a eles, pessoas de igrejas e capelas não importando o culto religioso, de universidades de todos os tipos, e liberais e radicais, juntamente com outras sociedades socialistas, a cada momento. Nós chamamos a isso de ‘permeação’ e foi uma descoberta importante.” [4]
Muitos membros da Sociedade Fabiana eram jovens intelectuais. Eles faziam discursos e publicavam livros, revistas e panfletos. No século 20, a Sociedade Fabiana entrou no cenário político. Sidney Webb tornou-se o representante dos fabianos no recém-formado Comitê de Representação Trabalhista do Partido Trabalhista.
No Partido Trabalhista, Webb elaborou o seu programa e o estatuto partidário. Assumindo um papel de liderança na formulação de políticas, Webb esforçou-se para fazer do socialismo fabiano a ideologia orientadora do Partido. Posteriormente, a Sociedade Fabiana adquiriu influência nos Estados Unidos, onde existem vários grupos nas faculdades de artes liberais em muitas universidades.
Tanto o comunismo violento de Lenin quanto o comunismo não violento da Sociedade Fabiana, ambos são manipulados pelo espectro maligno do comunismo e têm o mesmo objetivo principal. O comunismo violento de Lenin não rejeita os meios não violentos. Em seu livro “Left-Wing Communism: An Infantile Disorder” (Esquerdismo: doença infantil do comunismo), Lenin criticou os partidos comunistas da Europa Ocidental que se recusaram a cooperar com o que ele chamou de sindicatos trabalhistas “reacionários” ou a se juntar ao parlamento nacional “capitalista”.
Lenin escreveu: “A arte da política (e o entendimento correto de suas tarefas pelo revolucionário comunista) consiste em avaliar corretamente as condições e o momento em que a vanguarda do proletariado poderá assumir com sucesso o poder, quando será capaz, durante e depois da tomada do poder, de obter apoio adequado de um estrato suficientemente amplo da classe trabalhadora e das massas trabalhadoras não proletárias para assim, em seguida, manter, consolidar e ampliar seu domínio, educando, treinando e atraindo massas cada vez maiores de trabalhadores.” [5]
Lenin enfatizou diversas vezes que os comunistas devem ocultar as suas verdadeiras intenções. Para tomar o poder, nenhuma promessa ou compromisso pode ser descartado. Em outras palavras, para alcançar seus objetivos, eles poderiam ser inescrupulosos e mentirosos. No caminho para o poder, tanto o Partido Bolchevique da Rússia quanto o Partido Comunista Chinês empregaram ao máximo a violência e a astúcia.
A brutalidade dos regimes comunistas soviético e chinês desviou a atenção das pessoas do comunismo não violento encontrado no Ocidente. Bernard Shaw, um dramaturgo irlandês e representante da Sociedade Fabiana, escreveu: “Eu deixei bem claro que o socialismo significa igualdade de renda para todos, que sob o socialismo não é permitido ser pobre. Você será alimentado, vestido, abrigado, ensinado e empregado, quer você queira ou não. E se for constatado que você não valeu todo esse esforço, você pode até ser executado de maneira gentil.” [6]
A Sociedade Fabiana era perita na arte da dissimulação. Ela escolheu Bernard Shaw, um literato, para encobrir com belas palavras os verdadeiros objetivos do socialismo não violento. Mas a brutalidade está abaixo da superfície. Os partidos comunistas ocidentais e as suas várias organizações de vanguarda, para perseguir e intimidar os seus inimigos, incitam os jovens a criarem uma atmosfera de caos. Eles participam de agressões, vandalismo, roubos, incêndios criminosos, atentados a bomba e assassinatos.
2. Guerra de espionagem e desinformação
O comunismo considera a nação uma construção opressiva da sociedade de classes e visa a abolir a nacionalidade. No “Manifesto Comunista”, Marx e Engels proclamam que “os trabalhadores não têm país”. O Manifesto termina com a exortação: “Trabalhadores de todos os países, uni-vos!”
Sob a liderança de Lenin, os bolcheviques fundaram o primeiro país socialista na Rússia e imediatamente estabeleceram a Internacional Comunista (Comintern) para instigar e disseminar a revolução socialista ao redor do mundo. O objetivo da União Soviética e do Comintern era derrubar os regimes legítimos de todas as nações e estabelecer uma ditadura socialista mundial do proletariado. Em 1921, o ramo do Comintern no Extremo Oriente estabeleceu o Partido Comunista Chinês, que tomaria o poder na China em 1949.
Além do Partido Comunista Chinês, partidos comunistas ao redor do mundo buscaram a orientação do Comintern e aceitaram os seus recursos e treinamento. Com os recursos de um vasto império à sua disposição, o Partido Comunista da União Soviética (PCUS) recrutou ativistas em todo o mundo e os treinou para realizar operações subversivas em seus próprios países.
Fundado em 1919, o Partido Comunista dos EUA (CPUSA) foi uma dessas organizações ligadas ao Comintern e ao PCUS. Embora o próprio CPUSA nunca tenha se tornado uma grande força política, sua influência nos Estados Unidos, no entanto, foi significativa. O CPUSA colaborou com ativistas e organizações ativistas para se infiltrarem nos movimentos de trabalhadores e de estudantes, na igreja e no governo.
O Dr. Fred Schwartz, um pioneiro do pensamento anticomunista americano, disse em 1961: “Qualquer tentativa de julgar a influência dos comunistas por seus números é como tentar determinar a integridade do casco de uma embarcação relacionando a área com buracos à área íntegra. Um buraco pode afundar um navio. O comunismo é a teoria dos poucos disciplinados que controlam e dirigem o resto. Uma pessoa em uma posição estratégica pode controlar e manipular milhares de outras pessoas.” [7]
Sabe-se agora que agentes soviéticos exerceram atividades no governo dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Apesar disso e dos esforços anticomunistas do senador Joseph McCarthy, esses fatos foram ocultados do público por políticos esquerdistas, acadêmicos e pela mídia de esquerda.
Na década de 1990, o governo dos EUA desclassificou os “Arquivos de Venona” decodificados pela inteligência americana durante a década de 1940 até o final da Segunda Guerra Mundial. Esses documentos mostram que pelo menos 300 espiões soviéticos estavam trabalhando no governo dos EUA, incluindo altos funcionários do governo Roosevelt que tinham acesso a informações ultrassecretas. Outros agentes usaram as suas posições para influenciar a elaboração de políticas e a governabilidade americana.
Entre os espiões soviéticos estavam Harry Dexter White, funcionário do Departamento de Estado dos EUA, Alger Hiss, do Departamento de Estado, e Julius e Ethel Rosenberg, o casal que foi executado em cadeira elétrica por transmitir segredos militares e tecnologias atômicas à União Soviética.
As comunicações interceptadas e decodificadas pelo Projeto Venona são apenas a ponta do iceberg, pois a extensão total da infiltração soviética no governo dos EUA ainda é desconhecida. Na condição de oficiais do alto escalão do governo dos EUA, alguns agentes soviéticos tiveram a oportunidade de influenciar importantes decisões políticas.
Alger Hiss, o espião soviético no Departamento de Estado, desempenhou papel fundamental como conselheiro do presidente Roosevelt durante a Conferência de Yalta no final da Segunda Guerra Mundial. Ele ajudou a formular os acordos territoriais do pós-guerra, a redigir a Carta das Nações Unidas, a tomar decisões sobre as trocas de prisioneiros, dentre outros assuntos do gênero.
Harry Dexter White, um assessor de confiança do secretário do Tesouro, Henry Morgenthau Jr., ajudou a elaborar o acordo de Bretton Woods sobre as relações comerciais e financeiras entre os países e foi uma das principais personalidades por trás do estabelecimento do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.
White encorajou o Partido Nacionalista Chinês (Kuomintang) a oferecer emprego no Ministério das Finanças da China a Yi Zhaoding, um membro clandestino do Partido Comunista Chinês. Yi, que assumiu o cargo em 1941, foi o arquiteto das reformas cambiais desastrosas que prejudicaram a reputação do Kuomintang e favoreceram a ascensão do PCC.
Alguns historiadores argumentam que a influência dos espiões soviéticos e dos seus simpatizantes esquerdistas na política externa americana levou os Estados Unidos a cortarem a ajuda militar ao Kuomintang durante a Guerra Civil chinesa que se seguiu à Segunda Guerra Mundial. Em consequência disso, a China continental caiu em poder do Partido Comunista Chinês.
Alguns estudiosos, como M. Stanton Evans, argumentam que os espiões soviéticos tiveram muito sucesso em influenciar as políticas. [8] Whittaker Chambers, um informante soviético e associado da CPUSA, que posteriormente desertou e testemunhou contra outros espiões, disse: “Os agentes de uma potência inimiga podiam fazer muito mais do que roubar documentos. Eles podiam influenciar a política externa da nação em favor do principal inimigo da nação, e não apenas em situações excepcionais, … mas no que pode ter sido a desconcertante soma de decisões diárias.” [9]
Yuri Bezmenov, um agente do KGB que desertou para o Ocidente, discorreu sobre os métodos soviéticos de subversão em seus escritos, palestras e entrevistas. De acordo com Bezmenov, os espiões da cultura popular no estilo James Bond, que explodem pontes ou roubam documentos secretos, não poderiam estar mais longe da realidade da espionagem. Apenas 10 a 15% do pessoal e dos recursos do KGB eram alocados para as operações tradicionais de espionagem, sendo a maioria dos recursos destinada à subversão ideológica.
Bezmenov disse que a subversão ocorre em quatro estágios: o primeiro passo é promover a decadência cultural e a desmoralização do país inimigo, o segundo é criar o caos social, e o terceiro é instigar uma crise, que levaria a uma guerra civil, à revolução ou a uma invasão externa, culminando no quarto e último estágio que seria colocar o país sob o controle do Partido Comunista. Isso é chamado de normalização.
Bezmenov, também conhecido como Thomas Schumann, listou três campos de subversão, que incluem o pensamento, o poder e a vida social. O pensamento abrange a religião, educação, mídia e cultura. O poder inclui a administração do governo, sistema legal, aplicação da lei, forças armadas e diplomacia. A vida social engloba as famílias e comunidades, saúde e relações entre as pessoas de diferentes raças e classes sociais.
Como exemplo, Bezmenov explicou como o conceito de igualdade era manipulado para criar inquietação. Os agentes promoveriam a causa do igualitarismo, fazendo com que as pessoas se sentissem descontentes com as suas circunstâncias políticas e econômicas. O ativismo e a agitação civil seriam acompanhados por um impasse econômico, exacerbando ainda mais as relações de trabalho e de capital, criando um processo de desestabilização crescente. Isso culminaria na revolução ou invasão por forças comunistas. [10]
Ion Mihai Pacepa, o oficial de inteligência do mais alto escalão da Romênia comunista, desertou para os Estados Unidos em 1978. Ele expôs detalhadamente como a antiga União Soviética e os regimes comunistas da Europa Oriental adotaram estratégias de guerra psicológica e desinformação contra países ocidentais. Segundo Pacepa, o propósito da desinformação era alterar os parâmetros de referência das pessoas. Com os seus valores ideológicos manipulados, as pessoas seriam incapazes de compreender ou aceitar a verdade, mesmo quando confrontadas com evidências inequívocas. [11]
Bezmenov disse que o primeiro estágio da subversão ideológica dura geralmente 15 a 20 anos, ou seja, o tempo necessário para a educação de uma nova geração; a segunda fase, de dois a cinco anos; e a terceira fase de apenas três a seis meses. Em um discurso proferido em 1984, Bezmenov disse que o primeiro estágio foi realizado com maior sucesso do que as autoridades soviéticas esperavam inicialmente.
Os relatos de muitos espiões e oficiais de inteligência soviéticos, além dos documentos desclassificados da Guerra Fria, sugerem que as táticas de infiltração foram a força motriz por trás do movimento da contracultura dos anos 60.
Em 1950, o senador Joseph McCarthy começou a expor a extensão da infiltração comunista no governo e na sociedade dos EUA. Mas quatro anos depois, o Senado votou por sua condenação, e a ação do governo destinada a livrar o país da influência comunista foi interrompida. Essa é uma das principais razões para o declínio dos Estados Unidos.
A ameaça da infiltração comunista não diminuiu com o colapso da União Soviética e o fim da Guerra Fria. Um exemplo disso é que Joseph McCarthy tem sido demonizado por políticos de esquerda e pela mídia há décadas. O Macarthismo é hoje sinônimo de perseguição política, um indício de que a esquerda assumiu com sucesso o domínio da luta ideológica.
As décadas de repressão e difamação impostas aos heróis anticomunistas americanos, como McCarthy, refletem uma tendência geral. Como observou um comentarista político americano conservador, o antiamericanismo é um componente natural do movimento esquerdista global, que luta com garras e dentes para proteger criminosos e comunistas, apoiando a anarquia e se opondo à civilização.
3. Do New Deal ao progressismo
Numa quinta-feira, 24 de outubro de 1929, ocorreu a queda da bolsa de valores de Nova York. A crise se espalhou do setor financeiro para toda a economia, sem poupar nenhuma das principais nações desenvolvidas do Ocidente. O desemprego atingiu mais de um quarto da população e o número total de desempregados ultrapassou 30 milhões. Com a exceção da União Soviética, a produção industrial nos principais países industriais caiu em média 27%. [12]
No início de 1933, no período de 100 dias depois da posse de Roosevelt, foram apresentados inúmeros projetos sobre o tema da resolução da crise. As políticas aumentaram a intervenção do governo na economia e aprovaram reformas importantes: o Congresso dos Estados Unidos promulgou a Lei Bancária de Emergência, a Lei de Ajuste Agrícola, a Lei de Recuperação da Indústria Nacional e a Lei de Previdência Social. Embora o New Deal de Roosevelt tenha essencialmente terminado com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, muitas das instituições e organizações que surgiram durante o período continuaram a moldar a sociedade americana até os dias atuais.
Roosevelt promulgou mais ordens executivas do que o número total desses decretos baixados até então por todos os presidentes americanos do século 20. No entanto, a taxa de desemprego nos EUA não caiu abaixo de dois dígitos até a guerra. O efeito real do New Deal foi colocar o governo dos EUA em um cenário de alta taxação, governo hipertrofiado e intervencionismo econômico.
Em seu livro de 2017, “A grande mentira: expondo as raízes nazistas da esquerda americana”, o pensador conservador Dinesh D’Souza argumentou que a Lei de Recuperação da Indústria Nacional (NIRA) de 1933, que constituía a peça central do New Deal de Roosevelt, significou essencialmente o fim do mercado livre dos EUA. [13]
De acordo com “FDR’s Folly”, um livro de 2003 do historiador Jim Powell, o New Deal prolongou a Grande Depressão ao invés de acabar com ela: a Lei de Seguridade Social e as leis trabalhistas estimularam o desemprego, enquanto altos impostos oneraram empresas, entre outros problemas. [14] O economista e ganhador do Prêmio Nobel Milton Friedman elogiou o trabalho de Powell, dizendo: “Como Powell demonstra, sem sombra de dúvida, o New Deal impediu a recuperação da recessão, prolongou e aumentou o desemprego e preparou o terreno para governos cada vez mais autoritários e onerosos.” [15]
O presidente Lyndon Johnson, que assumiu o cargo após o assassinato do presidente Kennedy em 1963, declarou guerra contra a pobreza em seu discurso sobre o estado da União de 1964 e lançou os programas domésticos da Grande Sociedade. Em um curto período, Johnson emitiu uma série de ordens executivas, estabeleceu novas agências governamentais, reforçou o Estado de bem-estar social, aumentou os impostos e aumentou drasticamente o papel e o poder do governo.
É interessante notar as semelhanças entre as medidas administrativas do presidente Johnson e “Um novo programa da nova agenda do Partido Comunista dos EUA”, publicado em 1966. Gus Hall, secretário-geral do CPUSA, disse: “A atitude comunista em relação à Grande Sociedade pode ser resumida em um velho ditado que diz que dois homens que dormem na mesma cama podem ter sonhos diferentes. Nós comunistas apoiamos todas as medidas do conceito da Grande Sociedade porque sonhamos com o socialismo.”
A “mesma cama” de Hall refere-se às políticas da Grande Sociedade. [16] Embora o CPUSA também apoiasse a iniciativa da Grande Sociedade, a intenção do governo Johnson era produzir melhoras nos Estados Unidos sob um sistema democrático. A intenção do Partido Comunista era fazer com que os EUA se acostumassem paulatinamente com o socialismo.
As consequências mais graves da Grande Sociedade e da Guerra à Pobreza são três: aumentaram a dependência das pessoas em relação ao governo, desestimularam as pessoas a trabalhar e instituíram políticas que danificaram a estrutura familiar. As políticas de bem-estar favoreciam famílias monoparentais, incentivando o divórcio e filhos extraconjugais. Segundo as estatísticas, a taxa de crianças nascidas fora do casamento em 1940 era de 3,8% entre todos os recém-nascidos; em 1965, esse número aumentou para 7,7%. Em 1990, 25 anos após a reforma da Grande Sociedade, o número era de 28% e subiu novamente para 40% em 2012. [17]
A desintegração da família trouxe consigo uma série de consequências generalizadas, como um aumento do ônus financeiro para o governo, uma taxa de criminalidade crescente, o declínio da educação familiar, famílias que estão empobrecidas há várias gerações e uma mentalidade de que certos direitos e prerrogativas estão assegurados, o que levou a uma taxa mais elevada de desemprego voluntário.
De acordo com uma citação atribuída ao historiador e jurista escocês Lorde Alexander Fraser Tyler: “Uma democracia não pode existir como uma forma permanente de governo. Só pode existir até os eleitores descobrirem que podem votar por uma fatia cada vez maior do tesouro público. Daí em diante, a maioria sempre votará nos candidatos que lhes prometam o máximo de benefícios. Como resultado de políticas fiscais frouxas, a democracia desmoronará, dando lugar a uma ditadura.” [18]
Como diz o seguinte ditado chinês: “É fácil ir da parcimônia à extravagância, no entanto, o contrário é difícil.” Depois que as pessoas desenvolvem uma dependência do assistencialismo, torna-se impossível para o governo reduzir a quantidade e os tipos de benefícios. O Estado de bem-estar social (welfare state) do Ocidente tornou-se um atoleiro político para o qual políticos e autoridades não têm solução.
Na década de 1970, a extrema esquerda abandonou os termos revolucionários que mantinham o povo americano reticente e os substituiu por termos mais neutros e aceitos como “liberalismo” ou “progressismo”. O termo “progresso” não é estranho para muitos leitores de países comunistas, pois, conforme o materialismo histórico, tem sido usado pelo Partido Comunista como um quase sinônimo de “comunismo”. Por exemplo, o termo “movimento progressista” era usado para se referir ao “movimento comunista” e “intelectuais progressistas” referia-se a “indivíduos pró-comunistas” ou membros clandestinos do Partido Comunista.
Da mesma forma, o liberalismo não é substancialmente diferente do progressismo comunista, pois converge em traços fundamentais como alta tributação; políticas de bem-estar social expansivas; governo inchado; repúdio às tradições, a religião/espiritualidade e a moral; o uso da “justiça social” como uma arma política; o “politicamente correto”; e a promoção sistemática do feminismo, homosexalidade, perversão sexual e coisas do tipo.
Não pretendemos apontar o dedo para nenhuma figura política ou indivíduo, pois é difícil fazer análises e julgamentos corretos em meio a acontecimentos históricos complexos. É claro que o espectro do comunismo tem operado no Oriente e no Ocidente desde o início do século 20. Quando a revolução violenta eclodiu no Oriente, ela espalhou a influência do comunismo para os governos e as sociedades ocidentais, direcionando-os sempre para a esquerda.
Principalmente depois da Grande Depressão e no final da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos adotaram políticas cada vez mais socialistas, cada vez mais alinhadas com o welfare state e em direção ao ateísmo e materialismo que corromperam o tecido moral da sociedade. As pessoas se distanciaram de Deus e da moralidade tradicional, enfraquecendo a sua resistência à ação mailgna e dissimulada do espectro do mal.
4. A revolução cultural do Ocidente
Os anos 60, uma época decisiva da história moderna, testemunharam um movimento da contracultura sem precedentes do Oriente para o Ocidente. Diferentemente da Revolução Cultural dos comunistas chineses, o movimento da contracultura ocidental parecia ter múltiplos focos, ou melhor, nenhum foco.
Ao longo da década de 1960 a 1970, os em sua maioria jovens participantes do movimento da contracultura foram motivados por vários interesses, como oposição à Guerra do Vietnã, luta pelos direitos civis, defesa do feminismo e denúncia do patriarcado, defesa dos direitos dos homossexuais, entre outros. Em suma, foi um espetáculo extravagante de movimentos contra a tradição e a autoridade estabelecida; movimentos que defendiam coisas como liberação sexual e faziam apologia às drogas.
O objetivo dessa revolução cultural do Ocidente é destruir a dignidade da civilização cristã e a sua cultura tradicional. Ainda que aparentemente desestruturada e caótica, essa mudança cultural tem a sua origem no comunismo.
Os jovens engajados no movimento da contracultura reverenciavam seus três ídolos, ou “os Três Ms” – Marx, Marcuse e Mao Tsé-tung.
Herbert Marcuse foi um membro-chave da Escola de Frankfurt, um grupo de intelectuais marxistas associados ao Instituto de Pesquisa Social da Universidade Goethe, em Frankfurt. A Escola foi estabelecida pela primeira vez em 1923, e seus fundadores usaram o conceito da teoria crítica para atacar a civilização ocidental e aplicar o marxismo à esfera cultural.
Um dos fundadores da Escola foi o marxista húngaro György Lukács. Em 1919, ele formulou a famosa pergunta: “Quem pode nos salvar da civilização ocidental?” [20] A esse respeito, ele disse que o Ocidente é culpado de crimes genocidas contra todas as civilizações e culturas que ele encontrou. De acordo com Lukács, a civilização americana e ocidental são os maiores repositórios mundiais do racismo, sexismo, nativismo, xenofobia, antissemitismo, fascismo e narcisismo.
Em 1935, os marxistas da Escola de Frankfurt mudaram-se para os Estados Unidos e filiaram-se à Universidade de Columbia em Nova York. Isso lhes possibilitou divulgar as suas teorias em solo americano. Com a ajuda de outros acadêmicos de esquerda, eles corromperam várias gerações de jovens americanos.
Combinando o marxismo com o pansexualismo freudiano, as teorias de Marcuse catalisaram o movimento de liberação sexual. Marcuse acreditava que a repressão da natureza de uma pessoa na sociedade capitalista impede a libertação e a independência. Portanto, era necessário se opor a todas as religiões tradicionais, à moralidade, à ordem e à autoridade, a fim de transformar a sociedade em uma utopia de prazer ilimitado e de fácil acesso.
A famosa obra de Marcuse, “Eros e Civilização”, ocupa lugar importante na vasta quantidade de obras de intelectuais de Frankfurt, por duas razões específicas: primeiro, o livro combina os pensamentos de Marx e Freud e transforma as críticas de Marx sobre a política e a economia em uma crítica sobre a cultura e a psicologia. O livro também construiu pontes entre os teóricos de Frankfurt e os jovens leitores, ensejando a rebelião cultural dos anos 60.
Marcuse disse: “[O movimento da contracultura pode ser chamado de] uma revolução cultural, uma vez que o protesto é direcionado contra todo o estabelecimento cultural, incluindo a moralidade da sociedade vigente. … Há uma coisa que podemos dizer com total segurança: a ideia tradicional de revolução e a estratégia tradicional da revolução terminaram. Essas ideias estão ultrapassadas. … O que devemos empreender é um tipo de desintegração difusa e dispersa do sistema.” [21]
Poucos dentre os jovens rebeldes compreendiam as teorias arcanas da Escola de Frankfurt, mas as ideias de Marcuse eram simples: ser antitradição, antiautoridade e antimoralidade. Deliciem-se com sexo, drogas e rock and roll sem restrições. “Faça amor, não faça guerra.” Enquanto você disser “não” a todas as normas das autoridades e da sociedade, você será considerado um participante da “nobre causa revolucionária”. Nesses termos, era simples e fácil tornar-se um revolucionário. Não admira que Marcuse tenha atraído tantos jovens naquela época.
É importante salientar que, ainda que muitos dos jovens rebeldes tenham agido por conta própria, vários líderes estudantis mais radicais na vanguarda do movimento foram treinados e manipulados por comunistas estrangeiros. Por exemplo, os líderes dos Estudantes para uma Sociedade Democrática (SDS) foram treinados em Cuba.
Os protestos estudantis foram diretamente organizados e instigados por grupos comunistas. A facção The Weathermen, de extrema esquerda, separou-se do grupo SDS e fez o seguinte anúncio numa declaração de 1969: “A contradição entre os povos revolucionários da Ásia, África e América Latina, bem como os imperialistas encabeçados pelos Estados Unidos, é a principal contradição no mundo contemporâneo. O desenvolvimento dessa contradição está promovendo a luta dos povos de todo o mundo contra o imperialismo americano e seus lacaios.” Essas palavras foram escritas por Lin Biao, na época o segundo mais poderoso líder da China comunista, e foram extraídas da sua série de artigos intitulada “Vida longa à vitória da guerra popular!” [22]
Assim como a Revolução Cultural causou danos irreversíveis à cultura tradicional chinesa, o movimento da contracultura causou uma reviravolta titânica na sociedade ocidental. Em primeiro lugar, ele normalizou muitas subculturas que pertenciam às camadas inferiores da sociedade, ou eram variações desviantes da cultura dominante. A liberação sexual, as drogas e o rock and roll corroeram rapidamente os valores morais da juventude e os transformaram em uma força corrosiva adormecida que era contra Deus, contra a tradição e contra a sociedade.
Em segundo lugar, o movimento da contracultura estabeleceu um precedente para o ativismo caótico e fomentou uma ampla gama de formas antissociais e antiamericanas de pensamento, preparando o terreno para os protestos de rua que se seguiriam.
Em terceiro lugar, após encerrar o seu estilo de vida ativista, a juventude dos anos de 1960 ingressou em universidades e institutos de pesquisa, concluiu seus mestrados e doutorados e integrou-se à sociedade americana mais ampla. Eles trouxeram consigo a visão de mundo marxista e seus valores em educação, mídia, política e negócios, promovendo uma revolução não violenta em todo o país.
A partir da década de 1980, a esquerda se impôs e conquistou espaço na grande mídia, no meio acadêmico e em Hollywood. A presidência de Ronald Reagan reverteu brevemente essa tendência, apenas para que ela recomeçasse nos anos 90 e atingisse o seu pico nos últimos anos.
5. Os movimentos antiguerra e dos direitos civis
No livro intitulado “1984” de George Orwell, um dos quatro principais ministérios da Oceania é o Ministério da Paz, que administra os assuntos militares do Partido. Se entendermos a “paz” como mencionada no livro, veremos que contém um significado profundo: quando a força de alguém é inferior à do inimigo, a melhor estratégia é mostrar que se deseja a paz. Oferecer um ramo de oliveira ao inimigo e ganhar tempo é a melhor maneira de ocultar o fato de estar se preparando para ganhar a guerra mais adiante. A União Soviética e outros países comunistas foram e continuam adeptos dessa estratégia, que é usada para se infiltrar no Ocidente.
O Conselho Mundial da Paz foi formado em 1948. Seu primeiro presidente foi o físico francês Joliot-Curie, membro do Partido Comunista da França. Quando a Segunda Guerra Mundial terminou, os Estados Unidos eram o único país com a bomba atômica.
Depois de sofrer enormes perdas na guerra, a União Soviética promoveu vigorosamente a paz mundial como um estratagema para evitar a pressão do Ocidente. O Conselho Mundial da Paz era diretamente controlado pela Comissão de Paz Soviética, uma organização filiada ao Partido Comunista Soviético. O Conselho difundiu uma narrativa que proclamava a União Soviética um país amante da paz e condenava os Estados Unidos como um país hegemônico belicista.
Mikhail Suslov, um membro do alto escalão soviético e líder ideológico, promoveu uma “luta pela paz” que se tornou um elemento da retórica soviética.
“O atual movimento antiguerra é um testemunho da vontade e da prontidão de grande parte da população de salvaguardar a paz e impedir que agressores mergulhem a humanidade no abismo de outro massacre”, escreveu Suslov em um panfleto de propaganda em 1950. “A tarefa agora é transformar essa vontade das massas em ações ativas e concretas destinadas a frustrar os planos e medidas dos instigadores da guerra, os anglo-americanos.” [23]
A União Soviética patrocinou inúmeras organizações e grupos, como a Federação Mundial dos Sindicatos, a Associação Mundial da Juventude, a Federação Internacional das Mulheres, a Federação Internacional dos Jornalistas, a Aliança Mundial da Juventude Democrática, a Associação Mundial de Cientistas, entre outros, para apoiar as reivindicações do Conselho Mundial da Paz. A “paz mundial” tornou-se uma das linhas de frente da guerra de opinião pública comunista contra o mundo livre.
Vladimir Bukovsky, um renomado dissidente soviético, escreveu em 1982 que “os membros da velha geração ainda se lembram das marchas, dos comícios e das petições dos anos 50. … Não é segredo hoje em dia que toda a campanha foi organizada, conduzida e financiada por Moscou, por meio do chamado Fundo para a Paz e do Conselho Mundial da Paz dominado pelos soviéticos.” [24]
Segundo o secretário-geral do Partido Comunista dos EUA, Gus Hall: “Há uma necessidade de expandir a luta pela paz, disseminá-la, envolver mais pessoas e torná-la um tema atual em todas as comunidades, em todos os grupos de pessoas, nos sindicatos, nas igrejas, nas famílias, nas ruas, em cada um dos lugares ondes as pessoas se reúnem.” [25]
Os soviéticos impulsionaram o movimento da “luta pela paz” em três ondas durante a Guerra Fria, sendo a primeira nos anos 50. O segundo clímax foi o movimento antiguerra das décadas de 1960 e 1970. De acordo com o testemunho de Stanislav Lunev, um ex-oficial do GRU (Departamento Central de Inteligência) soviético que desertou da Rússia para os Estados Unidos em 1992, o montante gasto pela União Soviética em propaganda antiguerra nos países ocidentais foi o dobro do que foi gasto em apoio militar e econômico ao Vietnã do Norte. Ele disse que “o GRU e o KGB financiaram quase todos os movimentos antiguerra nos Estados Unidos e em outros países”. [26]
Ronald Radosh, um ex-marxista e ativista durante o movimento antiguerra do Vietnã, admitiu que “nossa intenção nunca foi acabar com a guerra, tanto quanto usar o sentimento antiguerra para criar um movimento socialista revolucionário no país”. [27]
O terceiro grande movimento antiguerra ocorreu no início dos anos 80, quando os Estados Unidos implantaram mísseis nucleares de alcance intermediário na Europa. Manifestantes antiguerra exigiram que tanto a União Soviética quanto os Estados Unidos limitassem os seus arsenais nucleares, mas a União Soviética nunca respeitou nenhum tratado internacional.
Um estudo realizado pelo Comitê Judiciário do Senado dos EUA em 1955 constatou que durante os trinta e oito anos transcorridos desde a fundação do regime soviético, a União Soviética havia assinado quase mil tratados bilaterais ou multilaterais com vários países do mundo, mas descumprira quase todas as promessas e acordos firmados. [28] Os autores do estudo observaram que a União Soviética era provavelmente a menos confiável de todas as grandes nações da história.
Segundo Trevor Loudon, durante a década de 1980, o movimento antinuclear da Nova Zelândia foi secretamente patrocinado pela União Soviética, por meio de agentes especiais treinados. Como resultado, a Nova Zelândia retirou-se do Tratado de Segurança da Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos (ANZUS ou Tratado ANZUS), expondo diretamente este pequeno país, com uma população de menos de 4 milhões de pessoas, à ameaça do comunismo. [29]
Após os ataques de 11 de setembro, houve uma série de manifestações antiguerra e protestos em grande escala nos Estados Unidos. Organizações intimamente relacionadas aos comunistas estavam por trás desses protestos. [30]
Até mesmo o aclamado movimento americano pelos direitos civis foi influenciado pelo espectro do comunismo. Ao comparar as revoluções comunistas na China, em Cuba e na Argélia, o pensador americano G. Edward Griffin observou que o movimento dos direitos civis seguiu o mesmo padrão geral. No primeiro estágio, as pessoas foram divididas em grupos diferentes e mutuamente conflitantes. No segundo estágio, uma frente unida foi estabelecida para criar uma ilusão de apoio geral; no terceiro estágio, o movimento avançou contra a oposição. O quarto estágio consistiu em incitar a violência e, no quinto estágio, foi dado um golpe e o poder foi tomado sob o disfarce de uma revolução. [31]
No final da década de 1920, o Partido dos Trabalhadores, que é comunista, descobriu o grande potencial da revolução entre os negros americanos. Eles pediram o estabelecimento de uma “República Negra” soviética no Centro-sul do país, que possui uma grande população negra. [32] Um manual de propaganda comunista publicado em 1934, “Os negros na América soviética”, propunha uma revolução racial no Sul combinada com uma revolução proletária geral. [33]
Os movimentos pelos direitos civis nos Estados Unidos na década de 1960 receberam apoio dos partidos comunistas soviético e chinês. Quando Leonard Patterson, um negro e ex-membro do Partido Comunista dos EUA, que recebeu treinamento em Moscou, retirou-se do CPUSA, ele testemunhou que a insurreição e os tumultos entre os negros americanos foram fortemente apoiados pelo Partido Comunista dos EUA. Patterson e o secretário-geral do CPUSA, Gus Hall, estiveram em Moscou para receber treinamento. [34]
A intensificação do movimento pelos direitos civis também coincide com a campanha do Partido Comunista Chinês de exportação da revolução. Em 1965, o PCC apresentou o slogan “revolução internacional”, com um apelo para que o “amplo setor rural” da Ásia, África e América Latina cercasse as “cidades internacionais” da Europa Ocidental e da América do Norte, como exemplificado pelo próprio PCC, que inicialmente tomou o campo e depois derrotou o Kuomintang nas cidades durante a Guerra Civil Chinesa.
As organizações mais violentas do movimento pelos direitos dos negros, como o Movimento de Ação Revolucionária e os maoístas Panteras Negras, foram todas apoiadas ou diretamente influenciadas pelo Partido Comunista Chinês. O Movimento de Ação Revolucionária defendeu a revolução violenta e foi considerado uma organização extremista perigosa pela sociedade como um todo. Ele foi desmantelado em 1969.
O Partido Comunista Chinês foi o modelo seguido pelos Panteras Negras, tanto em sua forma como em seus ensinamentos. Alguns dos seus slogans eram “o poder político brota do cano de uma arma” e “todo o poder pertence ao povo”. As “Citações do presidente Mao Tsé-tung” eram uma leitura obrigatória para todos os membros. Assim como o PCC, os Panteras Negras também defendiam a revolução violenta. Um dos seus líderes, Eldridge Cleaver, previu em 1968 uma onda de terror, violência e guerrilha. Em muitas reuniões de negros, os participantes agitavam o Pequeno Livro Vermelho (ou “Citações do presidente Mao”). O mar vermelho tinha uma notável semelhança com cenas ocorridas na China na mesma época. [35]
Embora muitos dos apelos do movimento dos direitos civis tenham sido aceitos pela sociedade dominante, a ideologia revolucionária e radical negra não desapareceu. Recentemente, ela ressurgiu como o movimento Black Lives Matter (As Vidas Negras Importam). [36]
No mundo inteiro, as pessoas desejam a paz, e o pacifismo é um ideal antigo. No século 20, pessoas de grande visão e compaixão dedicaram seus esforços para reduzir os mal-entendidos e conflitos entre as nações. Devido a circunstâncias históricas, a discriminação racial existe nos Estados Unidos e em outros países ocidentais. As pessoas tentam eliminar a discriminação racial por meio da educação, da mídia e dos protestos, todos os quais são compreensíveis.
Mas o espectro maligno do comunismo sabe tirar vantagem das tendências ideológicas e dos conflitos sociais nos países ocidentais. Ele semeia a discórdia, incita o ódio e cria violência, enquanto ilude e manipula massas de pessoas que inicialmente não tinham más intenções.
6. Os novos marxistas que adoram Satanás
Quando a revolução nas ruas promovida por jovens ocidentais estava a todo vapor na década de 1960, houve quem repudiasse a ingenuidade, a sinceridade e o idealismo deles. “Caso um verdadeiro radical entenda que ter cabelo comprido cria barreiras psicológicas para a promoção e a organização do movimento, ele deve cortar o cabelo”, disse essa pessoa. Tratava-se de Saul Alinsky, um ativista radical que escreveu livros, doutrinou estudantes e supervisionou pessoalmente a implementação das suas teorias, acabando por se tornar o agitador “paracomunista” que exerceu a influência mais perniciosa entre a juventude durante décadas.
Além de reverenciar Lenin e Castro, Alinsky também elogiou explicitamente o próprio diabo. No seu livro “Rules for Radicals” (Regras para Radicais) uma das epígrafes diz: “Não nos esqueçamos de dar devido crédito ao primeiro verdadeiro radical: … Lúcifer – o primeiríssimo radical conhecido pelo homem que se rebelou contra o sistema e que o fez de forma tão eficaz que, no mínimo, conseguiu o seu próprio reino.”
A razão pela qual Alinsky é caracterizado como “paracomunista” é porque ele não se enquadra na Velha Esquerda (esquerdistas políticos) dos anos de 1930 nem na New Left (esquerdistas culturais) dos anos de 1960. Sua visão geral era de que no mundo há “os que têm”, há “os que têm pouco e querem mais” e há “os que não têm”. Ele convocou os “que não têm” a se rebelarem contra “os que têm”, não importa como, e a tomar a riqueza e o poder para criar uma sociedade completamente “igual”. Ele procurou tomar o poder por qualquer meio, e ao mesmo tempo destruir o sistema social existente. Ele foi chamado de Lenin da esquerda pós-comunista e de “Sun-Tzu” desta nova fase. [37]
Em “Rules for Radicals”, publicado em 1971, Alinsky estabeleceu sistematicamente a sua teoria e os métodos de organização comunitária. Essas regras incluem: “Uma estratégia que se prolonga demais se torna contraproducente;” “Mantenha a pressão;” “A ameaça é mais atemorizante do que a própria ação;” “A ridicularização é a arma mais poderosa do homem;” “Escolha o alvo, congele-o, personalize-o e polarize-o.” [38] A essência das suas regras era o uso de meios inescrupulosos para alcançar os seus objetivos e ganhar poder.
As regras abertamente deselegantes de Alinsky para a organização da comunidade revelam sua verdadeira natureza quando postas em prática. Em 1972, ainda durante a Guerra do Vietnã, George H.W. Bush, então embaixador dos EUA nas Nações Unidas, discursou na Universidade de Tulane. Estudantes com posicionamento antiguerra foram se aconselhar com Alinsky, e ele disse que um protesto nos moldes tradicionais provavelmente os levaria a serem expulsos. Então, ele sugeriu que os estudantes se vestissem como os membros da Ku Klux Klan e, sempre que Bush defendesse a Guerra do Vietnã, eles se levantassem com cartazes e dissessem “a KKK apoia Bush”. Os jovens fizeram isso “e atraíram muita atenção”. [39]
Alinsky e seus seguidores ficaram muito satisfeitos com outros dois protestos que ele planejou. Em 1964, em negociações com autoridades da cidade de Chicago, Alinsky concebeu o seguinte plano: preparar 2500 ativistas para ocupar os banheiros do Aeroporto Internacional O’Hare em Chicago, um dos mais movimentados do mundo, para forçá-lo a interromper as suas operações. Antes que o plano fosse executado, Alinsky o revelou, forçando as autoridades a negociarem. [40]
Para forçar a Kodak, a maior empregadora de Rochester, Nova York, a aumentar a proporção de empregados negros em relação aos brancos, Alinsky propôs uma tática semelhante. Informado de que a Orquestra Filarmônica de Rochester, uma importante tradição cultural da cidade, se apresentaria nos próximos dias, Alinsky planejou a compra de centenas de ingressos para os seus ativistas e alimentá-los apenas com feijão cozido. Eles então encheriam o teatro e arruinariam o espetáculo por causa da sua flatulência. Este episódio não se concretizou, mas a ameaça de realizá-lo, assim como outras táticas de Alinsky, fortaleceram a sua posição nas negociações.
O livro de Alinsky passa a impressão de que o autor é um indivíduo sinistro, frio e calculista. O seu uso da “organização comunitária” era realmente uma forma de revolução gradual. [41]
Havia várias diferenças entre Alinsky e os seus precursores. Em primeiro lugar, tanto os antigos quanto os novos esquerdistas eram pelo menos idealistas na sua retórica, enquanto Alinsky despojava a “revolução” do seu verniz idealista e a expunha como uma crua luta por poder. Nos treinamentos para organizações comunitárias, ele costumava perguntar aos treinandos: “Por que é necessário se organizar?” Alguns diziam que era para ajudar uns aos outros, mas Alinsky retorquia aos gritos: “Você se organiza para ter poder!” [42]
O manual de treinamento adotado pelos seguidores de Alinsky continha a seguinte passagem: “Não querer o poder não nos torna virtuosos. … Não querer ter o poder é covardia;” “O poder é bom. … A falta de poder é o mal.” [43]
Em segundo lugar, Alinsky não tinha muita admiração pela juventude rebelde dos anos 60 que era publicamente contra o governo e a sociedade. Ele ressaltava que a pessoa deve se integrar ao sistema para ter a oportunidade de subvertê-lo de dentro.
Em terceiro lugar, o objetivo final de Alinsky era subverter e destruir, e não beneficiar nenhum grupo. Assim sendo, ao implementar o seu plano, era necessário esconder o verdadeiro objetivo com metas localizadas ou encenadas que parecessem razoáveis ou inofensivas em si mesmas, para então mobilizar grandes multidões para a ação. Quando as pessoas adquiriam o hábito de se mobilizar, era relativamente fácil mobilizá-las para atingirem metas mais radicais.
Em “Regras para Radicais”, Alinsky disse: “Toda mudança revolucionária deve ser precedida de uma atitude de aceitação, afirmativa e que não gere questionamentos da opinião pública. Lembre-se: uma vez que você organize as pessoas em torno de uma causa que faz sentido para elas, o povo estará organizado e pronto para outras ações. Daí para a política, para o Pentágono, é apenas um curto passo.”
Um líder do grupo Estudantes por uma Sociedade Democrática, que foi profundamente influenciado por Alinsky, falou sobre a essência dos protestos radicalizantes: “A questão nunca é a própria questão; a questão é sempre um meio para a revolução.” A esquerda radical pós anos 60 foi profundamente influenciada por Alinsky, por isso, sempre transformou qualquer questão social em uma insatisfação contra o status quo e em um trampolim para a expansão da causa revolucionária.
Em quarto lugar, Alinsky transformou a política em uma guerra de guerrilha sem restrição. Ao explicar a sua estratégia para organizar a comunidade, Alinsky disse a seus seguidores que eles precisam atingir os olhos, os ouvidos e o olfato do inimigo. A esse respeito, em “Regras para os Radicais” ele diz: “Primeiro os olhos; se você organizou uma grande massa de pessoas, deve desfilar diante do inimigo para que vejam abertamente o seu poder. Segundo, os ouvidos; se sua organização é pouca numerosa, então faça o que Gedeão fez: esconda as pessoas no escuro e faça um barulho e um clamor tamanho que farão o ouvinte acreditar que a sua organização é muito mais numerosa do que ela realmente é. Terceiro, o olfato: se a sua organização é muito pequena, até mesmo para fazer barulho, empesteie o lugar com fedor.”
Em quinto lugar, em suas ações na política, Alinsky enfatizava o uso dos aspectos mais malignos da natureza humana, como indolência, cobiça, inveja e ódio. Muitas vezes, os participantes das suas campanhas obtinham avanços insignificantes, mas isso só os tornava mais cínicos e desavergonhados. A fim de subverter o sistema político e a ordem social dos países livres, Alinsky ficou feliz em levar os seus seguidores à bancarrota moral. A partir disso, pode-se inferir que, se ele realmente conquistasse o poder, ele não cuidaria nem sentiria pena dos seus ex-companheiros.
Décadas depois, duas figuras proeminentes na política americana, e que foram profundamente influenciadas por Alinsky, ajudaram a promover uma revolução silenciosa que subverteu a civilização, as tradições e os valores americanos. Ao mesmo tempo, os protestos que usam uma tática de guerrilha urbana, sem restrições, como defendida por Alinsky, tornaram-se populares nos Estados Unidos a partir dos anos de 1970. Isso ficou claro no protesto de 1999 contra a Organização Mundial do Comércio em Seattle (quando os manifestantes ingeriram uma droga que os induziu a vomitarem coletivamente na praça e no centro de conferências), no movimento Occupy Wall Street, no movimento Antifa, e assim por diante.
É importante observar que em uma das páginas introdutórias de “Regras para os Radicais”, Alinsky homenageia o “primeiro radical”, Lúcifer. Além disso, em uma entrevista à revista Playboy, pouco antes da sua morte, Alinsky disse que quando ele morresse, ele iria “de bom grado para o inferno” e começaria a organizar o proletariado por lá porque “eles são o meu tipo de gente”. [44]
7. A longa marcha da esquerda pelas instituições
Foi Antônio Gramsci, um famoso comunista italiano, que promoveu a ideia de realizar uma “longa caminhada pelas instituições”. Ele descobriu que é difícil incitar as pessoas boas a iniciarem uma revolução para derrubar um governo legítimo, e que por isso, para fazer a revolução, os comunistas devem contar com muitos adeptos que compartilhem a sua visão sombria a respeito da moralidade, fé e tradições. Segundo ele, a revolução do proletariado deve começar com a subversão da religião, da moralidade e da civilização.
Depois do fracasso das revoluções urbanas na década de 1960, os comunistas começaram a ingressar nas universidades. Eles se formaram, tornaram-se acadêmicos, professores, funcionários públicos e jornalistas, e assumiram seus papeis na sociedade para levar adiante a “longa marcha para o controle ideológico das instituições”. Dessa forma, eles se infiltraram e corromperam as instituições da sociedade ocidental, as quais são cruciais para a manutenção da moralidade. Isso inclui a igreja, o governo, o sistema educacional, os órgãos legislativos e judiciais, o meio artístico, a mídia e as ONGs.
Os Estados Unidos, depois de 1960, são como um paciente com uma infecção, mas incapaz de identificar a causa. As ideias paramarxistas se infiltraram profundamente na sociedade americana e tem sofrido metástase.
Entre as muitas teorias e táticas revolucionárias vistas, a estratégia “Cloward-Piven”, proposta por dois sociólogos da Universidade de Columbia, tornou-se uma das mais conhecidas e foi usada com relativo sucesso.
O conceito básico da estratégia Cloward-Piven é usar o sistema de bem-estar público para forçar o governo a entrar em colapso. De acordo com a política do governo dos EUA, o número de pessoas com direito a benefícios sociais é muito maior do que o número das que realmente recebem esses benefícios. Se essas pessoas forem estimuladas ou organizadas para receber benefícios, elas logo esgotarão os recursos públicos, de modo que o governo não conseguirá arcar com as despesas.
A implementação específica dessa estratégia está a cargo da Organização Nacional dos Direitos do Bem-Estar (NWRO). De acordo com estatísticas, de 1965 a 1974, o número de famílias monoparentais que recebem benefícios cresceu de 4,3 milhões para 10,8 milhões, mais do que o dobro. Em 1970, 28% do orçamento anual da cidade de Nova York foram gastos em despesas sociais. Em média, de cada duas pessoas que trabalhavam, uma recebia benefícios. De 1960 a 1970, o número de pessoas que recebem benefícios em Nova York aumentou de 200 mil para 1,1 milhão. Em 1975, a cidade de Nova York estava quase falida.
A estratégia Cloward-Piven visa gerar uma crise. Por isso, num certo sentido, ela pode também ser considerada a implementação das teorias de Alinsky.
Desde a Revolução Bolchevique liderada por Lenin, o Partido Comunista tem sido um mar de intrigas e conspirações. Com um número pequeno de adeptos, criou “revoluções” e “crises” para tirar proveito delas. Fatos semelhantes acontecem na política americana. Por exemplo, algumas das ideias da esquerda nos Estados Unidos são tão radicais que parecem incompreensíveis para a maioria das pessoas. Por exemplo, por que os legisladores e os governantes eleitos parecem representar apenas a voz de minorias muito pequenas (como as pessoas transgênero), mas ignoram as questões importantes relacionadas à maioria? A resposta é bastante simples: “eles não estão realmente representando a opinião pública”.
Lenin disse uma vez que os sindicatos são “as correias de transmissão de energia do Partido Comunista para as massas”. [45] Os comunistas descobriram que, enquanto controlarem os sindicatos, controlarão um grande número de votos. Enquanto controlarem os votos, eles poderão fazer com que os governantes eleitos e os legisladores atendam as suas demandas. Dessa forma, os comunistas procuram obter o controle dos sindicatos para controlar os parlamentares e governantes e, desse modo, transformar o programa político subversivo dos comunistas no programa político dos governantes dos partidos de esquerda.
Em seu livro “The Naked Communist” (O comunista nu), Cleon Skousen disse que um dos 45 objetivos dos comunistas é “controlar um ou os dois partidos políticos nos Estados Unidos”, e isso é atingido por meio dessa operação. Para conquistar e manter direitos e interesses básicos, os trabalhadores comuns devem se filiar aos sindicatos de trabalhadores e assim se tornarem seus peões. Um princípio idêntico é o pagamento de taxas de proteção às gangues do crime organizado.
A análise de Trevor Loudon sobre como os partidos comunistas sequestram países democráticos discorre sobre esse ponto. Loudon divide o processo em três etapas:
Primeiro passo: formação de políticas. Durante a Guerra Fria, a União Soviética e os seus aliados formularam políticas destinadas a países democráticos. O objetivo era infiltrar-se nesses países e desintegrá-los, subvertê-los por dentro.
Segundo passo: doutrinação. Durante a Guerra Fria, milhares de comunistas de todo o mundo recebiam treinamento anual na União Soviética e nos países do Oriente socialista. O foco do treinamento era como usar os movimentos trabalhistas, movimentos de paz, igrejas e organizações não governamentais para formar e influenciar partidos de esquerda em seus próprios países.
Terceiro passo: implementação. Depois da Guerra Fria, os grupos socialistas e comunistas nos países ocidentais começaram a desempenhar um papel mais importante.
Após as décadas de 1970 e 1980, um grande número de americanos influenciados pela ideologia comunista passou a influenciar a sociedade. Eles passaram a atuar na política, na educação, na mídia e em organizações não governamentais. Eles usam as experiências acumuladas ao longo de várias gerações para transformar os Estados Unidos a partir de dentro, e os EUA quase caíram em suas mãos.
Os sistemas dos países democráticos foram originalmente projetados para indivíduos com um determinado padrão moral. Para aqueles que se valem de todos os meios para alcançar fins malignos, esse sistema tem muitas lacunas. Há inúmeras maneiras aparentemente legítimas de subverter uma sociedade livre.
Há um ditado chinês que diz: “Não temos medo de os ladrões roubarem, apenas tememos que eles pensem nisso.” Os comunistas e aqueles que ignorantemente agem em seu nome tentam subverter o sistema político e social das sociedades livres de todas as maneiras. Depois de décadas de planejamento e operação do comunismo, os governos e a sociedade dos EUA e dos países ocidentais foram severamente corroídos pela entrada do pensamento e de elementos do comunismo na política dos seus países.
8. O politicamente correto: a polícia diabólica do pensamento
Os países comunistas exercem um rígido controle sobre a fala e o pensamento. No entanto, a partir da década de 1980, outra forma de controle da fala e do pensamento emergiu no Ocidente. Esse controle é exercido sobre a mídia, a sociedade e o sistema educacional por meio da bandeira do “politicamente correto”, valendo-se de slogans e fortes críticas para restringir a fala e o pensamento. Ainda que muitos já tenham sentido o poder maligno do seu controle, eles não compreenderam as origens ideológicas disso.
Termos como “politicamente correto”, juntamente com “progresso” e “solidariedade” têm sido usados há muito tempo pelos partidos comunistas. Seu significado aparente é evitar o uso de linguagem discriminatória em relação a minorias, mulheres, deficientes e outros. Por exemplo, “negros” devem ser chamados de “afro-americanos”; os índios devem ser chamados de “nativos americanos”, os imigrantes ilegais devem ser chamados de “trabalhadores não documentados”, e assim por diante.
No entanto, a implicação oculta por trás do politicamente correto é classificar os indivíduos em grupos de acordo com o status da vítima. Os mais oprimidos devem, desse modo, receber mais respeito e cortesia. Isso independe da conduta e do talento de cada um, baseia-se apenas na identidade de uma pessoa e, portanto, é chamado de “política de identidade”.
Esse estilo de pensamento é extremamente popular nos Estados Unidos e em outros países ocidentais. De acordo com essa lógica, as lésbicas negras, que são oprimidas por vetores de raça, sexo e preferência sexual, são colocadas na vanguarda da vitimização. Em contraste, os homens heterossexuais brancos são considerados os mais privilegiados e, segundo a lógica da política das vítimas, estão no nível mais baixo da hierarquia.
Esse tipo de classificação é idêntico ao adotado nos países comunistas, onde os indivíduos foram classificados como as “cinco categorias vermelhas” ou as “cinco categorias negras”, de acordo com a sua riqueza e status de classe antes da revolução. O Partido Comunista Chinês eliminou e oprimiu os latifundiários e capitalistas por julgar o seu status de classe como errado, atacou os intelectuais chamando-os de integrantes da “fedorenta nona casta” e bradou que “os pobres são os mais inteligentes, e os nobres os mais estúpidos”.
Por razões históricas complexas, inclusive razões sociais e individuais, alguns grupos têm um status político e socioeconômico inferior, que não pode ser simplesmente explicado como opressão. Mas o politicamente correto traça um limite artificial na mente das pessoas. Estabelecendo uma distinção binária, o politicamente correto postula que somente aqueles que concordam com suas afirmações devem ser considerados morais, enquanto aqueles que discordam são acusados de serem racistas, sexistas, homofóbicos, anti-islâmicos e assim por diante.
As universidades, que deveriam promover uma cultura de livre expressão, tornaram-se prisões da mente. O mundo é silenciado e incapaz de lidar de modo aberto e franco com uma série de questões políticas, econômicas e culturais. Sob o nome de politicamente correto, algumas organizações afastam ainda mais a religião tradicional para fora da esfera pública. Além disso, alguns países expandiram a definição de “discurso de ódio”, e criaram uma legislação que proíbe esse tipo de discurso nas escolas, na mídia e em empresas da internet. [46] Essas medidas representam um passo em direção às mesmas restrições na fala encontradas nos Estados comunistas.
Depois da eleição dos EUA de 2016, o país ficou ainda mais dividido. Marchas de protesto irromperam nas grandes cidades e foram frequentes as violações à liberdade de expressão. Em setembro de 2017, a ída do autor conservador Ben Shapiro, convidado a falar na Universidade da Califórnia-Berkeley, foi cancelada devido às ameaças do movimento antifascista (Antifa) de provocar conflitos violentos. A polícia de Berkeley estava pronta e despachou três helicópteros, as despesas de segurança foram estimadas em mais de 600 mil dólares. [47] Um repórter perguntou a um jovem estudante que estava na manifestação: O que você pensa sobre a Primeira Emenda [da Constituição dos EUA]? O estudante disse que não era mais um documento relevante. [48] Ironicamente, um evento que marcou o início do movimento estudantil em 1964 foi uma luta pela liberdade de expressão em Berkeley. Hoje em dia, a esquerda usa o direito ao discurso para tentar privar os outros de terem um modo legítimo de se manifestarem.
Em março de 2017, o cientista social americano Charles Murray foi convidado a palestrar no Middlebury College, em Vermont. Lá, ele foi agredido fisicamente e um professor que o acompanhava na universidade foi ferido. Em março de 2018, a professora titular Amy Wax, da Faculdade de Direito da Universidade da Pensilvânia, foi afastada de algumas tarefas de ensino após a publicação de um artigo “politicamente incorreto”. [49] Outras organizações, agindo sob a bandeira do discurso de oposição, rotularam grupos conservadores bem organizados como “grupos de ódio”. Além disso, houve casos de autores e acadêmicos conservadores sendo ameaçados por falarem ou participarem de vários eventos. [50]
A intromissão na liberdade de expressão por parte da esquerda não faz parte do debate normal entre pessoas com ideias diferentes. Trata-se, em vez disso, do espectro do comunismo que usa pessoas mal-intencionadas para embaralhar a verdade e reprimir as vozes justas, ou pelo menos normais. O politicamente correto, em suma, refere-se à substituição de padrões políticos e morais justos por padrões desviantes. É a polícia diabólica do pensamento.
9. A propagação do socialismo na Europa
A Internacional Socialista desenvolveu-se a partir da Segunda Internacional, fundada por Engels em 1889. Na época do estabelecimento da Segunda Internacional, existiam mais de 100 partidos políticos no mundo fundados com base na ideologia marxista. Desses, 66 eram os partidos de governos que aderiram ao socialismo. O nome “Internacional Socialista” surgiu em 1951, após a Segunda Guerra Mundial, e ela era formada por partidos social-democratas do mundo inteiro.
Há partidos socialistas que se originaram da Segunda Internacional em toda a Europa e muitos deles até chegaram ao poder. Lenin, que estimulou a revolução violenta, foi um dos primeiros socialistas, bem como pessoas como Kautsky e Burns, que promoveram reformas progressistas. Dentro da Internacional Socialista, a democracia socialista e o socialismo democrático foram quase idênticos. Ambos promoveram a ideia de que o socialismo é o novo sistema que substituirá o capitalismo. Atualmente, a Internacional Socialista é composta por mais de 160 organizações e membros. É a maior organização política internacional do mundo.
O Partido Socialista Europeu, ativo no Parlamento Europeu, é também uma organização associada à Internacional Socialista. Seus membros são os partidos social-democratas da União Europeia (UE) e países vizinhos. Trata-se também de um partido político presente no Parlamento Europeu, criado em 1992, cuja composição inclui a maioria das organizações europeias, como a Comissão Europeia e o Conselho Europeu.
O Partido Socialista Europeu conta atualmente com 32 membros de 25 países da União Europeia e da Noruega, oito membros associados e cinco observadores, para um total de 45 partidos políticos. Ele se envolve em uma imensa gama de atividades. Os principais objetivos reivindicados pelo próprio Partido Socialista Europeu são fortalecer o movimento socialista e social-democrata dentro da UE e em toda a Europa e desenvolver uma estreita cooperação entre os partidos membros, grupos parlamentares e afins. Ele busca fundamentalmente promover, de modo ativo, a causa socialista.
O Partido Social-Democrata Sueco, que está no poder na Suécia, afirma abertamente que usa o marxismo como o seu guia teórico. Durante as várias décadas sob o seu domínio, ele promoveu as ideologias socialistas de igualdade e bem-estar. Retratos de Marx e Engels ainda hoje estão pendurados em salas do Partido.
Os princípios orientadores do Partido Trabalhista do Reino Unido são baseados no socialismo fabiano. Conforme discutido anteriormente, o socialismo fabiano é apenas outra versão do marxismo, mas enfatiza o uso de métodos graduais para efetuar a transição do socialismo para o comunismo. Também defende a cobrança de impostos elevados, grandes benefícios sociais e outras ideias socialistas. Nas últimas décadas, o Partido Trabalhista foi diversas vezes o partido governante da Inglaterra e sempre defendeu ideias socialistas fabianas.
O Partido Comunista Britânico também tem buscado influenciar ativamente a política do país e conta com o seu próprio jornal, The Morning Star. O partido foi fundado em 1920 e, durante o seu apogeu, teve alguns dos seus membros eleitos na Câmara dos Comuns. No início de uma recente campanha eleitoral na Inglaterra, o Partido Comunista Britânico inesperadamente anunciou a sua intenção de apoiar a liderança esquerdista do Partido Trabalhista.
Um importante membro do Partido Trabalhista passou 40 anos promovendo a estatização de empresas e o socialismo. Em setembro de 2015, ele se tornou o líder do Partido Trabalhista, com uma vantagem esmagadora de 60%. Esse partido político tem participado há anos de eventos e atividades em favor da comunidade LGBT. Quando um repórter da BBC perguntou sobre sua opinião a respeito de Marx, o político o elogiou, referindo-se ao pensador como um grande economista e uma “figura fascinante que tinha grande capacidade de observação e com quem podemos aprender muito”.
O Partido Socialista da França é o maior partido político de centro-esquerda do país e é membro da Internacional Socialista e do Partido dos Socialistas Europeus (PSE). Seu candidato presidencial foi eleito presidente da França em 2012.
O veterano comunista italiano Antônio Gramsci não apenas fundou o Partido Comunista da Itália em 1921, mas também foi o seu secretário-geral. Até a década de 1990, o Partido Comunista da Itália era muito ativo, mantendo-se por longo tempo como o segundo maior partido político do país. Em 1991, o partido foi rebatizado de Partido Democrático da Esquerda.
A Alemanha, o outro grande país da Europa Ocidental, não é exceção. A Alemanha é o berço de Marx e Engels e o lar da influente Escola de Frankfurt, outra expressão do marxismo.
Outros países europeus, como Espanha, Portugal, etc., possuem partidos políticos comunistas muito ativos, que exercem considerável influência. Toda a Europa, não apenas os países da Europa Oriental, é dominada pelo comunismo. Os países não comunistas do Norte, Sul e Ocidente da Europa estão, intencionalmente ou não, promovendo e abrigando ideologias e políticas comunistas. Considerar que a Europa está em “mãos inimigas” não é um exagero.
10. Por que nos apaixonamos pelas artimanhas do diabo?
No seu livro “Political Pilgrims” (Peregrinos políticos), o sociólogo americano Paul Hollander narra as histórias de muitos jovens intelectuais apaixonados pelo comunismo que viajaram para a União Soviética, a China maoísta e a Cuba comunista. Embora existissem abusos horripilantes, esses jovens peregrinos políticos nada perceberam e, ao retornarem, cheios de entusiasmo, escreveram livros glorificando as políticas socialistas. [51]
A ideologia comunista é uma ideologia do diabo e, com o passar do tempo, as pessoas estão cada vez mais percebendo isso, que, em toda parte, o comunismo é acompanhado por violência, mentiras, guerra, fome e ditadura. A pergunta é: “Por que ainda há tantas pessoas que ajudam o diabo a espalhar as suas mentiras, tornando-se suas ferramentas obedientes?”
Nos Estados Unidos, por exemplo, pessoas que viveram em diferentes épocas foram atraídas para o comunismo por diferentes razões. Os primeiros membros do Partido Comunista dos EUA eram imigrantes. Como os seus níveis de renda eram baixos, eles tinham dificuldade em se inserir na comunidade. Então, eles se filiaram ao Partido, em grande parte devido às influências da sua terra natal (principalmente a Rússia e países da Europa Oriental).
Após a Grande Depressão, a influência do marxismo no Ocidente aumentou dramaticamente; quase toda a classe intelectual do Ocidente deu uma guinada para a esquerda. Muitos intelectuais (pensadores, escritores, artistas e repórteres influentes) foram visitar a União Soviética e, ao voltarem, fizeram discursos elogiosos e escreveram livros promovendo a ideologia comunista.
A geração baby boomers ingressou na universidade durante a década de 1960, crescendo na sociedade afluente do pós-guerra, mas foi enganada por ideologias impregnadas de comunismo e passou a adotar atitudes contraculturais, que assumiram a forma de protestos antiguerra, protestos pelos direitos das mulheres, dentre outros. A geração subsequente foi educada com base em materiais de ensino de orientação esquerdista porque seus professores eram “docentes radicais”. Dessa forma, a “longa marcha [do comunismo] pelas instituições” finalmente teve sucesso, iniciando um ciclo destinado a se reproduzir e se perpetuar.
Em um livro dedicado a expor o comunismo, “Masters of Deceit” (Mestres do engano), o diretor do FBI, J. Edgar Hoover, cujo mandato durou 37 anos, classificou ativistas comunistas em cinco grupos: membros oficiais do partido, membros clandestinos do partido, companheiros de viagem, oportunistas (aqueles que apoiam o partido por interesse próprio) e joguetes. [52] Na realidade, existem muito poucos ativistas comunistas extremamente maus e obstinados. A maioria dos membros do Partido Comunista não foi simplesmente atraída ao Partido por uma propaganda enganosa?
O livro “Ten Days That Shook the World” (Os dez dias que abalaram o mundo), do jornalista americano John Silas Reed, e o livro “Red Star Over China” (A estrela vermelha sobre a China), de Edgar Snow, tiveram um papel importante na promoção da ideologia comunista ao redor do mundo. Reed é um dos três americanos que foram enterrados na Necrópole da Muralha do Kremlin, o que significa que ele era um ativista comunista. Sua descrição da Revolução de Outubro não foi um relato objetivo dos eventos reais, mas propaganda política cuidadosamente elaborada.
Edgar Snow era simpatizante do comunismo. Em 1936, o esboço da entrevista que ele forneceu a um membro do Partido Comunista Chinês incluiu perguntas em uma dúzia de áreas, incluindo diplomacia, defesa contra a invasão inimiga, opiniões sobre tratados desiguais, investimento estrangeiro, opiniões sobre nazistas (e o nacional-socialismo), entre outros temas. Posteriormente, Mao Tsé-tung encontrou-se com Snow em uma caverna em Shanbei (a porção norte da província de Shaanxi) para responder a perguntas, com a finalidade de criar uma impressão favorável a respeito do PCC. O jovem e ingênuo Snow foi usado como ferramenta pelo traiçoeiro PCC para transmitir as suas mentiras cuidadosamente elaboradas para o mundo.
Yuri Bezmenov, um ex-espião do KGB, relembrou a sua experiência de receber “amigos” estrangeiros quando trabalhava como espião. Sua programação era parcialmente organizada pelo Serviço de Inteligência Estrangeira da Federação Russa. Suas visitas a igrejas, escolas, hospitais, creches e fábricas eram previamente arranjadas. Os envolvidos eram comunistas ou indivíduos politicamente confiáveis e haviam sido submetidos a treinamento para que adotassem o mesmo discurso. Ele citou como exemplo o momento em que a Look, uma importante revista dos EUA, nos anos de 1960, enviou jornalistas à União Soviética e acabou imprimindo materiais preparados pelas forças de segurança soviéticas, incluindo fotos e cópias impressas.
Dessa forma, a propaganda soviética chegou ao público sob o nome de uma revista americana, enganando os americanos. Yuri Bezmenov disse que muitos jornalistas, atores e atletas reconhecidos devem ser perdoados por ficarem cegos à realidade enquanto visitavam a União Soviética, mas o comportamento de muitos políticos ocidentais foi imperdoável. Eles teceram mentiras e buscaram cooperação com os comunistas soviéticos para proteger a sua própria reputação e os seus lucros, disse Bezmenov, chamando-os de moralmente corruptos. [53]
No livro “You Can Still Trust the Communists… To Be Communists” (Você ainda pode confiar nos comunistas… serem comunistas), o Dr. Fred Schwartz investigou por que alguns jovens de famílias abastadas gostavam do comunismo. Ele listou quatro razões: primeiro, o desencanto com o capitalismo; segundo, a crença numa filosofia materialista de vida; terceiro, arrogância intelectual; quarto, uma necessidade religiosa não satisfeita. A arrogância intelectual refere-se à experiência de jovens com cerca de 18-20 anos que facilmente se deixam levar pela propaganda comunista devido à sua compreensão parcial da história, seu ressentimento antiautoritário e seu desejo de se rebelar contra a tradição e a autoridade, e a cultura étnica em que cresceram.
Necessidades religiosas não satisfeitas referem-se ao fato de que todos têm um tipo de impulso religioso que os leva a transcenderem a si mesmos. No entanto, o ateísmo e a teoria da evolução, instilados por meio da sua educação, os tornam incapazes de se satisfazer com a religião tradicional. A fantasia comunista de libertar a humanidade aproveita-se dessa necessidade humana latente e torna-se uma espécie de religião substituta. [54]
Os intelectuais tendiam a ser enganados por ideologias radicais. Esse fenômeno chamou a atenção dos estudiosos. No seu livro “The Opium of the Intellectuals” (O ópio dos intelectuais), Raymond Aron enfatizou que, por um lado, os intelectuais do século 20 criticavam severamente o sistema político tradicional, mas, por outro lado, demonstravam grande tolerância, ou até mesmo faziam vista grossa, à ditadura e ao massacre em países comunistas. Ele considerava os intelectuais de esquerda que transformaram a sua ideologia em uma religião secular como hipócritas, arbitrários e fanáticos.
No seu livro “Intellectuals: From Marx and Tolstoy to Sartre and Chomsky” (Intelectuais: de Marx e Tolstói a Sartre e Chomsky), Paul Johnson, um historiador britânico, analisou as vidas e as opiniões políticas radicais de Rousseau e de uma dezena de intelectuais que o seguiram. Ele viu que esses intelectuais compartilhavam a fatal fraqueza da arrogância e do egocentrismo. [55]
No seu livro “Intellectuals and Society” (Os intelectuais e a sociedade), o economista americano Thomas Sowell também forneceu uma descrição detalhada sobre a extraordinária arrogância desses intelectuais.
Esses autores basearam as suas análises a respeito de intelectuais comunistas em cuidadosos juízos e análises, mas queremos chamar a atenção para outra questão: eles não explicaram o porquê de os intelectuais serem tão facilmente enganados. O comunismo é uma ideologia demoníaca que não pertence a nenhuma cultura tradicional da sociedade humana. Como ele milita contra a natureza humana, não pode jamais ser desenvolvido organicamente pelo homem, devendo ser aplicado e instilado a partir do exterior. Sob a influência do ateísmo e do materialismo, o meio acadêmico e a educação contemporâneas abandonaram a crença nos deuses. A crença cega na ciência e a adoração da chamada razão humana possibilitam que as pessoas se tornem escravas dessa ideologia demoníaca.
A partir da década de 1960, o comunismo invadiu o sistema de educação americano. Pior ainda, muitos jovens, bombardeados pela mídia de esquerda e que haviam recebido uma educação simplificada, se entregam à televisão, aos jogos de computador, à internet e às mídias sociais. Eles se transformam em indivíduos da chamada geração “flocos de neve”, pessoas que não têm conhecimento, perspectiva global, senso de responsabilidade, senso histórico e capacidade de lidar com desafios. Eles foram doutrinados por ideologias comunistas ou derivadas do comunismo, incutidas pela geração dos seus pais, e, por isso, avaliam os novos fatos que veem e ouvem sob uma perspectiva distorcida. Ou seja, as mentiras comunistas formaram uma camada em torno delas, que as impede de ter uma visão genuína da realidade.
Para enganar as pessoas, o demônio explorou amplamente as fraquezas humanas como a estupidez, a ignorância, o egoísmo, a cobiça e a credulidade. Ao mesmo tempo, ele aproveitou-se do idealismo e de fantasias românticas de uma bela vida, e esse é o seu aspecto mais deplorável. Na verdade, um país comunista não se parece em nada com as fantasias românticas dos verdadeiros crentes comunistas. Eles perceberiam isso se vivessem sob um regime comunista em vez de apenas visitarem esses países como turistas.
O espectro comunista valeu-se de artifícios para se infiltrar no Ocidente. Somente quando transcendemos o nível comum de ver as coisas e nos colocamos numa perspectiva mais elevada, podemos ver com clareza a face e os objetivos do espectro.
A verdadeira razão pela qual o espectro pode atingir o seu objetivo é que os seres humanos abandonaram a sua crença nos deuses e relaxaram os seus padrões morais. Somente se revivermos a nossa crença em Deus, purificarmos as nossas mentes e elevarmos a nossa moralidade, nós poderemos nos livrar da influência e do controle demoníacos. Se toda a sociedade humana retornar à tradição, o espectro não terá lugar para se ocultar.
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Referências bibliográficas:
[1] “An Interview with Trevor Loudon”, Capital Research Center, https://capitalresearch.org/article/an-interview-with-trevor-loudon/
O Workers World Party foi estabelecido em 1959 e é “dedicado a organizar e lutar por uma revolução socialista nos Estados Unidos e ao redor do mundo”. Para mais informações, confira o artigo “O que é o Workers World Party, o grupo que ajudou a organizar a derrubada da estátua da Conferência de Durham”, http://abc11.com/politics/who-are-the-workers-world-party-and-why-durham/2314577/
[2] Karl Marx, Manifesto of the Communist Party (Marx/Engels Internet Archive), https://www.marxists.org/archive/marx/works/1848/communist-manifesto/ch04.htm
[3] A.M. McBriar, Fabian Socialism and English Politics, 1884–1918 (Cambridge: Cambridge University Press, 1966), p. 9.
[4] Mary Agnes Hamilton, Sidney & Beatrice Webb, A Study in Contemporary Biography (Sampson Low, Marston & Co. Ltd.), https://archive.org/details/in.ernet.dli.2015.81184/page/n3
[5] Vladimir Ilyich Lenin, “Left-Wing” Communism: an Infantile Disorder (Marxists.org), https://www.marxists.org/archive/lenin/works/1920/lwc/
[6] Bernard Shaw, The Intelligent Woman’s Guide to Socialism and Capitalism (Brentanos Publishers New York, 1928), https://archive.org/details/TheIntelligentWomensGuideToSocialismAndCapitalism
[7] “The Truth about the American Civil Liberties Union”, Congressional Record: Proceedings and Debates of the 87th Congress, 1st session, https://sites.google.com/site/heavenlybanner/aclu
[8] M. Stanton Evans & Herbert Romerstein, “Introduction”, in Stalin’s Secret Agents: The Subversion of Roosevelt’s Government (New York: Threshold Editions, 2012), http://willzuzak.ca/cl/perfidy/Romerstein2012StalinsSecretAgents.pdf
[9] Ibid.
[10] Thomas Schuman (Yuri Bezmenov), Love Letter to America (Los Angeles: W.I.N. Almanac Panorama, 1984), pp. 21–46, https://archive.org/details/BezmenovLoveLetterToAmerica
[11] Ion Mihai Pacepa & Ronald J. Rychlak, Disinformation (WND Books, 2013), https://archive.org/details/disinformation2
[12] Wang Tseng-tsai, Modern World History (San Min Book Co., Ltd. Taipei, 1994), pp. 324–329.
[13] Dinesh D’Souza, The Big Lie: Exposing the Nazi Roots of the American Left (Chicago: Regnery Publishing, 2017), Capítulo 7.
[14] Jim Powell, FDR’s Folly: How Roosevelt and His New Deal Prolonged the Great Depression (New York: Crown Forum, 2003).
[15] Ibid., contracapa.
[16] G. Edward Griffin, More Deadly than War, http://y2u.be/gOa1foc5IXI
[17] Nicholas Eberstadt, “The Great Society at 50”, American Enterprise Institute, http://www.aei.org/publication/the-great-society-at-50/
Outra referência sobre as consequências das numerosas políticas de bem-estar social nos Estados Unidos é o livro do mesmo autor, A Nation of Takers: America’s Entitlement Epidemic (Templeton Press, 2012).
[18] Elmer T. Peterson, “This Is the Hard Core of Freedom”, The Daily Oklahoman, 1951, https://www.issues4life.org/pdfs/19511209_thedailyoklahoman.pdf. Essa citação também foi atribuída ao historiador francês Alexis de Tocqueville.
[19] William S. Lind, ed., Capítulo VI, “Further Readings on the Frankfurt School”, in “Political Correctness:” A Short History of an Ideology (Free Congress Foundation, 2004), pp. 4–5, https://www.nationalists.org/pdf/political_correctness_a_short_history_of_an_ideology.pdf
[20] William S. Lind, “What is Cultural Marxism?” http://www.marylandthursdaymeeting.com/Archives/SpecialWebDocuments/Cultural.Marxism.htm
[21] Raymond V. Raehn, Capítulo II, “The Historical Roots of ‘Political Correctness’”, in William S. Lind, ed., “Political Correctness:” A Short History of an Ideology (Free Congress Foundation, 2004), p. 10.
[22] Shen Han & Huang Feng Zhu, “The Rebel Generation: The Western student movement in the 1960s”. Confira aqui o texto de Lin Biao traduzido para o inglês: https://www.marxists.org/reference/archive/lin-biao/1965/09/peoples_war/ch08.htm
[23] Mikhail Suslov, “The Defense of Peace and the Struggle Against the Warmongers” (New Century Publishers, 1950), https://www.marxists.org/archive/suslov/1949/11/x01.htm
[24] Vladimir Bukovsky, “The Peace Movement & the Soviet Union”, Commentary Magazine, 1982, https://www.commentarymagazine.com/articles/the-peace-movement-the-soviet-union/
[25] Jeffrey G. Barlow, “Moscow and the Peace Movement”, The Backgrounder (The Heritage Foundation, 1982), p. 5.
[26] Stanislav Lunev, Through the Eyes of the Enemy: The Autobiography of Stanislav Lunev (Washington, D.C.: Regnery Publishing, 1998), pp. 74 & 170.
[27] Robert Chandler, Shadow World: Resurgent Russia, the Global New Left, and Radical Islam (Washington, D.C.: Regnery Publishing, 2008), p. 389.
[28] Anthony C. Sutton, “Conclusions”, in The Best Enemy You Can Buy (Dauphin Publications, 2014), https://archive.org/details/pdfy-Iqz3ytYcb3wWYJ0c
[29] Trevor Loudon, The Enemies Within: Communists, Socialists, and Progressives in the U.S. Congress (Las Vegas: Pacific Freedom Foundation, 2013), pp. 5–14.
[30] “AIM Report: Communists Run Anti-War Movement”, Accuracy in Media, 19 de fevereiro de 2003, https://www.aim.org/aim-report/aim-report-communists-run-anti-war-movement/
[31] G. Edward Griffin, Hidden Agenda: Real Conspiracies that Affect our Lives Today, Vol. 4 – Anarchy U.S.A.: In the Name of Civil Rights (DVD) (John Birch Society, 1966), http://y2u.be/es8TyMSDFUA
[32] John Pepper (Joseph Pogani), American Negro Problems (New York: Workers Library Publishers, 1928), https://www.marxistsfr.org/history/usa/parties/cpusa/1928/nomonth/0000-pepper-negroproblems.pdf
[33] James W. Ford & James S. Allen, The Negroes in a Soviet America (New York: Workers Library Publishers, 1934), pp. 24–30, http://ciml.250x.com/country/usa/the_negroes_in_a_soviet_america.pdf
[34] Leonard Patterson, “I Trained in Moscow for Black Revolution”, http://y2u.be/GuXQjk4zhZs
[35] G. Louis Heath, ed., Off the Pigs! The History and Literature of the Black Panther Party (Metuchen, N.J.: Scarecrow Press, 1976), p. 61.
[36] Thurston Powers, “How Black Lives Matter Is Bringing Back Traditional Marxism”, The Federalist, 28 de setembro de 2016, http://thefederalist.com/2016/09/28/black-lives-matter-bringing-back-traditional-marxism/
[37] David Horowitz, Barack Obama’s Rules for Revolution: The Alinsky Model (Sherman Oaks, CA: David Horowitz Freedom Center, 2009), pp. 6 & 16, http://www.discoverthenetworks.com/Articles/Rules%20for%20Revolution%20(2).pdf
[38] Saul D. Alinsky, “Tactics”, in Rules for Radicals: A Practical Primer for Realistic Radicals (New York: Vintage Books, 1971), https://chisineu.files.wordpress.com/2014/02/saul-alinsky-rules-for-radicals-1989.pdf
[39] David Horowitz, Barack Obama’s Rules for Revolution: The Alinsky Model (Sherman Oaks, CA: David Horowitz Freedom Center, 2009), pp. 42–43.
[40] “Playboy Interview with Saul Alinsky”, New English Review, março de 1972, https://www.newenglishreview.org/Daniel_Mallock/Playboy_Interview_with_Saul_Alinsky/
[41] David Horowitz, Barack Obama’s Rules for Revolution: The Alinsky Model (Sherman Oaks, CA: David Horowitz Freedom Center, 2009), https://newrepublic.com/article/61068/the-agitator-barack-obamas-unlikely-political-education
[42] Ibid.
[43] Ibid.
[44] “Playboy Interview with Saul Alinsky”, New English Review, março de 1972.
[45] V. I. Lenin, “Draft Theses on the Role and Functions of The Trade Unions Under the New Economic Policy”, https://www.marxists.org/archive/lenin/works/1921/dec/30b.htm
[46] Pinkoski, Nathan, “Jordan Peterson Marks Right and Left’s Side-Switch on Free Expression”, The Federalist, 2 de fevereiro de 2018, http://thefederalist.com/2018/02/02/jordan-peterson-marks-fulcrum-right-lefts-side-switch-free-expression/
[47] “Antifa protests mean high security costs for Berkeley Free Speech Week, but who’s paying the bill?” Fox News, 15 de setembro de 2017, http://www.foxnews.com/us/2017/09/15/antifa-protests-mean-high-security-costs-for-berkeley-free-speech-week-but-whos-paying-bill.html
[48] Chris Pandolfo, “TRUE COLORS: Student Leader Says 1A Doesn’t Apply to Ben Shapiro”, Conservative Review, 20 de outubro de 2017, https://www.conservativereview.com/news/true-colors-student-leader-says-1a-doesnt-apply-to-ben-shapiro/
[49] “Penn Law professor loses teaching duties for saying black students ‘rarely’ earn top marks”, New York Daily News, 15 de março de 2018, http://www.nydailynews.com/news/national/law-professor-upenn-loses-teaching-duties-article-1.3876057
[50] “Campus Chaos: Daily Shout-Downs for a Week”, National Review, 12 de outubro de 2017, https://www.nationalreview.com/corner/campus-chaos-daily-shout-downs-week-free-speech-charles-murray/
[51] Paul Hollander, Political Pilgrims: Travels of Western Intellectuals to the Soviet Union, China, and Cuba, 1928–1978 (New York: Oxford University Press, 1981).
[52] J. Edgar Hoover, Masters of Deceit (New York: Henry Holt and Company, 1958), pp. 81–96, https://archive.org/details/MastersOfDeceit
[53] Tomas Schuman (Yuri Bezmenov), No “Novosti” Is Good News (Los Angeles: Almanac, 1985), pp. 65–75, https://archive.org/details/BezmenovNoNovostiIsGoodNews/page/n2
[54] Frederick Charles Schwarz, M.D. & David Noebel, You Can Still Trust the Communists… To Be Communists (Socialists and Progressives too) (Manitou Springs, Colo.: Christian Anti-Communism Crusade, 2010), pp. 44–52.
[55] Paul Johnson, Intellectuals: From Marx and Tolstoy to Sartre and Chomsky (Harper Perennial, 2007 edição revisada), p. 225, https://archive.org/details/intellectuals2