Por Michael Walsh
Oscar Wilde disse uma vez que os segundos casamentos representam o triunfo da esperança sobre a experiência, que havendo fracassado uma vez em algo tão desafiador quanto “até que a morte nos separe”, as chances de sucesso na segunda vez são duvidosas. E, no entanto, milhões de pessoas ainda tentam, com a justificativa de que, desta vez, de alguma forma, elas se sairão bem.
O que devemos fazer, então, com a atual moda do socialismo e até do cripto-comunismo, como defendido pelos principais candidatos democratas à presidência americana, como o socialista declarado Bernie Sanders, de Vermont, e a senadora Elizabeth Warren, de Massachusetts, que convive com os ricos e é aclamada pela mídia da educada Ivy League?
As políticas coletivistas e confiscatórias desses dois Baby Boomers geriátricos (Sanders, que recentemente sofreu um ataque cardíaco tem 78 anos; Warren tem 70) são um retrocesso para períodos anteriores da história dos Estados Unidos, quando socialistas abertos como Eugene V. Debs, Norman Thomas e Henry Wallace concorreram à presidência várias vezes entre 1900 e 1948 nas listas de candidatos socialistas ou progressistas.
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Nenhum deles venceu, é claro, mas seus compatriotas ideológicos na Itália, Alemanha e Rússia tiveram sucesso com diferentes versões de uma filosofia socialista-marxista; a antiga União Soviética comunista possuía os meios de produção, enquanto o fascismo italiano e o nacional-socialismo alemão se contentavam em colocar a indústria privada a serviço do Estado, com o mesmo efeito. O resultado na Europa e, mais tarde, na China, foram milhões de mortes a serviço de um ideal maligno e desumano. Como dizia a frase, você não pode fazer uma omelete sem quebrar a cabeça, ou seja, os ovos.
Em 1904, quando Debs fez a primeira de suas quatro sérias tentativas de alcançar a presidência no topo da lista do Partido Socialista da América, o comunismo ainda era um brilho no olho morto de Karl Marx. Mas a Primeira Guerra Mundial mudou a ordem internacional, abrindo caminho para revoluções socialistas na Baviera, Hungria e, com mais sucesso, na Rússia. E, embora o comunismo finalmente tenha caído também na Rússia, sua ameaça e seu apelo pernicioso permanecem.
Desde que Karl Marx publicou o Manifesto Comunista no ano revolucionário de 1848, os defensores da liberdade econômica e da liberdade pessoal tiveram que lidar com seus ideais perniciosos de “tolerância”, “igualdade” e “justiça”, as luvas de pelica que se formaram pela primeira vez durante a Revolução Francesa, escondendo os punhos de ferro do totalitarismo coercitivo. E, embora os sistemas socialistas falhem repetidamente, seus verdadeiros seguidores argumentam que eles não foram realmente testados adequadamente.
Portanto, a esquerda ainda está tentando: o “progressismo” voltou a surgir em 1972, quando George McGovern conquistou a indicação democrata naquele ano (embora tenha sido derrotado por Richard Nixon) e continuou novamente durante a presidência da “transformação fundamental” de Barack Obama.
Agora, depois do revés que a esquerda sofreu em 2016 graças a Donald Trump, eles voltaram mais uma vez, escondendo-se atrás do rótulo de “socialismo democrático”, uma mentira mortal que parece ter um apelo especial para jovens eleitores que confundem o “socialismo ” com obras públicas e caridade cristã, eles veem o politicamente correto (uma noção inventada por Trotsky) como uma mera imposição de boas maneiras.
Trinta anos atrás, o Muro de Berlim caiu abruptamente quando o Estado satélite soviético da Alemanha Oriental percebeu que não podia conter o desejo de liberdade de seu povo cativo e, na noite de 9 de novembro, anunciou inesperadamente a abertura do pontos de controle para o oeste.
Eu estava em Berlim, com um martelo na mão, quando o muro caiu. Acontece que eu também estava na União Soviética na época da tentativa de golpe contra Mikhail Gorbachev, em agosto de 1991, que marcou o fim da União Soviética. Isso aconteceu no dia de Natal daquele ano, quando o marxismo-leninismo caiu permanentemente no cinzeiro da história. Ou assim acreditamos.
Nós estávamos errados. Cada geração, agora parece claro, precisa enfrentar o coletivismo novamente. Como Ronald Reagan apontou, “a liberdade nunca está a mais do que uma geração da extinção. Você tem que lutar por ela, protegê-la e transmiti-la para que eles façam o mesmo.”
Tornou-se também uma batalha intergeracional, com jovens idealistas com pouca ou nenhuma experiência na vida, muitos deles educados por professores marxistas, que se juntam aos gritos de esquerdistas ferrenhos. Eles procuram corrigir injustiças reais ou imaginárias enquanto esperam ganhar tudo de graça, incluindo assistência médica, educação e um contrato de arrendamento gratuito vitalício nos sótãos de seus pais.
Não adianta descrever o que vimos em 1989: os “Ossis” (alemães orientais) chorando de alegria ao pisar no Ocidente pela primeira vez, sua alegria como algo tirado de “O Mágico de Oz” – o chato filme preto e branco de sua existência sob o comunismo tornou-se repentinamente um filme em Technicolor do outro lado do Portão de Brandenburgo.
Não faz sentido contar, porque mostrar é a melhor maneira de convencê-los a não prestar atenção ao canto da sereia do coletivismo: que o resultado que se obtém não é a ordem escandinava (que agora está desgastada, principalmente na Suécia), mas o caos venezuelano. Se você quiser ver a destruição e a poluição ambiental, vá para Cuba ou China, não para os Estados Unidos ou a Europa Ocidental.
Na década de 1960, tínhamos um Corpo de Paz que enviava jovens idealistas para países ignorantes oferecendo assistência. Talvez o que precisamos hoje seja de um Corpo de Liberdade, não apenas para ajudar os outros, mas para ajudar nossos próprios jovens a enfrentar a prática do socialismo, não a promessa [do socialismo]. Que eles vejam em primeira mão a destruição humana e física que resulta da adoção do modo como Satanás governa.
O famoso aforismo de Wilde tem um primeiro elemento, menos citado: “O casamento é o triunfo da imaginação sobre a inteligência”. Troque a palavra casamento por “socialismo” e você terá uma correspondência [com a realidade].
Michael Walsh é autor de “The Devil’s Pleasure Palace” e “The Fiery Angel”, ambos publicados pela Encounter Books
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