A Igreja do Santo Sepulcro, em Londres, esconde um passado sombrio, em que possivelmente os nossos antepassados também fizeram parte. Está localizada no subúrbio londrino de Holborn desde 1137.
Entre outras coisas, está relacionada com a infame prisão de Newgate, que outrora esteve no lugar onde está hoje ‘Old Bailey’. Diz-se que naquela época, os sacerdotes eram frequentemente chamados para rezar pelas almas dos presos, condenados a ser executados na prisão.
Na igreja, há uma caixa de vidro que contém o ‘sino da execução’. Esse sino tocava à meia-noite em frente à cela da pobre criatura que seria enforcada na manhã seguinte.
Curiosamente, no chão da igreja está o túmulo do explorador inglês Capitão John Smith, que morreu numa casa próxima em 1631.
Smith é conhecido por um incidente que ocorreu quando explorava o estado da Virgínia, nos EUA em 1607. Segundo ele, foi salvo por uma bela princesa indígena, Pocahontas, quando seria espancado até a morte pelo pai dela e outros guerreiros. A adolescente atirou-se em cima do inglês para protegê-lo e implorando ao seu pai para salvar a vida do homem branco.
A lenda de Pocahontas e Smith tornou-se uma das histórias de amor em todo o mundo, reproduzida com bom gosto por Walt Disney em 1995. Hoje, a maioria dos historiadores acredita que nada mais era do que a imaginação fértil do Capitão Smith, solenizado em alguns vitrais da igreja.
A grande diva Nellie Melba, que nasceu como Helen Porter Mitchell em Vitória há 150 anos, é também homenageada num belo vitral criado pelo renomado designer Brian Thomas, cujas obras também aparecem na Catedral de S. Paulo e na Abadia de Westminster.
O Santo Sepulcro-without-Newgate, é também conhecida como a igreja dos músicos. Foi no seu magnífico órgão, por volta de 1670 e com apenas 14 anos, que o compositor e maestro Henry Wood conseguiu entrar na música, e mais tarde como sabemos, chegou a organizar os famosos ‘The Proms’ que ainda se apresenta em Londres no verão.
Junto desse órgão com 300 anos de idade, também são realizados concertos gratuitos na hora do almoço, enquanto os 12 sinos que ressoam no seu alto campanário de 32 metros de altura, são os mesmos que se escutam na canção macabra de ninar do século XVII ‘laranjas e limões’.
‘Quando me paga?’, dizem os sinos de Old Bailey, referindo-se ao fato de que a prisão Newgate não só abrigava os criminosos condenados, mas também muitos devedores.
Mas é o sino tenor que tem a história mais sinistra de todas: é soado às 9 horas de cada segunda-feira para alertar o executor que começou a sua terrível tarefa, a qual era executada em público e estranhamente atraia até 100.000 espectadores fascinados.
Poderia estar algum de seus antepassados entre eles?