Bilionário reafirma doação de 60% de sua fortuna e critica baixa cultura de filantropia no Brasil

Fundador da Cyrela defende maior envolvimento de empresários em causas sociais e reforça compromisso com o movimento filantrópico Giving Pledge.

Por Redação Epoch Times Brasil
08/01/2025 15:42 Atualizado: 08/01/2025 15:42

Elie Horn, fundador da Cyrela, maior incorporadora de imóveis de luxo do Brasil, reafirmou seu compromisso de doar 60% de sua fortuna para a filantropia. Aos 80 anos, Horn é reconhecido não apenas por seu sucesso empresarial, mas também por sua profunda dedicação à caridade, guiada por sua fé e uma forte crença em um propósito maior.

“Deus é meu sócio”, afirmou o bilionário em entrevista ao Estadão. “Se Ele quer que eu faça caridade, preciso ganhar dinheiro.”

Essa convicção tem levado Horn a não apenas doar grande parte de seu patrimônio, mas também a estimular outros empresários a adotarem uma postura semelhante.

No entanto, ele admite enfrentar resistências nesse esforço.

“A dificuldade em fazer os empresários brasileiros doar parte de seu patrimônio é uma questão cultural ou egoísmo mesmo”, afirmou.

Horn está à frente de iniciativas como o “Think Tank do Bem”, um grupo de 25 empresários que se reúne para discutir e implementar ideias que promovam o bem na sociedade.

Entre os participantes estão nomes como Fabio Barbosa, CEO da Natura&Co, Ellen Gracie, ex-ministra do Supremo Tribunal Federal, e Guilherme Benchimol, fundador da XP Inc.

O objetivo do grupo é abordar questões sociais cruciais, como pobreza, justiça e saúde.

Apesar de suas iniciativas, Horn lamenta que a cultura da filantropia ainda seja fraca no Brasil.

Segundo ele, enquanto os norte-americanos doam cerca de 1,8% de sua riqueza, os brasileiros destinam apenas 0,2%.

“O Brasil é órfão nesse sentido”, disse, destacando que ele e David Vélez, fundador do Nubank, são os únicos brasileiros a aderirem ao Giving Pledge, movimento internacional que incentiva bilionários a doarem grande parte de suas fortunas.

Para Horn, a solução para muitos dos problemas sociais está nas mãos dos empresários, e não do governo.

“Os empresários têm liberdade de ação. Eles têm verbas. Não tem algemas”, declarou.

Ele defende que uma maior articulação entre o setor privado e as causas sociais poderia transformar o cenário brasileiro.

Um de seus sonhos seria lotear o Brasil entre 100 empresários, cada um assumindo uma área de atuação social.

“Eles vão se virar. Custo zero. Dá um problema, ele [o empresário] vai resolver, não tem como não resolver”, afirmou.

A Cyrela, segundo Horn, deve faturar cerca de R$ 10 bilhões este ano, com projetos voltados para diferentes segmentos da população, desde imóveis de luxo até habitações populares.

Questionado sobre o futuro da empresa, ele demonstrou confiança: “Hoje, a Cyrela está tão boa ou melhor do que na minha época em termos de gestão financeira”.

Apesar de reconhecer os desafios em ampliar a cultura filantrópica no Brasil, Horn segue firme em sua missão.

“Enquanto tiver cabeça, saúde e recursos, eu quero fazer o bem até o fim da minha vida”, afirmou.

Para ele, a caridade é mais do que um ato de generosidade – é uma forma de dar sentido à existência.