“A sabedoria começa na curiosidade.” – Sócrates
Algo mágico acontece quando uma criança torna-se curiosa em relação a algo e começa a explorar. Alguns temas podem capturar sua imaginação por um tempo, outros poderão fazê-la perder o interesse rapidamente, e alguns vão intrigar a sua alma de tal forma que vai parecer como se ela estivesse sendo chamada para um recesso de seu ser, viajando para um lugar sem fim, disposta a aprender qualquer habilidade necessária para continuar esta exploração para sempre.
Toda mãe ou pai que já presenciou uma faísca como essa em seu próprio filho percebeu o quão poderosa é a curiosidade natural, e como as pessoas são capazes quando lhe são dadas as condições para explorar e aprender.
Eu já vi isso em meus filhos. Minha filha pode transformar qualquer material reciclado em belos móveis para bonecas. Seu amor por artesanato levou a outras atividades, incluindo a criação de vídeos para ensinar os outros a fazer o que ela faz. Meu filho sabe fazer crochê e possui um conhecimento assombroso sobre aves. Sua paixão por pássaros direcionou sua aprendizagem de biologia, geografia, design de website, desenho, escrita, fotografia, filmagem, e muito mais. Eles possuem sete e nove anos, respectivamente, e toda essa aprendizagem foi auto-dirigida.
Quando levantei essa questão aos meus amigos do Facebook, descobri que os seus filhos também têm aprendido por conta própria uma incrível variedade de assuntos, incluindo: andar de bicicleta, skate, snowboard, o surgimento do arco-íris, natação, carpintaria, corte de madeira, piano, guitarra, desenho, maquiagem, canto, amarrar os sapatos, dinossauros, fazer tranças no cabelo, desenvolvimento de aplicativos, escrita em letra cursiva, cuidados com cabelo de boneca, bandeiras estrangeiras, confecção de flores de origami, e arte em balão! Seus pais não lhes ensinaram. Seus professores não lhes ensinaram. Eles ensinaram a si mesmos.
“É um milagre que a curiosidade sobrevive à educação formal.” – Albert Einstein
Ao longo dos anos, e com estudos após estudos mostrando seus benefícios, ambos os sistemas de educação tradicional e a crescente comunidade de escolas alternativas, têm apreciado a autoaprendizagem.
De acordo com ERIC Digest, essa abordagem tende a gerar alunos autoconfiantes, auto-disciplinados, persistentes, curiosos, dispostos a experimentar coisas novas, e desfrutar da aprendizagem.
Apesar dos benefícios óbvios, este tipo de ambiente de aprendizagem livre pode ser difícil de encontrar dentro dos limites dos sistemas de ensino tradicionais.
No extremo oposto destes sistemas, está a desescolarização, onde os pais incentivam seus filhos a dirigir completamente o curso de sua própria educação, abraçar ao máximo possível a ideia de que a aprendizagem auto-dirigida é a melhor.
“Em tempos de profunda mudança, os aprendizes herdarão a Terra, enquanto os eruditos encontram-se bem equipados para lidar com um mundo que não existe mais.” – Eric Hoffer
Para os pais que desejam incentivar os filhos a se envolverem mais na autoaprendizagem, a boa notícia é que é muito fácil. Você só precisa de alguns elementos-chave:
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Dê-lhes tempo
Se o dia do seu filho é lotado de atividades a partir do momento em que ele acorda até a hora que ele vai dormir, não há espaço para explorar, não há tempo para deixar a mente vagar. Da mesma forma, se o seu filho gasta todo o seu tempo livre assistindo televisão ou jogando vídeo game, o seu tempo também está sendo devorado por essas atividades, passando, de fato, muito mais rápido do que ela possa perceber.
A solução é não programar nada. Reserve um tempo vazio para seus filhos, um momento onde eles não terão aula de dança ou de futebol. Dê-lhes, simplesmente, tempo.
Seja versátil
Fornecer acesso a diferentes ideias, ambientes e materiais com os quais possam aprender e criar é uma outra maneira de facilitar as atividades de aprendizagem auto-dirigida.
Preste atenção aos temas que seu filho se sente interessado e entre a fundo com ele. Deixe ele cercado de livros, recursos on-line, documentários, visitas de estudo, material, e todo o necessário para permitir-lhe explorar plenamente seus interesses.
Comunique-se
Converse com seus filhos sobre as coisas que lhes interessam. Pergunte. Aborde o tema profundamente. Essas conversas vão alimentar suas ideias sobre a forma de ajudá-los e sobre as diferentes formas de olhar seus interesses.
Saia de casa
Não basta explorar na frente de uma tela ou até mesmo através de livros. Saia, toque e senta tudo aquilo pelo que seus filhos se interessam. Amante da arte? Vá ao Museu! Gosta de árvores? Vá fazer algumas trilhas! É fã de vídeo game? Faça uma excursão em empresas de programação!
Resumindo
Você pode incentivar seus filhos a resumir as suas conclusões ou fazer coisas a partir do que aprenderam. Ensine-os a ser produtores, e não apenas consumidores. Você pode ajudar sua pequena fotógrafa a entrar em um concurso ou dois. Você pode encomendar uma caixa de armazenamento do seu pequeno carpinteiro. Embora, talvez, isso não seja completamente auto-dirigido, esse empurrãozinho pode mostrar a seus filhos os frutos do seu trabalho.
Comemore
Observe os seus sucessos, não importa quão pequeno seja, e celebre-os. Se eles tropeçam e levantam por conta própria, isso também é digno de comemoração. A auto-aprendizagem, na realidade, é a forma como eles terão que aprender para o resto de suas vidas fora da escola. Aplauda essas habilidades e mostre que você as considera valiosas.
“É melhor saber como aprender do que apenas saber.” – Dr. Seuss