Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
“As Três Irmãs” não é para todos. Não é para aqueles que buscam escapismo, aventura ou a emoção do teatro musical. Mas é para os inclinados à filosofia, os curiosos sobre a psicologia e aqueles que desejam um entendimento mais profundo da humanidade e da vida.
De fato, quando “As Três Irmãs” do dramaturgo russo Anton Chekhov (1860–1904) estreou em Moscou em 1901, o público inicialmente não ficou muito entusiasmado. Isso porque Chekhov estava explorando um novo estilo de apresentação dramática. Ele substituiu o estilo declamatório esperado do teatro da época por um realismo naturalista de honestidade psicológica e emocional. Em vez da apresentação romântica da vida como poderia ser, Chekhov queria mostrar a vida como ela é.
Quando o diretor Konstantin Stanislavsky (1863–1938) conseguiu explorar as profundezas do novo estilo dramático em uma produção para o Teatro de Arte de Moscou, que ele co-fundou, “As Três Irmãs” se tornou um grande sucesso. A popularidade da peça continua até hoje, em produções como a que recentemente estreou no Invictus Theatre no Windy City Playhouse de Chicago.
A peça gira em torno de três irmãs e seu irmão que estão infelizes com suas vidas, mas não são motivados o suficiente para mudar suas circunstâncias. Eles são cultos e educados, mas estão presos em uma pequena cidade provincial. Eles estão fixados em recapturar a sofisticação de Moscou, a cidade onde passaram sua juventude e que acreditam ser mais propícia aos seus valores elitistas.
Sonhos e realidade
Há duas tragédias neste melodrama. Uma é que todos parecem estar emparelhados com as pessoas erradas, e a segunda é que eles não conseguem escapar da rotina diária de suas vidas. O conflito entre sonhos e realidade é o fio condutor que permeia toda a peça.
A história segue a vida das irmãs Prozorov nas garras do tédio durante a década anterior à Revolução Russa. Há a solteira Olga, que está resignada à solteirice; Masha, que é casada com o diretor da escola local e que ela não suporta; Irina, a mais jovem e idealista, que mantém o desejo de uma nova vida em Moscou; e seu irmão Andrey, que sonha em se tornar professor, mas que se resignou ao seu amor não correspondido.
Bem dirigida por Charles Askenaizer, esta produção é fiel ao clássico de Chekhov, e a tradução de Paul Schmidt torna o trabalho totalmente acessível ao público americano.
O grande palco no Windy City Playhouse é bem decorado pelo cenógrafo do Invictus, Kevin Rolfs. Ele criou uma variedade de áreas onde diferentes cenas podem ser encenadas, e com árvores de bétula e móveis de madeira projetados pela designer de adereços Rachel Livingston, e trajes de época por Jessie Gowens, o cenário sugere a atmosfera da era czarista russa.
Foco nos personagens
Como a peça é toda sobre personagens, é de extrema importância que os atores sejam capazes de desenvolver retratos psicológicos perspicazes. Esses são papéis difíceis de abordar, e para seu crédito, o elenco do Invictus está à altura da ocasião.
Maria Stephens oferece uma interpretação comovente de Olga, a professora solteira que anseia por um marido; Katherine Schwartz é convincente como Masha, que passa de uma mulher infeliz no casamento a uma apaixonada por um amor ilícito; e Ellie Duffey é ótima como a mimada e voluntariosa Irina. Além disso, Michael B. Woods se destaca como o irmão fraco Andrey, que desperdiça a herança da família, e Cat Hermes é cativante como Natasha, a cunhada de coração duro que parece uma vilã sem simpatia.
Além disso, personagens que impactam a vida das irmãs incluem o otimista Tenente-Coronel Vershinin, por quem Masha se apaixona, interpretado elegantemente por Bryan Breau. Kulygin, o diretor da escola, que acredita que poderia ter sido mais feliz se tivesse se casado com sua cunhada em vez de Masha, é bem representado por Francis Brady, e o Capitão Solyony, que é encantado por Irina, é bem interpretado por John Wehrman.
Em “As Três Irmãs”, a família Prozorov tem dinheiro para se mudar para Moscou; eles têm inteligência e saúde para isso. Mas eles permanecem presos em circunstâncias que poderiam mudar. Por quê? Ao final da peça, ficamos com essa pergunta, cuja explicação pode ser de grande importância. Por que tantas pessoas hoje fazem o mesmo? Talvez em “As Três Irmãs”, Chekhov nos forneça uma resposta.
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