Arquitetura chinesa, uma miniatura do cosmos

Por Juexiao Zhang
20/06/2024 22:31 Atualizado: 20/06/2024 22:31
Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

A arquitetura moderna se projeta para o céu, declarando seu domínio sobre nós, meros humanos. Ela não nos conecta com os céus; parece desafiar os céus para uma luta.

Ao longo de milhares de anos, os chineses desenvolveram o seu próprio estilo arquitetônico. Baseado nos princípios do taoísmo e do budismo, reflete o entendimento chinês de que os céus, a terra e os seres humanos estão intimamente conectados. Japão, Coreia e grande parte da Ásia copiaram esse estilo.

Harmonia entre o céu e a terra

“I Ching: O Livro das Mutações” e outros escritos dizem que os povos antigos agiam de acordo com as leis do céu, da terra, da natureza e da época do ano. A filosofia taoísta baseava-se no elemento central, aquele que dá origem aos céus, à terra e aos humanos.

O confucionismo atribuiu o princípio da harmonia entre o céu e a terra. A natureza é o grande cosmos e o ser humano é um pequeno cosmos. Como uma miniatura da natureza, o ser humano deve viver e agir dentro das leis da natureza e do cosmos.

Esta visão tradicional é válida para todas as áreas da vida chinesa, incluindo a arquitetura. Mais do que localização e utilização prática, um edifício tinha que estar em harmonia com a natureza, tanto por dentro como por fora.

Ancient Chinese architecture demonstrated the principle of harmony between heaven and earth. A Zen Buddhist temple in the mountains. (Shutterstock)
A arquitetura chinesa antiga demonstrou o princípio da harmonia entre o céu e a terra. Um templo Zen Budista nas montanhas. (Shutterstock)

Os arquitetos chineses projetaram elementos do cosmos em cada estrutura. Desde cavernas primitivas e edifícios simples até construções complexas, encontram-se consistentemente elementos do cosmos incorporados na arquitetura chinesa. De uma forma muito real, a arquitetura era uma miniatura do cosmos.

Pontos da bússola

Toda a arquitetura chinesa começou com pontos cardeais – norte, sul, leste e oeste. Os arquitetos usaram mapas que os astrólogos prepararam especificamente de antemão. Ao contrário dos mapas atuais, o sul estava no topo, o norte na parte inferior, o oeste à direita e o leste à esquerda.

Com base na localização da China no Hemisfério Norte, o povo chinês acreditava que um clima agradável – os invernos mais quentes e as brisas de verão das regiões do sul – vinha do céu. Assim, o sul era o ponto de referência para toda a construção.

Em geral, o arquiteto isolava as paredes a norte, oeste e leste e a entrada estava voltada para sul. Isto evitou que outras correntes climáticas, como ventos do norte ou outras condições adversas, afetassem a temperatura da casa.

Para proteção contra desastres climáticos, quatro criaturas míticas foram colocadas nos telhados das casas, como espíritos protetores dos quatro pontos cardeais. A tartaruga preta foi colocada ao norte, o canário cinábrio (também traduzido como Pássaro Escarlate) ao sul, o tigre branco a oeste e o dragão verde a leste.

Telhas

As primeiras telhas foram feitas de barro há cerca de 3.000 anos. Mais tarde, a grama de ylang-ylang e uma mistura de argila e pedra cobriram os telhados das casas. Logo os telhados foram realçados com esmaltes e brilhos de vários tons.

As telhas eram unidas por pregos e muitas vezes adornadas com motivos de animais ou plantas destinadas a proteger contra catástrofes naturais.

Foram reservados desenhos específicos para a habitação do imperador, como as esplêndidas telhas amarelas, que ainda hoje podem ser vistas nos edifícios da Cidade Proibida, em Pequim. As telhas do Templo do Céu em Pequim são azuis.

Dougong or interlocking brackets are a feature of traditional Chinese building that relied on wood. (Shutterstock)
Dougong ou suportes interligados são uma característica da construção tradicional chinesa que dependia de madeira. (Shutterstock)

Madeira: o principal material de construção

A madeira foi o principal material de construção utilizado pelos arquitetos chineses. Poderia ser facilmente obtido nas muitas florestas da China. A madeira era preferida como material de construção natural porque exalava um odor perfumado e agradável no interior de um edifício. Além disso, seu grão e brilho trouxeram uma atmosfera natural para a casa. Para os arquitetos, a madeira era um material de construção vivo, que respirava, absorvia e repelia a umidade. Mas tinha suas desvantagens, pois a maioria das casas pegava fogo facilmente.

Enquadramento

Os arquitetos chineses preferiram construir uma casa construindo primeiro uma estrutura, pois isso trazia uma série de vantagens ao construtor. Em contraste com uma estrutura sólida (de pedra), um edifício com estrutura possui vigas e pilares para suportar peso em determinados pontos de pressão. Este método de construção permite ambientes amplos e abertos.

A arquitetura chinesa proporcionou uma transição suave para o meio ambiente e harmonizou verdadeiramente os seres humanos com seu mundo e os céus.