A Idade Média estava chegando ao fim. Sua arte apresentava seres sagrados em um reino celestial e dourado. A Renascença então entrou em cena, e era hora da grande arte aparecer na Terra, seguida de excitantes descobertas na ciência.
Os artistas renascentistas retratavam figuras espirituais, mas as colocavam em ambientes naturais e terrenos. Um artista liderou o caminho: Giotto di Bondone (1267-1337) criou pinturas que, como placas de rodovias dizendo o que está por vir, conectavam as pessoas comuns e as encorajavam a acreditar em Deus e respeitar a natureza. Ele pintou cenas de eventos milagrosos que mostraram o poder da fé e como a crença pode realizar o aparentemente impossível.
Cenários naturais raramente haviam sido expressos em pinturas ocidentais antes. Mas eles são mostrados com destaque nas pinturas de Giotto de São Francisco, o homem pobre de Assis, que faleceu apenas 20 anos antes de Giotto nascer.
As ações maravilhosas realizadas pelo santo homem de Assis pareciam cientificamente impossíveis, mas forneceram aos crentes grandes lições espirituais. As pessoas que viram os afrescos começaram a entender que nosso ambiente natural era de fato um presente do céu.
Observações precisas
Giotto descreveu o ambiente natural com tanta precisão em seus afrescos que eles fornecem uma pista para eventos do passado. As rochas que pintou faziam parte de sua paisagem local: o calcário, comum na região da Úmbria.
O afresco dos estigmas de Francisco na Capela Bardi da Basílica di Santa Croce em Florença, Itália, mostra Cristo imprimindo as feridas de sua crucificação em Francisco enquanto ele orava em uma rocha.
Os afrescos de Giotto apontam para alguns dos mistérios geológicos da Terra enquanto retratam um evento milagroso. Em seu artigo publicado pela União Europeia de Geociências, a geóloga e estudiosa do renascimento, Ann C. Pizzarusso, descreve a pintura da perspectiva de um cientista:
Giotto retrata Francisco em um bloco de calcário que foi desgastado e erguido, como visto por seu relevo quase vertical. Abriu-se uma fenda na encosta da falésia, comum aos depósitos calcários. Giotto usa esta pedra, que foi cortada, para imitar as feridas nas mãos e nos pés de São Francisco.
A igreja em primeiro plano é feita de pedra calcária cinza encontrada na área e comumente usada para construção. À esquerda da igreja, grikes (fissuras de solução) e clints (calcário separado das seções adjacentes por fissuras de solução) começam a se formar.
O calcário Scaglia Rossa retratado no afresco foi extraído na pedreira do Monte Subasio.
Pizzarusso escreve que as representações precisas de Giotto de formações rochosas locais permitem aos geólogos identificar o tipo de rocha até o local exato em que pode ser encontrado, comparar diferenças passadas e presentes de estratos e características geológicas e, em seguida, identificar melhor a taxa de mudança geológica na região.
Esse mesmo tipo de rocha mais tarde deu pistas aos cientistas que ofereceram uma teoria bem aceita para a extinção dos dinossauros.
Falando com os pássaros
A maioria de nós não entende a linguagem dos pássaros. Seus zumbidos altos e complexos, gorjeios e trinados mistificam. É um mistério para a maioria de nós como interagir com nossos amigos alados.
No entanto, Francisco de Assis falou com eles. O afresco de Giotto, “Sermão aos Pássaros”, conta a história de Francisco falando a essas criaturas aladas sobre Deus e outras verdades espirituais.
A cena mostra Francisco e outro frade indo em direção a um pequeno rebanho de pássaros no chão enquanto outros voam. Os pássaros ouvem com expectativa enquanto o santo lhes fala sobre Deus. Francisco os abençoa e os pássaros voam.
Giotto explicou o que está acontecendo neste evento milagroso pictoricamente, através da reação da outra figura na pintura. Um frade levanta a mão com uma expressão de surpresa no rosto: “Como isso pode acontecer?”
O Learn Bird Watching afirma que as aves realmente interagem com os seres humanos, como sugerem pesquisas científicas recentes. “Eles também parecem ser capazes de entender o tom e o conteúdo emocional da fala humana. Isso sugere que eles são capazes de entender pelo menos alguns aspectos da linguagem humana”.
As pessoas reconheciam Francisco em sua época por seu comportamento humilde e sua pregação gentil; talvez os pássaros também tenham reconhecido o pobre de Assis, porque o ouviram.
Learn Bird Watching afirma: “Há muito se sabe que os pássaros são capazes de reconhecer humanos individuais. Estudos mostraram que eles podem distinguir entre os rostos de diferentes pessoas.”
A pintura de Giotto mostra a verdade expressa em um meme da internet por “musas de um místico”, que diz: “Um coração compassivo sabe que cada pequena vida importa”.
Água brota da rocha
Outro dos afrescos de Giotto, “O Milagre da Primavera” mostra como a água responde à oração de Francisco. Por compaixão, Francisco tira uma fonte de uma rocha para dar água a um homem que está morrendo de sede.
Reza a história que Francisco, que estava com dois monges, foi abordado por um fazendeiro que estava com sede e desmaiou. A pintura de Giotto mostra que Francisco se compadece do pobre fazendeiro e reza fervorosamente.
Então, a água sai jorrando da rocha perto do fazendeiro. O agricultor se inclina para a rocha e bebe da fonte milagrosa, e ele é salvo. Depois dessa gentileza, diz-se que a nascente desapareceu como se nunca tivesse existido.
Mais uma vez, para ajudar o espectador a entender o que era um evento milagroso, Giotto mostrou os dois companheiros de Francisco reagindo ao milagre. Com suas expressões de espanto, eles demonstram como a maioria das pessoas reagiria se tivesse testemunhado esse evento.
Os cientistas passaram a entender que tudo no nível mais microscópico é feito principalmente de água – até mesmo rochas, por mais estranho que possa parecer. Pesquisas recentes descobriram que a água pode residir dentro e entre as menores partículas de rocha.
Pizzarusso nota a precisão de Giotto em pintar a cena com padrões ondulatórios formados pela erosão do calcário estratificado. Ela escreve: “O calcário é poroso e muitas vezes brotam fontes do interior da Terra”.
Os hidrólogos usam o nome “água subterrânea” para se referir à água existente nos menores elementos da rocha, e oferece uma fonte surpreendente, mas próxima de água doce.
De acordo com um artigo de Donald DeYoung, professor de física no Grace College: “As pessoas às vezes assumem que a água do poço vem de cavernas literais ou riachos subaquáticos, mas esse não é o caso. Ele flui direto do solo e das rochas.”
Pode ser difícil para a maioria das pessoas acreditar que a maioria das coisas é feita de água. No entanto, a NASA explica que um terremoto libera água da rocha, no que é chamado de “desidratação do terremoto”.
Temos essa incrível realização retratada no afresco de Giotto do milagre da primavera.
Os outdoors de Giotto
Os afrescos de Giotto eram os outdoors de sua época, dizendo a todos que se, acreditassem no divino, poderia revelar os segredos da criação.
Seus afrescos mostram que Francisco, primeiro acreditou que algo poderia acontecer, e então aconteceu. A água brota da rocha, e os pássaros ouvem um humano falando com eles. Ele não precisava ver para crer; ele acreditou e então testemunhou eventos milagrosos.
Os afrescos de Giotto previram avanços científicos que só seriam pesquisados por cientistas centenas de anos depois. Se pudermos clarear nosso pensamento, veremos e experimentaremos como o reino divino revela segredos celestiais à ciência.
“Giotto procurou abraçar a mensagem de São Francisco: que as pessoas pudessem começar a ver e experimentar a bondade, verdade e beleza de Deus já neste mundo”, segundo o site Aleteia.
Milagres acontecem porque as pessoas acreditam, e então elas podem experimentar um toque do divino.
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