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Um amor profundo realizado por uma missão divina

23/06/2012

Uma entrevista com o tenor do Shen Yun, Yuan Qu

Nova York – O tenor do internacionalmente renomado Shen Yun Performing Arts, Yuan Qu, tem uma voz impressionante. Carlo Bergonzi, um dos tenores italianos de ópera mais admirados atualmente, exaltou: “Você vai disparar”, disse Bergonzi certa vez a Yuan Qu.

Bergonzi seleciona o melhor dos melhores cantores que viajam de diversos lugares do mundo para a Itália para participarem de sua prestigiosa aula de mestre, ensinada em Milão. Os cantores são selecionados mediante um teste, e Yuan Qu tem sido o único estudante asiático da classe de Bergonzi.

Seu talento também lhe permitiu ter duas aulas de voz com o lendário Luciano Pavarotti. Outros cantores de ópera proeminentes com os quais Yuan Qu estudou na Europa incluem María Soler e Eduardo Giménez, no Conservatório de Altos Estudos de Música de Liceo, em Barcelona, e Isabel Penago, em Madrid.

Nativo do Tibete, Yuan Qu cresceu no alto Himalaia e nasceu para voar. Ele é dotado de uma grande voz caracterizada por um rico timbre, um límpido ditado, um legato suave, e um amigável talento para o estilo Latino.

Ele ganhou grande respeito em competições internacionais de voz de grande prestígio em Barcelona e em Florença e ganhou a medalha de ouro da última competição. Yuan Qu tem se apresentado em muitas das maiores casas de ópera na Europa e tem se apresentado em muitos festivais musicais de alto nível.

Em 2008, ele chegou às grandes finais da competição de talentos do programa de televisão Britânico “The X Factor”, vencendo outros 7.000 candidatos com a música de ópera italiana “O Sole Mio”.

Em 2009, ele ganhou a cobiçada medalha de ouro no Concurso Chinês Internacional de voz da New Tang Dynasty TV (da divisão masculina).

Yuan Qu fala e canta em tibetano (khamdo), chinês (mandarim), italiano (língua que aprendeu quando estudou com Carlo Bergonzi), espanhol (ele viveu na Espanha por 8 anos), e inglês (ele morou no município de Cheshire com sua esposa Paula Wilson, antes de se juntar ao Shen Yun em Nova York). Ele também canta em francês e em alemão.

Apesar de seu talento, Yuan Qu levou mais de duas décadas para encontrar um lugar apropriado para isso. Na verdade, sua experiência de vida é tão dramática quanto às óperas italianas que ele gosta de cantar.

O nome tibetano de Yuan Qu é Tashi Dorje, que significa “esperançoso vajra” ou “guardião de Buda”. Mas, tendo nascido durante a Revolução Cultural, e vivendo sob as regras do Partido Comunista Chinês por 31 anos, sua vida não foi nada esperançosa.

Parte da tática comunista chinesa para destruir a cultura tibetana, a “reeducação” foi imposta a jovens nativos tibetanos de apenas 8 anos. Pequim queria privar as crianças tibetanas de sua identidade nativa, e moldá-las de acordo com a guarda vermelha comunista da China.

Durante a Revolução Cultural (1966-1977), comunistas chineses baniram todas as atividades religiosas no Tibete, arrasaram templos e monastérios, queimaram objetos e escrituras budistas tibetanas, prenderam, torturam e mataram muitos monges e monjas.

Sabendo que os pais de Yuan Qu não deixariam seu único filho ser levado a Pequim para uma lavagem cerebral, os comunistas chineses disseram a seus pais: “Estamos levando seu filho para Lhasa, para ver os lamas e os budas de hoje em dia e para receber uma boa educação lá. Depois que ele completar seus estudos, nós o mandaremos de volta para casa.”

Na cultura tradicional tibetana, a única criança, especialmente um filho, não deve deixar os pais para viajar longas distâncias. A criança deve ficar em casa para assistir aos seus pais. É um dever filial.

Seus pais, devotos ao budismo tibetano, acabaram por concordar. Embora fosse muito difícil separarem-se do único filho, eles queriam dar a Yuan Qu a chance de visitar esse lugar sagrado – um dos destinos das peregrinações sagradas.

“Não era permitida a comunicação por carta ou telefone com meus pais durante esses anos os quais eu passei em Pequim. Foi muito difícil, para um menino de 9 anos de idade, ser completamente removido de seus pais e de sua cultura nativa, transportado por dezenas de milhares de quilômetros, através de trem e ônibus, longe de suas amadas raízes tibetanas”, ele disse.

O jovem Yuan Qu foi enviado para uma escola em Pequim e morou com uma família anfitriã arranjada pelos comunistas chineses. “Nós não éramos autorizados a falar tibetano. Eles nos disseram para esquecer a cultura tibetana. Eles disseram que nossa religião (tibetana) e cultura eram supersticiosas e inúteis.”

“Como muitos tibetanos nativos, eu adoro cantar e dançar. Eu queria estudar canto e dança, mas os comunistas chineses negaram.”

Em vez disso, os comunistas chineses dispuseram a formação médica para Yuan Qu.

Um dia, Yuan Qu por acaso ouviu uma fita cassete de Pavarotti, uma coisa rara de acontecer em Pequim durante a Revolução Cultural. Rotulado como “má influência do ocidente capitalista”, a fita cassete fazia parte da coleção privada de um professor que foi perseguido durante o “Movimento Anti-direitista” de Mao.

A canção de Pavarotti “O Sole Mio” passou pelo menino tibetano de 9 anos de idade como um raio e ateou fogo na secreta paixão de Yuan Qu pela música.

“Eu fui imediatamente tomado pela música. Tornou-se a maior de todas influências sobre mim”, disse Yuan Qu.

Qu lembra-se que no momento em que a música chegou aos seus ouvidos, ele disse para si mesmo: “Este é o modo como a música deve soar; é assim que eu quero cantar pelo resto da minha vida.”

Durante os anos em que estudou medicina, ele recorreu repetidamente às autoridades chinesas para que mudassem seus estudos para música. Os dirigentes do partido ficaram irritados com os pedidos do jovem e puniram-no por desafiar o destino organizado pelo partido. Yuan Qu foi mandado para outra escola médica por mais três anos, e após a formatura, foi enviado a um campo rural remoto no Tibete, para praticar as lições médicas que aprendera.

“O Sole Mio” de Pavarotti nunca saiu da mente de Yuan Qu. Para evitar a punição dos comunistas chineses, ele pediu ajuda aos seus pacientes em vez de fazer apelos diretos às autoridades chinesas.

“Eu quero cantar – você conhece alguém que queira me ter como cantor?”, ele perguntava particularmente aos seus pacientes na clínica onde trabalhava. Sua habilidade de tratar pacientes ganhou não só um grande respeito, como também empatia para com os outros. Com a ajuda de alguns pacientes, Yuan Qu finalmente conseguiu deixar seu posto médico para seguir a sua paixão pela música.

Ele foi fazer uma audição para a Chamdo Arts Troupe no leste Tibetano e foi admitido. Mais tarde, ele foi aceito pelo Conservatório de Música da China, onde estudou ópera por cinco anos. Em seguida, ele fez mestrado em voz no ‘Vocal Musical Research Institute’ em Pequim. Após a formatura, ele se tornou solista em tempo integral da Orquestra Nacional Chinesa, um instituto estatal chinês de música popular.

No entanto, ter uma carreira de cantor na China comunista não preencheu o seu amor pela música.

Durante os seis anos em que participou da Orquestra Nacional da China, Yuan Qu estava frustrado. Ele queria cantar ópera, mas o partido não aprovava este tipo de arte.

“Você é tibetano, você deveria cantar músicas populares do Tibete. Pare de ficar brincando com o canto lírico italiano e a ópera!” diziam os comunistas chineses. Eles estavam (e ainda estão) no completo controle de todas as organizações culturais e de artes na China.

De acordo com Yuan Qu, as performances artísticas da China não passam de ferramentas para propaganda do regime comunista chinês. Os artistas que não se adequam às exigências comunistas chinesas não têm futuro, nem meios para viver na China.

Yuan Qu se rebelou. “Vou cantar ópera e canto lírico, mesmo que isso signifique que eu tenha que passar fome.”

Mesmo frustrado e reprimido, Yuan Qu continuou a procurar oportunidades que satisfizessem seu amor ao canto lírico. Com a ajuda de um amigo tibetano no Reino Unido, Akong Tulku Rinpoche, que fugiu para a Índia logo após a supressão comunista chinesa da revolta tibetana, em 1959, Yuan Qu deixou a China em 1997 para participar do 34º concurso internacional de voz Viñas Francisco, em Barcelona, Espanha.

Seu rico timbre, sua belíssima voz, e seu terno fraseado surpreenderam o júri. Após o concurso ele foi imediatamente admitido para o Conservatório Superior Liceu, por recomendação do júri e, posteriormente, estudou com alguns dos tenores mais famosos da Europa.

A partir de 2003 ele passou a apresentar-se regularmente em concertos na Arena di Verona, na Itália, um dos mais renomados anfiteatros da Roma antiga na Piazza Bra, que realiza grandes apresentações de ópera.

O local tem capacidade para acomodar mais de 15.000 espectadores, e fez Yuan Qu se sentir em casa. “Cantar lá é como cantar para a vasta abertura do Planalto Tibetano ao longo dos Himalaias”, ele disse.

Profundamente conectado às suas raízes tibetanas, Yuan Qu aprecia tudo que o faz lembrar de sua terra natal.

A esposa de Yuan Qu, Paula Wilson, descreve Yuan Qu como uma pessoa muito compassiva: “Ele cuidou da minha avó o máximo que pôde, antes de partir em turnê com o Shen Yun, e foi uma bênção para a nossa família. Os ocidentais nunca sonhariam com coisas como essa, minha mãe nunca esquecerá esse grande ato de bondade”, ela disse.

“Minha avó realmente o amava, e isso fez diferença em seus últimos anos de vida. Ela faleceu serenamente enquanto dormia, já havia completado 101 anos. Nessa época ele estava em sua primeira turnê com o Shen Yun, em 2008, e nós tocamos uma gravação de sua voz no funeral.”

É no Ocidente que Yuan Qu pode livremente cumprir o seu amor pela música e por seus entes queridos. Em seu Tibete natal, ele não pôde nem ver sua mãe antes dela falecer. O regime comunista chinês o impediu de viajar para a China para ver sua mãe doente e participar de seu funeral, porque o regime estava preocupado com a manutenção da harmonia e da estabilidade na China durante o ano das Olimpíadas em Pequim.

Foi uma agonia emocional para Yuan Qu perder o funeral de sua mãe. Na cultura tibetana, as crianças devem estar ao lado da cama de seus pais no momento da morte, para que possam acender a lâmpada de óleo tibetano, que honra o parente falecido.

Yuan Qu almeja cumprir sua esperança em relação à Shen Zhou – Terra do Divino, um nome tradicional para a China. Ele encontra esperança em Shen Yun e sua missão de reviver uma civilização de 5.000 anos divinamente inspirada. Ele espera poder restaurar a beleza atemporal das virtudes e da moralidade, que foram impiedosamente destruídas pelos comunistas chineses.

Yuan Qu acredita que Shen Yun é o melhor lugar para ele e sua voz. “Neste lugar, ninguém está preocupado com a própria validação, ou com fama e ganhos pessoais. Todos têm o coração exclusivamente dedicado a dar o melhor de si para o público.”

Yuan Qu afirma que a “melhor” das experiências vividas pelo público está além do que palavras podem descrever.

“Não importa onde ou quando, sempre há pessoas derramando lágrimas ao assistirem o Shen Yun.”

“É a explosão da alegria em sua forma mais pura. É a terna sensação de iluminação, o despertar mais íntimo do ser verdadeiro, que ficou adormecido na fria solidão por muito tempo.”

“Fazer parte do Shen Yun é uma grande bênção para mim”, disse ele.

Yuan Qu está otimista de que em futuro não muito distante, fará uma turnê com o Shen Yun para a China e cantará em seu tibetano nativo, cumprindo seu profundo amor pelo povo e pela cultura do Tibete.

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