Segundo o diretor da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, a estratégia de vacinação para combater a dengue pode demandar até oito anos para demonstrar redução na transmissão da doença. Ele fez essa previsão durante uma entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira (28).
A Opas ressaltou que, devido à recente aprovação da vacina pelas agências de vigilância sanitária, é crucial que os sistemas de saúde nas Américas monitorem de perto a situação. Jarbas mencionou que os dados de eficácia da vacina para o sorotipo 3 da dengue são limitados, pois foram obtidos em um período de baixa circulação desse sorotipo.
“É importante ressaltar que a vacina que está disponível é uma vacina de duas doses e que precisa de três meses entre uma dose e outra. Ou seja, a vacina não é uma ferramenta para controlar a transmissão neste momento. A grande ferramenta de controle da transmissão da dengue segue sendo a eliminação dos criadouros do mosquito” explicou.
O Brasil está enfrentando a mais severa crise da epidemia de dengue já registrada, contabilizando mais de 2 milhões de casos confirmados e aproximadamente 830 óbitos relacionados à doença somente em 2024. Apesar da urgência da situação, a vacina QDenga, da farmacêutica Takeda, ainda está sendo produzida em “quantidade limitada”, enquanto a vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan, conforme avaliação de Jarbas, só deve estar disponível para a população em 2025.
Crianças imunossuprimidas não terão acesso à vacina da dengue
Devido à fragilidade imunológica, crianças e adolescentes imunossuprimidos foram excluídos da vacinação contra a dengue destinada a essa faixa etária. Atualmente, as vacinas estão sendo administradas para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos. Infectologistas explicam que o imunizante utilizado contém vírus vivos atenuados, o que significa que a sua aplicação em pessoas com baixa imunidade, como portadores de HIV, transplantados e pacientes em tratamento contra o câncer, pode resultar na manifestação da doença. Por essa razão, a vacina contra a dengue não é recomendada para indivíduos imunossuprimidos. Assim, esse grupo precisa estar especialmente atento aos cuidados para evitar a contaminação pela doença.
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal orientou que pacientes que tiveram a doença há menos de seis meses não podem receber a primeira dose da vacina. Gestantes e lactantes também devem evitar o imunizante.
Não podem tomar a vacina:
Quem está com dengue ou sintomas sugestivos da doença;
Pessoas que possuem alergia a outras vacinas;
Imunossuprimidos (baixa imunidade);
Gestante ou lactante (amamentando);
Ser menor de 10 anos ou maior de 11 anos;
Ter tido dengue há menos de 6 meses;