Uso excessivo de redes sociais e internet ameaça saúde de jovens, apontam pesquisas

Especialistas alertam para impactos do tempo de tela na autoestima, qualidade do sono e bem-estar psicológico de crianças e adolescentes.

Por Redação Epoch Times Brasil
06/01/2025 17:17 Atualizado: 06/01/2025 17:17

Uma nova série de estudos traz à tona dados preocupantes sobre o uso excessivo de redes sociais e seu impacto na saúde mental de crianças e adolescentes.

A pesquisa TIC Kids Online realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e Cetic.br revelou que 93% dos jovens brasileiros entre 9 e 17 anos usam a internet. Destes, 83% possuem perfis em plataformas como WhatsApp, Instagram e TikTok.

Esse cenário levanta questionamentos sobre os efeitos dessas interações digitais constantes. Especialistas alertam para os riscos que isso representa à saúde psicológica dos jovens.

Redes sociais e vulnerabilidade mental

De acordo com a European Public Health Alliance (EPHA), o aumento no uso de redes sociais está diretamente relacionado ao crescimento de transtornos como ansiedade e depressão.

As plataformas digitais frequentemente estimulam a comparação social, levando à baixa autoestima. Em casos mais extremos, isso pode desencadear comportamentos autolesivos e ideações suicidas.

Essa questão é especialmente preocupante em adolescentes, grupo mais suscetível a influências externas e pressões sociais. Dados do Canadian Medical Association Journal (CMAJ) apontam que, no Canadá, as internações hospitalares por autolesão em adolescentes do sexo feminino aumentaram 110% entre 2009 e 2014.

No Brasil, o estudo da TIC Kids Online identificou que 29% dos jovens enfrentaram situações ofensivas ou humilhantes na internet. O cyberbullying é uma das principais formas de agressão online. Apesar da gravidade, apenas 31% dos jovens buscaram apoio de pais ou responsáveis após essas experiências.

Impacto do uso noturno e privação de sono

Além disso, o uso excessivo de dispositivos digitais antes de dormir tem se mostrado um dos maiores vilões para a saúde mental dos jovens.

Segundo o CMAJ, mais de 40% dos adolescentes nos Estados Unidos passaram a dormir menos de sete horas por noite após 2013. Essa privação de sono afeta diretamente o humor, a capacidade de concentração e o desempenho escolar.

Em um estudo australiano, foi constatado que a falta de sono mediada pelo uso de smartphones resultou em queda na autoestima e no aumento de comportamentos de risco.

Além disso, o uso prolongado de telas reduz a produção de melatonina, hormônio responsável pela indução ao sono, dificultando o descanso adequado e cooperando para o aumento de casos de ansiedade e depressão.

A presença de dispositivos no quarto, mesmo que não estejam em uso, já é suficiente para prejudicar a qualidade do sono, reforçam os especialistas.

Papel dos pais e mediação

Embora muitos pais reconheçam os riscos associados ao uso excessivo da tecnologia, apenas 34% adotam medidas ativas, como filtros de conteúdo ou restrições de tempo.

Especialistas em saúde infantil destacam que o acompanhamento próximo e a criação de regras claras são fundamentais para mitigar os impactos negativos.

Estimulando atividades offline, como esportes ou leitura, os pais podem ajudar a equilibrar o tempo de tela e promover um desenvolvimento mais saudável.

Além disso, o diálogo aberto entre pais e filhos é essencial para construir uma relação de confiança. Quando os jovens se sentem seguros para compartilhar suas experiências online, é mais provável que busquem apoio em situações de risco, como o cyberbullying ou a exposição a conteúdos inadequados.

Recomendações e soluções

Os especialistas sugerem várias estratégias para combater os efeitos negativos do uso excessivo das redes sociais.

Entre as principais recomendações estão:

Limitar o tempo de tela: Estabelecer horários específicos para o uso de dispositivos digitais, especialmente antes de dormir.

Promover pausas regulares: Incentivar intervalos frequentes durante o uso de dispositivos para evitar a fadiga mental.

Fomentar atividades offline: Estimular práticas como esportes, artes e encontros presenciais para reduzir a dependência das redes sociais.

Educação digital: Implementar programas escolares que ensinem sobre os riscos e benefícios do uso consciente da tecnologia.

A European Public Health Alliance também enfatiza a necessidade de campanhas de conscientização pública que abordem os impactos do ambiente digital na saúde mental.

Tais iniciativas devem incluir tanto os jovens quanto suas famílias, fornecendo ferramentas para um uso mais equilibrado das tecnologias.