Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
O Burundi, país da África Oriental, registrou um aumento nos casos de varíola dos macacos, também chamada “mpox”, com crianças e adolescentes representando a maior parte das pessoas afetadas, de acordo com o UNICEF.
Crianças e comunidades vulneráveis no leste e no sul da África estão enfrentando o impacto de um “surto em expansão” da doença, com mais de 200 casos relatados em cinco nações africanas — Burundi, Ruanda, Uganda, Quênia e África do Sul —, disse um comunicado da UNICEF à imprensa em 22 de agosto.
“A nova variante do vírus mpox (clado 1b) foi identificada em todos os países afetados, exceto na África do Sul, o que está causando preocupação devido ao seu potencial de transmissão mais ampla entre grupos etários, especialmente crianças pequenas”, disse a agência.
“Burundi está relatando o maior número de infecções em toda a região. Em 20 de agosto de 2024, 170 casos confirmados de mpox foram detectados em 26 dos 49 distritos do país, dos quais 45,3% são do sexo feminino.”
As crianças e os adolescentes com menos de 20 anos de idade representam quase 60% dos casos em Burundi, e os menores de cinco anos representam 21% das infecções.
O UNICEF disse que os riscos apresentados pelo clado 1b mpox são maiores para as crianças do Burundi, pois há um surto simultâneo de sarampo na região.
O país está enfrentando vários desafios no combate à doença, inclusive a baixa conscientização da comunidade, a escassez de kits de teste de diagnóstico e medicamentos e os altos custos operacionais.
Etleva Kadilli, diretora regional do UNICEF para a África Oriental e Austral, chamou a nova cepa de mpox de “séria ameaça às crianças e famílias vulneráveis”.
“Na luta contra o surto de mpox, priorizar as necessidades das crianças não é apenas necessário, é urgente”, disse ele. “Sua maior vulnerabilidade exige que dediquemos toda a nossa atenção e recursos para garantir sua proteção e bem-estar nesta fase crítica de resposta.”
A mpox tem dois clados genéticos — 1 e 2. De acordo com os especialistas, as variantes do clado 1 causam mais graves casos mais graves do que as do clado 2, além de se espalharem com muito mais facilidade, e, portanto, representam grandes riscos à saúde.
O surto global de mpox que começou em 2022 foi causado pela variante do clado 2. Até o início de agosto, nenhum caso de mpox do clado 1 havia sido detectado fora do continente africano.
Isso mudou em 15 de agosto, quando as autoridades suecas relataram um caso de infecção do clado 1 naquele país.
O indivíduo foi infectado enquanto estava em um país africano “onde há um grande surto em andamento de mpox clado I”, disse Olivia Wigzell, diretora-geral da Agência de Saúde Pública da Suécia, a repórteres em uma reunião.
Em 24 de agosto, a Lancet afirmou que o caso sueco e um caso separado no Paquistão em meados de agosto foram confirmados como “o primeiro caso de mpox com clado 1b fora da África”.
Em 22 de agosto, a Tailândia confirmou seu primeiro caso de vírus do clado 1. Descobriu-se que um homem europeu de 66 anos, vindo de um país africano, estava infectado com a cepa do clado 1b.
De acordo com a OMS, as variantes do clado 1 já foram detectadas em oito países africanos, além da Suécia e da Tailândia: República Democrática do Congo, Burundi, República Centro-Africana, Camarões, Congo, Ruanda, Uganda e Quênia.
Os sintomas da mpox podem incluir febre alta, dor nas articulações, dor nas costas, tremores, glândulas inchadas, dores de cabeça e dores musculares.
Após os primeiros sintomas, geralmente aparece uma erupção cutânea ou lesões cheias de pus. As erupções tendem a começar no rosto e depois se espalham para outras partes do corpo, como a boca e os órgãos genitais.
Países que estão adotando medidas de precaução
Vários países instituíram medidas de triagem para a mpox. O Ministério da Saúde de Cingapura anunciou na quinta-feira, que o país “colocaria em prática a triagem visual e de temperatura” em dois de seus aeroportos para pessoas que chegassem de locais expostos ao risco de surtos de mpox.
Até o momento, o país relatou 13 casos de mpox este ano, todos com cepas menos graves do clado 2.
Na semana passada, a alfândega chinesa implementou “medidas de vigilância mais rígidas” nos portos de entrada para evitar a importação de casos de mpox.
Indivíduos provenientes de países com casos confirmados de mpox e que tenham sido expostos ao vírus ou apresentem sintomas como febre, dor de cabeça, dor nas costas, dor muscular, gânglios linfáticos inchados e erupções cutâneas devem declarar sua condição às autoridades alfandegárias ao entrar na China.
“Os funcionários da alfândega implementarão medidas médicas e conduzirão amostragens e testes de acordo com os procedimentos prescritos”, disse.
“Além disso, veículos, contêineres e mercadorias contaminados ou potencialmente contaminados de países e regiões onde casos de mpo foram relatados serão higienizados de acordo com os procedimentos prescritos.”
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou o surto de mpox uma “emergência de saúde pública de interesse internacional” em 14 de agosto, após o aumento de casos no Congo e no resto da África. Ele pediu uma “resposta internacional coordenada” para interromper os surtos e salvar vidas.
Na quinta-feira, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos EUA disseram que o governo Biden já instituiu uma “estrutura de resposta a incidentes” em todas as agências para aumentar a preparação do país para possíveis infecções por mpox do clado 1.
O CDC estima que, como a variante do clado 1 é endêmica em países que não têm cuidados de suporte generalizados, ela provavelmente “causaria menor morbidade e mortalidade nos Estados Unidos”. O surto de 2022 da cepa do clado 2 resultou em mais de 32.000 infecções e 58 mortes nos Estados Unidos.
