Saiba como o leite pode afetar a sinusite

05/05/2015 08:00 Atualizado: 15/06/2019 01:19

Por Marina Dalila, Epoch Times

Como já dizia Ann Wigmore, a comida que você come pode ser o mais poderoso medicamento ou o mais poderoso veneno. Os alimentos mais influentes na sinusite atualmente são o leite, a carne, o glúten, o sal e os ovos.

Recentemente, pesquisadores anunciaram um tratamento cirúrgico para os pacientes acometidos por sinusite crônica, que tem a vantagem de poder ser realizado em casa. Isso até seria uma ótima idéia se atuasse na raíz do problema; mas a ciência vem descobrindo que, em um grande número de casos, a causa real da sinusite é o leite de vaca.

O atual consumo de leite de vaca e seus derivados tem feito com que o organismo esteja produzindo uma quantidade muito maior de muco do que pode eliminar. E, por isso, tem sido constatado que a simples abstenção do leite de vaca pode ser crucial para a melhora da sinusite: várias pessoas afetadas têm se beneficiado com uma drástica melhora da sinusite, após se absterem de leite somente num período inicial de um mês.

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Explicando a sinusite

A sinusite é uma inflamação ou inchaço dos tecidos que revestem os seios da face. Normalmente, os seios estão cheios de ar, mas quando ficam bloqueados e preenchidos com fluido e germes (bactérias, vírus ou fungos) estes podem se multiplicar e causar uma infecção.

As condições que podem causar a obstrução do seios faciais incluem a rinite alérgica, o resfriado comum, os pólipos nasais (pequenos crescimentos na mucosa do nariz) ou um desvio de septo (uma mudança na cavidade nasal).

Existem diferentes tipos de sinusite, incluindo:

Sinusite aguda: um início súbito com sintomas gripais, tais como nariz entupido, coriza e dor facial que permanece até por 2 semanas. A sinusite aguda geralmente dura 4 semanas ou menos;

Sinusite subaguda: uma inflamação com duração de 4 a 8 semanas;

Sinusite crônica: condição caracterizada por sintomas de inflamação dos seios faciais com duração de 8 semanas ou mais. Cerca de 96% dos casos deste tipo de sinusite é causada por fungos;

Sinusite recorrente: vários ataques dentro de um ano.

Causas gerais

A sinusite pode ser causada por: vírus, bactérias, fungos, pólipos, poluentes, alergias, cloro de piscina, mudança de pressão do ar em vôos, excesso de uso de descongestionantes nasais, cigarro, ar seco, anatomia anormal da face, e doenças crônicas como a fibrose cística.

Muco e alimentação

Não há tal coisa como um “bom tipo de muco”, o que há é um muco discreto, quase imperceptível, que é gerado normalmente pelo organismo. Ele é produzido para ajudar os nossos órgãos respiratórios a continuarem o seu trabalho de forma eficiente. Este tipo de muco é produzido o tempo todo pelas membranas que revestem a cavidade sinusal. No entanto, quando se torna excessivo, passa a ser inconveniente e desconfortável, de modo que desejamos fazer algo para amenizar seus efeitos.

A essa altura, alguns começam a pensar sobre a possível ligação entre muco e alimentos. Na realidade, a conexão é mais real e palpável do que muitos imaginam. Os muco excessivo pode irritar as cavidades dos seios faciais e a cavidade nasal, causando infecção nas membranas desses órgãos, especialmente depois da ingestão de certos alimentos.

Às vezes, elementos ambientais, tais como pólen, poeira doméstica, poluição, fumaça etc são identificados pelo sistema imunológico como invasores que devem ser eliminados: para eliminá-los, ele usa uma substância chamada histamina, que é uma proteína responsável pela geração de muco no organismo – o muco é produzido com intuito de envolver e expelir os elementos intrusos.

No entanto, a escolha errada de alimentos pode fazer com que essa condição se exacerbe, e, em alguns casos, eles se tornam a causa primária geradora de muco.

A composição do leite de vaca padrão

Em um copo de 250ml de leite encontram-se entre 30 a 38g de sólidos e 212 a 220 ml de água. Sendo que, dentre os sólidos encontramos lactose, gordura, minerais e proteína. Na proteína pode-se encontrar caseina e soro de leite. Dentro da caseina encontramos a Alfa caseina, a Beta caseina e a Kapha caseina. A Beta caseina se divide em Beta caseina A1 e Beta caseina A2. A diferença entre estas duas Betas caseínas é apenas de um aminoácido na posição 67, histidina na A1 e prolina na A2.

O papel da caseina

No caso da sinusite, a substância do leite responsável por agravar seus sintomas não é a lactose, como muitos imaginam, mas sim a caseína. A caseína A1, proteína do leite de vaca (ver parágrafo acima), promove congestionamento, inflamação e muco. Ela provoca a liberação de histaminas e de um neuropeptídeo potente chamado casomorphina. A histamina provoca cólicas digestivas, enxaquecas e outros sintomas dolorosos. A casomorfina tem um impacto negativo sobre o cérebro e o sistema nervoso: provoca fadiga, depressão e compulsão alimentar.

Além de tudo isso, a A1 caseína também tem mostrado desempenhar um papel em diabetes tipo 1, doenças do coração, autismo e doenças auto-imunes tais como a endometriose e a acne. Um estudo da Universidade de Harvard, que acompanhou 47 mil mulheres, constatou que as mulheres que beberam leite foram mais propensas a terem acne. As mulheres que beberam leite com baixo teor de gordura foram ainda mais propensas ao problema.

Alcalinidade

Para que o corpo mantenha corretamente as funções do sangue, da saliva, da urina, e dos fluidos em torno de suas células, o organismo deve manter um bom equilíbrio entre acidez e alcalinidade, também conhecido como o equilíbrio do pH.

O pH do sangue rico em oxigênio saudável está entre 7,365 e 7,45, ou seja, está ligeiramente alcalino.

Um dos conceitos básicos da nutrição saudável – vide artigo The Alkaline Diet: Is There Evidence That an Alkaline pH Diet Benefits Health? – é que o alimento que você come afeta o equilíbrio do pH, seja para ajudar o corpo a manter seu estado natural de alcalinidade, ou temporariamente deslocando-o ligeiramente em direção a acidez.

Os alimentos que provocam acidez são conhecidos como acidificantes. Alimentos acidificantes tendem a aumentar a produção de muco no corpo, porque o muco é usado como uma defesa natural contra ácidos e outros agentes irritantes e ajuda a movê-los para fora do corpo. Se a sua dieta continua a ser extremamente ácida durante longos períodos de tempo, um excesso de produção de muco pode ocorrer, provocando má digestão, congestão nas vias nasais, nos seios paranasais, na garganta e nos pulmões, e até mesmo asma. Os alimentos alcalinos, por outro lado, não tendem a formar muco.

O leite de vaca, como a maioria dos produtos lácteos e animais, é um alimento de formação de ácido. Tal como acontece com todos os alimentos, a natureza do pH do leite quando ingerido pelo organismo é determinada pelos produtos finais resultantes de sua metabolização, e não pelo pH do leite em si.

Estatísticas sobre o consumo de leite

De acordo com o portal estatístico Statista, os Estados Unidos é o maior produtor de leite do mundo, sendo seguido por India, China e Brasil – que aparece em quarto lugar em um relatório de 2013. Já com relação ao mercado consumidor, a Índia está em primeiro lugar e a América do Sul em quarto lugar.

O Brasil continua crescendo sua produção e consumo de leite a cada ano. Segundo o relatório emitido pelo Sistema de Inteligência Setorial do Sebrae, nos últimos 5 anos o consumo de leite e seus derivados aumentou 25%, o que torna o Brasil um país que consome mais leite do que consegue produzir.

A quantidade de consumidores de leite de vaca tem gerado uma qualidade duvidosa do leite, já que é preciso, a todo custo, atender à demanda.

As vacas, que normalmente vivem cerca de 20 anos, vivem somente por volta de 6 anos, quando utilizadas em indústrias de laticíneos. Além de tudo, para que se obtenha uma boa produção, é necessário que as vacas estejam grávidas, geralmente através de inseminação artificial, a fim de se produzir a maior quantidade possível de leite.

A qualidade de vida destes animais acaba sendo lastimável, e produtores, ávidos por obterem lucro a qualquer preço, acabam vendendo leites de qualidade duvidosa, contendo sangue, hormônios da gravidez animal e até mesmo secreções purulentas, além de outras substâncias, sem identificação no rótulo do alimento, que podem estar implicadas seriamente na sinusite ou até mesmo em graves doenças, como o câncer.

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