Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Especialistas em saúde global alertam sobre o aumento das taxas de vício em internet. Especialistas pedem ação urgente sobre o uso problemático da internet.
À medida que a inteligência artificial (IA) impulsiona aplicativos e algoritmos viciantes, especialistas em saúde global estão soando o alarme sobre uma crise crescente: a dependência da internet agora afeta quase metade dos usuários de smartphones em todo o mundo, com crianças e adolescentes enfrentando os maiores riscos.
As tecnologias digitais e os problemas sociais estão cada vez mais interligados, criando desafios sem precedentes para a saúde mental em todo o mundo, segundo uma coalizão de especialistas em saúde em artigo na revista The Lancet Psychiatry. Sua declaração, publicada em meados de outubro e intitulada The Lancet Psychiatry Commission on “Global Action Against Problematic Usage of the Internet (PUI),”, visa desenvolver recomendações baseadas em evidências para enfrentar o que muitos já consideram uma epidemia mundial de dependência da internet.
Falta de dados sobre segurança
Nos Estados Unidos, cerca de 95% das crianças e adolescentes entre 13 e 17 anos usam redes sociais, e um terço relata usá-las “quase constantemente”. Um estudo de 2023 descobriu que adolescentes passam, em média, cinco horas por dia apenas em plataformas de redes sociais.
Em um comunicado de 2023, o cirurgião-geral dos EUA, Vivek Murthy, expressou preocupação com essa tendência. “Apesar desse uso generalizado entre crianças e adolescentes, ainda não foram realizadas análises de segurança independentes e robustas sobre o impacto das redes sociais nos jovens.”
Algumas formas de dependência da internet já são classificadas como transtorno mental
A comissão identificou diversos fatores que agravam a crise, incluindo “o fácil acesso de menores à internet, o uso de designs viciantes e algoritmos manipulativos por empresas de tecnologia para captar e direcionar a atenção online, e o poder cada vez maior da inteligência artificial (IA) para fortalecer esses designs e algoritmos”.
Embora o reconhecimento clínico do problema seja um passo, o comunicado da Lancet enfatiza que “é necessário muito mais trabalho” em vários setores, incluindo serviços clínicos, iniciativas de saúde pública e formulação de políticas. Também destaca a necessidade de revisar os “marcos regulatórios” existentes, estabelecidos para substâncias e jogos de azar, para enfrentar os desafios impostos por diversos tipos de conteúdos e atividades online viciantes.
O stream personalizado “For You” do TikTok, criado por IA para cada usuário, exemplifica esse problema e tem sido identificado como um importante contribuidor para a dependência da plataforma.
Mas as redes sociais são apenas parte do problema, e a comissão do Lancet abordou a necessidade de incluir formas de transtorno de jogos e de apostas online, “classificados principalmente como transtornos devido a comportamentos viciantes e secundariamente como transtornos de controle de impulsos”.
A comunidade de saúde mental começou a reconhecer formalmente essas questões. A Classificação Internacional de Doenças (CID-11) agora classifica o jogo problemático de videogames como um transtorno mental. Além disso, transtornos relacionados a jogos de azar online, jogos eletrônicos e comportamento sexual compulsivo ganharam reconhecimento, refletindo a natureza viciante dessas tecnologias.
Resposta global e ações futuras
A comissão planeja unir uma equipe internacional e multidisciplinar de especialistas em saúde comportamental, políticas públicas e pessoas que experimentaram pessoalmente os efeitos adversos dos transtornos de uso da internet.
“A confluência de recentes investimentos em pesquisas em rede para detectar riscos e prevenir o PUI em adolescentes a nível internacional, avanços em modelos de linguagem de grande escala e tentativas legislativas contínuas para abordar a segurança online e regular a IA nos EUA, Europa e Ásia tornam esse esforço oportuno”, observou o comunicado.
A comissão afirmou que seu objetivo final é criar uma estrutura que guie o desenvolvimento de cuidados baseados em evidências, ao mesmo tempo em que reduz os efeitos adversos em nível populacional associados ao uso de tecnologia. Ela pretende focar no desenvolvimento de intervenções preventivas e terapêuticas, equilibrando as liberdades civis com a prevenção de danos.