O lenacapavir, medicamento injetável desenvolvido para prevenir o HIV, foi eleito o avanço científico de 2024 pela revista Science, após demonstrar eficácia quase total em estudos clínicos.
Aplicado semestralmente, o fármaco surge como uma alternativa inovadora à Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) tradicional, que exige o uso diário de comprimidos.
O lenacapavir obteve resultados impressionantes em grupos de risco, como homens gays, pessoas trans e usuários de drogas, com uma redução de 99,9% no risco de infecção pelo HIV.
Em um estudo realizado em países como Brasil, Argentina e África do Sul, o fármaco se mostrou superior à versão oral da PrEP, com nenhum caso de infecção entre as participantes que usaram o lenacapavir, enquanto 55 infecções ocorreram no grupo que usou a PrEP tradicional.
Apesar do custo estimado do tratamento, que pode ultrapassar US$ 40 mil por ano, especialistas afirmam à BBC News que, com produção em larga escala, o preço poderia ser reduzido para menos de US$ 100 anuais por paciente, tornando o medicamento mais acessível.
Pesquisadores de vários países estimam que o custo anual das duas doses por paciente pode variar entre US$ 25.395 e 44.918 (aproximadamente R$ 153 mil a 271 mil), um valor considerado inviável pelo Ministério da Saúde.
Contudo, países de renda média, como o Brasil, estão fora do acordo de licenciamento para a produção de versões genéricas a baixo custo, o que gera preocupação quanto à capacidade desses países de oferecer o tratamento à população.
Atualmente, o Brasil adota a “PrEP tradicional”, uma combinação de dois fármacos — tenofovir e entricitabina — que atuam bloqueando os processos que permitem ao HIV infectar as células do corpo.
No entanto, para que o tratamento seja eficaz, é imprescindível que o paciente tome a medicação diariamente, o que pode comprometer os resultados, já que muitos enfrentam dificuldades em manter a adesão constante.
Embora o lenacapavir não seja uma vacina convencional, ele oferece proteção prolongada contra o HIV, o que representa um avanço significativo no combate à epidemia.
A expectativa é que o medicamento seja aprovado por agências reguladoras como a Anvisa e esteja disponível em larga escala a partir de 2026.