Uma mulher argentina se tornou a segunda pessoa no mundo a se livrar do vírus da imunodeficiência humana (HIV) sem medicamentos ou tratamento médico, segundo pesquisadores.
De acordo com um relatório publicado na terça-feira, no Annals of Internal Medicine, intitulado “Uma Possível Cura Esterilizante da Infecção por HIV-1 Sem Transplante de Células-Tronco”, uma mulher de 31 anos que foi diagnosticada com HIV em 2013 só fez o uso da terapia antirretroviral por seis meses, durante a gravidez, para impedir a transmissão da infecção ao bebê.
Testes em mais de um bilhão de suas células não encontraram nenhum traço viável da infecção e os médicos acreditam que o sistema imunológico da paciente pode ter eliminado o vírus por conta própria.
Os pesquisadores apelidaram a mulher de “paciente Esperanza”, em homenagem a sua cidade natal. A palavra “esperanza” se traduz em “esperança”.
“O HIV-1 com genoma intacto e competente para replicação não foi detectado em um controlador de elite, apesar da análise de um grande número de células de sangue e tecidos, sugerindo que a paciente pode ter alcançado naturalmente a cura esterilizante da infecção por HIV-1. Essas observações levantam a possibilidade de que uma cura esterilizante pode ser um resultado extremamente raro, mas possível, da infecção pelo HIV-1”, escreveram os pesquisadores.
No entanto, os cientistas notaram que “a ausência de evidência de provírus do HIV-1 intacto, em um grande número de células, não é evidência de ausência de provírus do HIV-1 intacto. Uma cura esterilizante do HIV-1 nunca pode ser comprovada empiricamente”.
O estudo foi financiado pelo National Institutes of Health e pela Bill and Melinda Gates Foundation.
Foi descoberta que apenas uma outra pessoa no mundo superou o HIV sem intervenção médica: uma mulher de 67 anos chamada Loreen Willenberg, de São Francisco.
Willenberg foi diagnosticada com HIV, em 1992, e foi rotulada como “controladora de elite”, ou uma pessoa que mantém uma carga viral indetectável sem ter que fazer o uso de nenhum medicamento.
“Não há como declarar que temos provas de que não há um único vírus nesta paciente”, afirma Xu Yu, coautor do último estudo, à TIME. “A única coisa que podemos declarar é que depois de analisar um grande número de células da paciente, com a tecnologia em nosso laboratório, não podemos rejeitar a hipótese de que a paciente provavelmente alcançou uma cura esterilizante por imunidade natural”.
Yu afirma que a paciente Esperanza está trabalhando com pesquisadores e continua a fornecer amostras de sangue para pesquisas em andamento. Ela também está grávida de seu segundo filho, e os médicos se perguntam se seu status de controladora de elite significa que ela não precisará de nenhum medicamento anti-HIV antes e durante o parto, de acordo com as diretrizes para mulheres grávidas que são HIV positivas.
Os pesquisadores também vão examinar amostras do leite materno da paciente Esperanza para determinar se ela contém algum vírus, afirmou Yu.
“Muitos fatores imunológicos podem estar desempenhando um papel”, afirma o pesquisador. “Agora que temos um segundo caso, provavelmente existem muitos casos por aí que podem não saber que possuem uma cura esterilizante. Alguns podem nem saber que estão infectados. Esperamos atrair mais pacientes; se tivermos um grupo desses casos extremamente raros, isso nos permitirá realmente analisar suas respostas imunológicas com mais profundidade e amplitude e, com sorte, nos dar uma dica sobre quais fatores imunológicos mais contribuem para esse estado. Então, podemos aplicar o que aprendermos à população em geral”.
Estima-se que 37,7 milhões de pessoas viviam com HIV no final de 2020 e dezenas de milhões morreram de causas relacionadas ao HIV, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.
O HIV atinge o sistema imunológico, destruindo células imunológicas e enfraquecendo a defesa do corpo contra várias infecções, incluindo câncer, que aqueles com sistema imunológico saudável normalmente seriam capazes de combater. O vírus pode evoluir para a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) se não for tratado. Atualmente não há cura para o HIV ou AIDS, mas os medicamentos podem ajudar a retardar drasticamente a progressão da doença.
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