Pense muitas vezes antes de comer carne industrializada*

23/11/2014 00:10 Atualizado: 10/06/2018 20:44

*(O título original do artigo é “The Unsavory Ways Your Meat and Seafood Is Disinfected“.)

A carne e os frutos do mar que você compra provavelmente tem boa aparência e cheiro apetitoso. Mas os processadores desses alimentos podem estar usando drogas desagradáveis para retardar o crescimento bacteriano e melhorarem a imagem do produto;  no entanto, essas drogas não aparecem no rótulo.

Muitos antibióticos humanos são utilizados na produção da carne, como penicilina, neomicina, sulfa e fármacos como Cipro. A FDA (Administração de Drogas e Alimentos dos EUA) e a comunidade médica estão tentando reprimir o uso massivo de tais drogas em fazendas de grande escala, porque elas contribuem para a resistência dos próprios germes que deveriam matar.

Operadores de gado lutam contra as restrições a antibióticos sugeridas pela FDA e por médicos e grupos científicos porque as pílulas lhes economizam dinheiro. Sem antibióticos os animais precisariam de mais espaço – as condições apertadas em que vivem em muitas fazendas, hoje, causariam doenças e morte. Antibióticos também permitem que os criadores façam com que os animais cresçam e fiquem maiores com menos comida, porque as pílulas tornam a absorção intestinal dos nutrientes mais eficiente. E, diferente das bactérias – como salmonela, listeria ou E. coli -, os antibióticos que são adicionados à carne não são desativados pelo cozimento [das donas de casa ou dos restaurantes].

Grandes produtores comerciais de carne também usam produtos químicos comuns de limpeza, como cloro e amônia, para matar os germes endêmicos que existem na produção de gado. Frangos também recebem rotineiramente um “banho” de cloro antes de serem vendidos ao público. E quem pode esquecer do odor da amônia que produtos como Pink Slime [tradução: Lodo Rosa – apelido para um tipo de pasta de carne, feita de aparas de carne sem ossos, que depois de processada e exposta ao amoníaco gasoso ou ao ácido cítrico, é usada como aditivo em vários tipos de carnes , especialmente nos EUA. É chamada pela indústria de “Carne magra finamente texturizada”ou de “Carne de textura fina”) recebiam para matar E. coli?

A carne também é irradiada, acrescentando-se nitritos (substâncias que podem formar nitrosaminas carcinogênicas no corpo) e gases para retardar o crescimento bacteriano. Até 70% da carne comercial empacotada em estabelecimentos tem um vermelho apelativo, pois é tratada com monóxido de carbono. Graças a esses gases, a carne pode permanecer vermelha até um ano, mas os produtores de gado negam que a carne estragada que tem aparência vermelha seja um risco para a saúde. Um porta-voz de uma empresa que representa as principais empresas de carne diz: “Quando um produto atinge o ponto de deterioração, haverá outros sinais que serão evidenciados – por exemplo, odor, formação de viscosidade e um pacote inflado – assim, o produto não cheirará ou parecerá bem.”  Que grande alívio!

Frutos do mar são mais seguros? Infelizmente, não. Os antibióticos, medicamentos veterinários e pesticidas utilizados na aquicultura podem fazer a produção de carne parecer, um tanto, verde. Uma revisão do livro “Bottomfeeder: How to Eat Ethically in a World of Vanishing Seafood”, no website AlterNet, diz que a produção de camarão comercial “começa com ureia, superfosfato e diesel, em seguida, avança para o uso de piscicidas (produtos químicos que matam peixes como cloro e rotenona), pesticidas e antibióticos (incluindo alguns que são proibidos nos EUA), e terminam tratando o camarão com tripolifosfato de sódio (um suspeito neurotóxico), bórax e, ocasionalmente, soda cáustica”. Além disso, os joranis New York Times, Chicago Tribune e Consumer Reports reportaram níveis perturbadores de mercúrio em atum vermelho magro e gordo.

O que podemos fazer? Primeiro, desconfiar de alimentos produzidos comercialmente, especialmente quando são vendidos mais baratos. Só porque os rótulos não listam produtos químicos duvidosos utilizadas na produção, isso não significa que eles não foram utilizados. A maioria dos frutos do mar importados pelos EUA é de países do Sudeste Asiático, onde drogas proibidas nos EUA são permitidas. Além disso, lobistas da indústria alimentar se certificam de que os ingredientes que as pessoas querem evitar não apareçam nos rótulos. Lobistas impediram que o leite produzido com hormônio recombinante de crescimento bovino aparecesse nos rótulos e conseguiram bloquear a rotulação de culturas geneticamente modificadas, ou seja, rótulos que indicariam ingredientes geneticamente modificados estão ausentes.

A melhor coisa que as pessoas podem fazer é comprar carne e frutos do mar produzidos organicamente. Mercados e supermercados têm começado a oferecer uma seção orgânica.

Saiba mais assistindo o documentário “Carne, a Verdade: Uma verdade mais que inconveniente”

Martha Rosenberg é autora da premiada exposição “Born With a Junk Food Deficiency“. Ícone em seu país, ela lecionou em universidades e faculdades de medicina e foi entrevistada em programas de rádio e televisão.