A ciência tem desvendado aos poucos os mistérios do envelhecimento cerebral, e revela que as escolhas que fazemos ao longo da vida têm um papel fundamental na preservação da nossa saúde cognitiva.
E o cenário é preocupante: até 2050, a previsão é de que 152 milhões de pessoas em todo o mundo enfrentem algum grau de declínio mental. O desafio é claro e urgente: como podemos preservar a saúde do nosso cérebro?
Pesquisas recentes publicadas na revista Neuron oferecem novas perspectivas sobre as causas e soluções para o declínio cognitivo, apresentando um panorama detalhado de como o cérebro envelhece e sugerindo formas de mitigar os efeitos de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.
O neurologista Costantino Iadecola, da Escola Superior de Medicina Weill Cornell, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, destaca que esse processo é influenciado por danos ao DNA e pela chamada “inflamação de base”, que prejudica a capacidade do cérebro de eliminar substâncias nocivas.
Em suas investigações, Iadecola aponta ainda o papel crucial do sistema vascular cerebral nesse processo, sugerindo que a saúde dos vasos sanguíneos do cérebro é tão importante quanto a função neural em si.
Entre as substâncias prejudiciais, as proteínas tau se destacam, pois estão diretamente ligadas às principais doenças neurodegenerativas.
O neurocientista da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, David Rubinsztein, complementa essa visão ao observar que o sistema imunológico do cérebro perde sua resiliência com o tempo, dificultando a eliminação desses resíduos.
Rubinsztein propõe que, além de investigar as doenças, seja necessário focar também no envelhecimento cognitivo em cérebros saudáveis, para entender melhor como preservar sua vitalidade.
Apesar dessas descobertas, Iadecola também aponta um aspecto inevitável: o impacto da genética no envelhecimento cerebral.
“Dieta, exercícios, eliminação de toxinas com a suspensão do fumo, têm um impacto enorme sobre como envelhecemos. No entanto a genética é o fator fundamental: você pode piorar o envelhecimento ao tomar riscos como o fumo, mas só vai melhorar um pouco evitando-os”, afirma o neurologista.
Contudo, é amplamente reconhecido que adotar certos hábitos pode reduzir o risco de demência e declínio cognitivo, como:
- Evitar o isolamento social e a solidão;
- Manter uma rotina de exercícios físicos e uma alimentação saudável;
- Diminuir a exposição à poluição do ar e ao tabagismo;
- Tratar problemas de visão e audição.
O envelhecimento cerebral é uma jornada inevitável, mas as escolhas que fazemos hoje podem determinar a qualidade desse processo e como o enfrentamos.