A vacina monovalente atual contra a COVID-19 continua a ser eficaz contra novas e evoluídas variantes do vírus, de acordo com um novo relatório do Conselho Técnico Consultivo da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a Composição da Vacina COVID-19.
O conselho consultivo se reúne duas vezes por ano para discutir a eficácia contínua da vacina contra COVID-19 e determinar se são necessárias alterações em sua composição.
A vacina monovalente atual, desenvolvida especificamente para a cepa Ômicron XBB.1.5, é eficaz na proteção contra doenças graves e morte associadas a outras variantes do vírus, de acordo com a OMS.
Quando a organização se reuniu em maio de 2023, recomendou alterar a vacina, inspirando a atual que usa XBB.1.5 como seu antígeno. XBB.1.5 é um descendente do antígeno monovalente XBB.1, que visa a variante Ômicron.
As atualizações da vacina ocorrem à medida que o vírus da COVID continua a sofrer mutações globalmente, observou o conselho consultivo em seu comunicado à imprensa. Segunda a Sociedade Americana de Microbiologia, a cepa atual do vírus é tão semelhante à versão da vacina que as pessoas que a recebem estarão protegidas.
Nos Estados Unidos, vacinas atualizadas contra a COVID-19 criadas por Pfizer-BioNTech e Moderna foram aprovadas pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês) em meados de setembro e recomendadas para uso pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC). Essas alterações resultaram das recomendações feitas pelo conselho consultivo da OMS no meio do ano.
Monovalente vs. Bivalente: como elas enfrentam as novas variantes
A vacina monovalente difere da vacina bivalente de reforço, que ficou disponível no outono de 2022. A vacina bivalente, que visava as cepas Ômicron BA.4 e BA.5 e a cepa original do SARS-CoV-2, usava dois antígenos diferentes para proteger os indivíduos contra ambas as cepas.
A cepa Ômicron, que se disseminou globalmente em novembro de 2021, continua a ser a variante mais comum do vírus da COVID, respondendo por 73% das amostras de casos coletadas antes de 2 de dezembro de 2023, observou o conselho consultivo. Outras cepas, incluindo a mais recente variante BA.2.86 e seu descendente, JN.1, respondem por 17% das amostras. Mais da metade delas eram JN.1.
Ambas as cepas produzem sintomas semelhantes. A XBB.1.5, apelidada de cepa Kraken por um biólogo canadense, é mais transmissível do que as cepas anteriores porque se liga mais firmemente às células humanas, tornando-a mais resistente ao sistema imunológico do corpo. A BA.2.86 começou a circular globalmente no final do verão e é a mais recente variante do vírus. Até 27 de novembro, a BA.2.86 respondia por 5% a 15% das variantes da COVID circulando nos Estados Unidos. A OMS acredita que essa nova variante não é tão transmissível quanto a XBB.1.5 ou a Ômicron, mas pode produzir sintomas mais intensos.
O conselho consultivo alegou que a proteção oferecida pelos reforços bivalentes de mRNA permaneceu alta nos estudos de eficácia da vacina. Isso coincide com a recomendação do CDC em maio de 2023 de usar reforços bivalentes em vez de reforços monovalentes. O CDC recomenda a vacina bivalente para todas as pessoas com 6 anos de idade ou mais. A agência observa que existem alternativas às vacinas de mRNA para pessoas que não podem receber uma vacina de mRNA (devido a uma alergia, por exemplo).
Apesar das recomendações do CDC para o reforço bivalente, o conselho consultivo da OMS observou que as taxas de eficácia da vacina para as novas vacinas monovalentes XBB.1.5 eram limitadas, pois a vacina foi introduzida recentemente. No entanto, o conselho espera que a eficácia da nova vacina monovalente seja maior do que a das vacinas bivalentes.
O relatório comentou sobre as limitações dos dados, reconhecendo que o nível de proteção imunológica conferido pela imunidade natural ou pela vacinação é determinado por múltiplos fatores. Até agora, os dados sobre as respostas imunológicas provocadas pela infecção com linhagem descendente de XBB ou pela vacinação com a vacina monovalente atual são limitados aos anticorpos neutralizantes, e os dados sobre “outros aspectos da resposta imunológica, incluindo a imunidade celular, são limitados”.