A Organização Mundial da Saúde aprovou uma resolução na quinta-feira abordando a crise de saúde ucraniana que começou com a agressão russa, enquanto rejeitava uma contraproposta semelhante da Rússia que não mencionava o papel do país na guerra.
O projeto “Emergência de saúde na Ucrânia e países que receberam e acolheram refugiados, decorrentes da agressão da Federação Russa” foi aprovado com 88 votos sim, 12 não e 53 abstenções durante a 75ª Assembleia Mundial da Saúde da organização em Genebra, na Suíça.
A proposta original (pdf), publicada em 23 de maio, trazida pelos Estados Unidos e 46 outras nações, incluindo Reino Unido, Austrália, Alemanha, França, Japão e Turquia, condenava a incursão militar russa iniciada em 24 de fevereiro e solicitava que a OMS “considerasse suspender temporariamente todas as reuniões regionais” no país até que uma resolução pacífica seja alcançada e a Rússia retire suas forças da Ucrânia.
A proposta não pedia à OMS que suspendesse os direitos de voto da Rússia na agência.
A resolução falava sobre a “emergência de saúde em andamento” que inclui “traumas e lesões relacionadas a conflitos”, disseminação de doenças infecciosas, deterioração da saúde mental, tráfico de pessoas e interrompeu os serviços de saúde para pessoas vulneráveis, como mulheres, crianças e idosos. Ela acrescenta que se trata não apenas de pessoas na Ucrânia, mas também de refugiados ucranianos que fogem para países vizinhos.
A resolução pede que “a Federação Russa cesse imediatamente quaisquer ataques a hospitais e outras instalações de saúde” e “respeite e proteja totalmente todo o pessoal médico e humanitário exclusivamente envolvido em funções médicas”.
Além disso, a proposta encorajou os outros membros a aumentar as contribuições para os programas de emergência da OMS com foco na Ucrânia.
A proposta russa (pdf) também condenou “ataques dirigidos contra civis e bens de saúde” e pediu que “todas as partes respeitem e protejam o pessoal humanitário, suas instalações, equipamentos, transporte e suprimentos e garantam o acesso seguro e desimpedido do pessoal humanitário”, sem mencionar a agressão russa ou o papel do país na crise humanitária.
Yevheniia Filipenko, embaixadora da Ucrânia nas Nações Unidas, chamou a contraproposta da Rússia, co-assinada com a Síria, de uma “realidade alternativa distorcida”, segundo a Reuters, enquanto membros da OMS rejeitavam coletivamente a proposta.
Alexander Alimov, vice-embaixador da Rússia na ONU, chamou a proposta ocidental de “politizada, unilateral e tendenciosa”.
A OMS acompanha a situação da Ucrânia por meio de seu Sistema de Vigilância de Ataques à Saúde (SSA).
Segundo dados da SSA, desde a invasão russa, houve 263 ataques, 75 mortes e 59 ferimentos relacionados aos cuidados de saúde na Ucrânia.
Destes, 238 ataques impactaram unidades de saúde, como o bombardeio de uma maternidade em Mariupol. Ele registrou 29 ataques a transporte e pessoal que trabalha no setor, 77 ataques que afetaram suprimentos e 17 ataques a pacientes.
A maioria dos ataques envolveu armas pesadas e aconteceu em março.
Enquanto isso, Pequim apoiou Moscou nas duas votações. O enviado do país, Yang Zhilun, afirmou que a OMS não era a plataforma certa para discutir os problemas de saúde da Ucrânia.
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