Pesquisadores australianos destacaram a importância de proteger nossa audição, com cerca de 1,5 bilhão de pessoas em todo o mundo sofrendo de perda auditiva, apesar da expectativa de vida mais longa.
A pesquisa da Universidade Macquarie chama a atenção para a crescente relação entre a exposição ao ruído e a perda auditiva, em meio ao aumento da poluição sonora proveniente de várias fontes, como ruas movimentadas, locais de trabalho barulhentos e ambientes com níveis elevados de ruído, como explosões e tiros, além dos sons constantes de máquinas pesadas ou ferramentas elétricas.
Eles defendem medidas preventivas, como o uso de protetores auriculares ou fones de ouvido com cancelamento de ruído, a redução do volume em dispositivos de áudio pessoais e a busca por avaliações auditivas regulares.
Essa iniciativa coincide com o relatório da Organização Mundial da Saúde, que aponta que mais de 80% das necessidades globais de cuidados com os ouvidos e a audição continuam sem atendimento, em parte devido a percepções equivocadas e ao estigma social em torno da perda auditiva.
Um dos indicadores mais precoces e comuns de perda auditiva é o zumbido, uma condição caracterizada pela percepção de ruídos que não têm uma fonte externa.
Frequentemente descrito como um som de zumbido, ou sibilo nos ouvidos, o zumbido pode impactar significativamente a qualidade de vida. Embora esteja principalmente associado à perda auditiva, também pode originar-se de níveis elevados de estresse ou traumas físicos e emocionais.
O manejo do zumbido envolve uma abordagem abrangente, incluindo terapia sonora, modificações no estilo de vida e terapia cognitivo-comportamental, para auxiliar os pacientes a gerenciar seus sintomas de forma mais eficaz.
No entanto, o Dr. Matthieu Recugnat, da Universidade Macquarie, explica que o zumbido é mais complexo devido às diferentes percepções e experiências das pessoas.
“Os pesquisadores estão em busca de uma cura para o zumbido, mas a pílula que fará ele desaparecer não existe”, disse ele.
De maneira geral, a perda auditiva não é uma condição singular, mas um espectro de distúrbios que afeta milhões de pessoas globalmente.
De acordo com informações fornecidas pela Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, existem três tipos principais de perda auditiva: condutiva, sensorioneural e mista.
A perda auditiva condutiva ocorre quando os sons têm dificuldade em se deslocar eficientemente pelo canal auditivo até o tímpano e os ossículos minúsculos do ouvido médio.
A perda auditiva sensorioneural, a forma mais comum, surge de problemas no ouvido interno ou no nervo auditivo, frequentemente devido a danos nas células ciliadas da cóclea.
A perda auditiva mista combina danos tanto condutivo quanto sensorioneural.
“Tratamentos médicos podem representar riscos para a saúde auditiva” – alertam especialistas
Embora a tecnologia de implante coclear se destaque como a prótese ativa mais eficaz na área da saúde, ainda existem medidas que indivíduos de todas as idades podem adotar para preservar a audição. O Dr. Recugnat aconselha as pessoas a serem mais atentas à sua audição. “As células auditivas são muito frágeis e as células em seus ouvidos – a cóclea – são uma das células no corpo que não se regeneram uma vez perdidas. Você não pode fazê-las crescer novamente, precisa ter cuidado com isso”, afirmou.
Uma análise de 72 estudos realizada pela professora Bamini Gopinath, chefe da Equipe de Pesquisa em Audição da Macquarie, revelou que os fatores de risco relacionados à área médica foram responsáveis pela maior taxa de perda auditiva.
Mais de 55% das pessoas submetidas a tratamento contra o câncer, incluindo radioterapia e quimioterapia combinadas, desenvolveram perda auditiva.
“Não se compreende bem o que é na radioterapia que pode resultar em perda auditiva, mas pode ser que a radiação danifique os componentes sensíveis do ouvido”, afirmou a professora Gopinath.
Além disso, aproximadamente metade daqueles que receberam prescrição de antibióticos potentes para doenças como tuberculose e pneumonia apresentaram perda auditiva, de acordo com o estudo.
A professora Gopinath enfatiza a necessidade de desenvolver medicamentos menos prejudiciais. “Ao tratar infecções, os clínicos devem sempre considerar alternativas menos tóxicas, se disponíveis”, disse ela.