O rio da consciência: uma exploração através do tempo e do espaço

Se nossa consciência não desaparece com a morte, para onde ela vai? As memórias das crianças fornecem as peças que faltam para esse quebra-cabeça.

Por Yuhong Dong, M.D., Ph.D., Makai Allbert
21/11/2024 21:56 Atualizado: 21/11/2024 21:56
Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

Esta é a parte 3 da “De onde vem a consciência?”
Esta série se aprofunda na pesquisa de médicos renomados para explorar questões importantes sobre consciência, existência e o que pode estar além.


Em 11 de outubro de 2002, em Lafayette, Louisiana, Bruce Leininger estava limpando seu quintal após a passagem do furacão Lili. Depois de um momento de descanso, ele se sentou com seu filho de quatro anos, James, e o embalou no colo. Abraçando-o, Bruce disse a James: “Você é um filho muito bom”.

James olhou para o pai e respondeu: “Foi por isso que escolhi vocês. Eu sabia que vocês seriam bons pais”.

Isso pode soar como as reflexões de uma criança, mas o restante da conversa deixou Bruce perplexo.

“Onde você nos encontrou?” perguntou Bruce. “Em um grande hotel cor-de-rosa no Havaí”, respondeu James.

“O que estávamos fazendo quando você nos escolheu?” perguntou Bruce.

“Vocês estavam jantando na praia à noite”, disse James com naturalidade.

Bruce e sua esposa, Andrea, ficaram surpresos. Entre o final de maio e o início de junho de 1997, eles comemoraram seu quinto aniversário de casamento no Royal Hawaiian, um hotel cor de rosa coral em Honolulu. Lá, de fato, eles jantaram na praia à noite.

image-5757498
O Royal Hawaiian Hotel, um hotel de luxo à beira-mar em Honolulu, na ilha de Oahu, Havaí. (Fonte: Frank Schulenburg, CC BY-SA 4.0)

A experiência foi pessoal, algo que eles nunca haviam discutido na frente de James. Além disso, a viagem ocorreu quatro ou cinco semanas antes de Andrea ficar grávida. Não havia como James saber desses detalhes íntimos.

Essas conversas foram registradas em Consciousness Survives Physical Death, um artigo premiado enviado ao Bigelow Institute, patrocinado pela Bigelow Aerospace e de propriedade de Robert Bigelow.

As lembranças de James não terminaram com a escolha de seus pais. Ele é uma das muitas crianças com lembranças que vão além desta vida. Um grande número de pesquisas sugere que a consciência carrega memórias de vida em vida.

Um piloto da Segunda Guerra Mundial

Desde o nascimento, James tinha um fascínio incomum por aviões.

Aos dois anos de idade, ele começou a ter pesadelos com um acidente de avião, em que se descrevia como um piloto americano cujo avião foi abatido pelos japoneses.

James forneceu detalhes que incluíam o nome do porta-aviões, o nome do amigo que estava no navio com ele, o local e os detalhes específicos do acidente. Os detalhes correspondiam à morte do piloto da Segunda Guerra Mundial James McCready Huston Jr.

Além disso, James conhecia detalhes específicos e historicamente precisos que nem seus pais nem o público em geral saberiam. Aos dois anos de idade, ele identificou o nome do navio, o USS Natoma Bay, de onde o avião de Huston voou, bem como um colega piloto, Jack Larsen.

A família de Huston também verificou as declarações do pequeno James sobre sua suposta vida pessoal anterior. Por exemplo, ele sabia o apelido que Huston usava para sua irmã, que somente o irmão falecido dela — James Huston — usava.

O Dr. Jim Tucker, psiquiatra da Universidade da Virgínia, que relatou o caso em um artigo de 2016, concluiu: “À primeira vista, a explicação mais óbvia para essa conexão é que ele experimentou a vida como James Huston Jr. antes de ter a vida atual. Os fatos do caso indicam que essa explicação merece séria consideração”.

O fenômeno das memórias de vidas passadas (PLM, na sigla em inglês) é considerado em algumas religiões e filosofias asiáticas como reencarnação, que se refere ao renascimento da consciência após a morte do corpo.

Durante o século passado, cada vez mais cientistas se interessaram por esse tópico.

O proeminente cientista Carl Sagan, membro fundador do Committee for the Scientific Investigation of Claims of the Paranormal, escreveu em seu livro, The Demon-Haunted World, que “há três alegações no campo da ESP [parapsicologia] que, na minha opinião, merecem um estudo sério”, sendo a terceira “que crianças pequenas às vezes relatam detalhes de uma vida anterior que, ao serem verificados, se revelam precisos e que elas não poderiam saber de outra forma a não ser pela reencarnação”.

2.500 casos: “Dados que não podem ser ignorados”

A discussão sobre a memória de vidas passadas se estendeu além da religião para o campo científico.

O Dr. Ian Stevenson (1918–2007), presidente do Departamento de Psiquiatria e Neurologia da Universidade da Virgínia, foi o primeiro profissional da área médica a ampliar os limites da pesquisa sobre reencarnação.

Em um concurso da American Society for Psychical Research, que estuda fenômenos mentais paranormais, Stevenson escolheu analisar 44 pessoas com memórias de vidas passadas. Seu trabalho ganhou o primeiro lugar.

Ao realizar sua pesquisa, ele ficou impressionado com as semelhanças entre os casos de diferentes países e fontes e se sentiu compelido a investigar mais.

Stevenson passou a dedicar mais de 30 anos ao estudo sistemático do fenômeno das memórias de vidas passadas. Ele coletou e documentou meticulosamente em seu livro, Reincarnation and Biology, mais de 2.500 casos de crianças do mundo todo que afirmavam se lembrar de vidas passadas.

Um de seus estudos, publicado na Medical Hypotheses, envolveu 856 casos de PLM, dos quais 67% foram marcados como resolvidos. De acordo com a metodologia de Stevenson, um caso “resolvido” significa que os pesquisadores identificaram um indivíduo falecido cujos detalhes de vida e morte correspondiam precisamente às memórias relatadas pela criança.

image-5759865
Em um estudo conduzido por Ian Stevenson, da Universidade da Virgínia, 67% dos 856 casos de alegação de vida passada foram identificados. (Epoch Times)

A pesquisa de Stevenson abrangeu diversas regiões, incluindo Índia, Sri Lanka, Turquia, Líbano, Tailândia, Mianmar e países das Américas do Norte e do Sul e da Europa.

Ele concentrou seus estudos em crianças por dois motivos. Primeiro, as crianças pequenas tinham menos probabilidade de fabricar memórias de vidas passadas com um alto nível de detalhes verificáveis. Em segundo lugar, elas normalmente tinham exposição limitada a fontes externas de informação, o que tornava improvável que pudessem ter adquirido conhecimento detalhado sobre indivíduos falecidos por meios comuns.

Seus artigos descrevem cada etapa de seu processo e convidam os leitores a examinar seus métodos e resultados.

Stevenson foi um cientista de destaque creditado com cerca de 60 publicações na sociedade médica convencional. Seus métodos de pesquisa são amplamente respeitados como um modelo para o estudo de casos de memória de vidas passadas. As contribuições de Stevenson lhe renderam o título de “professor titular”, uma distinção concedida a acadêmicos particularmente eminentes.

“Ele coletou de forma meticulosa e sem emoção uma série detalhada de casos”, comentou o Dr. Lester S. King comentou sobre a pesquisa de Stevenson em um artigo de 1975 no JAMA. “Ele pode não convencer os céticos, mas ele [Stevenson] deixou registrada uma grande quantidade de dados que não podem ser ignorados.”

A Dra. Emily Kelly, uma colega de longa data de Stevenson, escreveu em um artigo de 2007 no BMJ, “Ele [Stevenson] acreditava que as evidências eram suficientes para permitir que uma pessoa razoável acreditasse na reencarnação”.

Um desses exemplos de evidência — que chamou a atenção de Mahatma Gandhi — é o de Shanti Devi, na Índia.

Um caso que cativou Gandhi

Shanti Devi era uma garota que vivia em Délhi desde seu nascimento em 1926. Quando ela tinha três anos de idade, ela começou a se lembrar de sua vida passada como uma mulher chamada Lugdi. Inicialmente, seus pais consideraram suas lembranças vívidas como fantasias infantis.

Quando Devi ficou mais velha, ela insistiu em visitar seu ex-marido, Kedar Nath, em Mathura, a 162 quilômetros de distância. Com a curiosidade aguçada, sua família localizou e escreveu para Nath, que acabou visitando Devi. Para sua surpresa, a menina de nove anos de idade o identificou com precisão e a outros parentes, contando detalhes de suas vidas que ela não poderia saber. 

A reportagem da mídia sobre Devi chamou a atenção de Mahatma Gandhi. Quando Devi tinha 10 anos, Gandhi criou um “comitê de investigação” composto por 15 membros ilustres, incluindo advogados, jornalistas, líderes políticos e membros do Congresso — para investigar as alegações.

O comitê afirmou que Devi nunca havia saído de Délhi. Posteriormente, eles a acompanharam até Mathura, onde ela identificou corretamente a casa de Nath e a casa de seu sogro e descreveu sua disposição.

Além disso, Devi apontou para um canto do cômodo onde afirmava ter enterrado dinheiro. Quando as testemunhas escavaram a área, descobriram uma caixa destinada a armazenar objetos de valor, mas que estava vazia. Devi insistiu que havia deixado dinheiro lá e, por fim, Nath reconheceu que havia encontrado e pegado o dinheiro após a morte da esposa.

Stevenson observou que pelo menos 24 de suas alegações foram confirmadas — evidência convincente de que suas memórias não eram invenções.

Por fim, o comitê publicou um relatório de 26 páginas em 1936, concluindo que Devi era um renascimento de Lugdi. O caso também foi apresentado na edição de 12 de dezembro de 1937 da American Weekly.

Conhecimento impossível

De acordo com Stevenson, um caso típico de memória de vidas passadas em uma criança geralmente surge entre os 2 e 4 anos de idade. Essas crianças relatam espontaneamente detalhes de vidas passadas, mesmo que estejam a milhares de quilômetros de distância de onde elas ocorreram e que os eventos tenham acontecido doze anos ou mais antes. Esses detalhes costumam ser até 90% precisos.

image-5759866
De acordo com Ian Stevenson, os detalhes de vidas passadas contados por crianças eram 90% precisos. Epoch Times

Esse sinal de reencarnação envolve “falar sobre coisas que não há absolutamente nenhuma possibilidade de essas crianças saberem nessa idade”, disse Carol Bowman, terapeuta de regressão a vidas passadas que investiga a PLM em famílias americanas há 35 anos, ao Epoch Times.

Essas crianças geralmente não têm problemas psicossociais, disse Bowman. Suas vidas passadas geralmente são de famílias comuns e não de pessoas famosas ou celebridades, portanto, não há motivo para fabricar histórias.

Bowman descreveu uma menina de três anos chamada Megan que falou sobre sua vida passada como um homem (John) cuja esposa (Mary) morreu de “consumo”, um termo comum para tuberculose nos anos 1800. Megan também disse que, devido à doença de Mary e à incapacidade de dar à luz um filho, ela estava muito triste. Como essa menina poderia aprender conhecimentos médicos sobre tuberculose e infertilidade durante o curso de sua jovem vida?

As crianças que se lembram de vidas passadas geralmente demonstram uma habilidade não aprendida. Devi falava naturalmente o idioma local em Mathura, onde havia vivido em sua vida anterior, embora nunca tivesse estado lá e não o tivesse aprendido em sua vida.

Bowman relatou que um menino americano de quatro anos, Tommy, havia costurado habilmente um botão em sua calça. Quando sua mãe perguntou onde ele havia aprendido essa habilidade, o menino respondeu: “Bem, costumávamos fazer isso no meu navio o tempo todo”, e começou a descrever sua vida passada como marinheiro.

“Eles mudam para uma forma muito séria de se expressar, muito objetiva, séria e inflexível de que o que estão dizendo é verdade”, disse Bowman.

Uma revisão sistemática publicada em 2021 analisou 78 estudos observacionais e descobriu que, das crianças com memória de vidas passadas, 23% tinham habilidades não aprendidas. Mais surpreendentemente, 37% tinham marcas de nascença ou defeitos que correspondiam a feridas de vidas anteriores.

Marcas de nascença são comuns — então, como uma marca de nascença pode conectar uma vida passada com a atual?

Marcas e defeitos de nascença — acidentais?

Em um estudo de 895 crianças com memórias de vidas passadas, 35% tinham marcas de nascença ou defeitos congênitos incomuns, de acordo com Stevenson.

A pesquisa indica uma taxa de consistência significativa de 88% entre ferimentos e marcas de nascença em casos de vidas passadas apoiados por relatórios post-mortem ou outros documentos de confirmação.

Por exemplo, em um caso, um menino turco tinha uma orelha direita malformada. O menino se lembrava de ter levado um tiro no lado direito do crânio em uma vida anterior. Stevenson identificou a vida passada e confirmou a causa da morte analisando os registros hospitalares.

Bowman também coletou evidências relacionadas a marcas de nascença e comportamentos. Por exemplo, o primeiro filho de Kathy, (também chamado) James, faleceu tragicamente de neuroblastoma logo após seu segundo aniversário. James tinha problemas no olho esquerdo, na orelha direita e na perna esquerda, e uma injeção intravenosa deixou uma cicatriz em seu pescoço.

Doze anos após a morte de James, nasceu o outro filho de Kathy, Chad. Chad começou a apresentar semelhanças físicas impressionantes com James. Chad tinha cegueira no olho esquerdo, um problema no ouvido direito, uma deficiência na perna esquerda e uma cicatriz no mesmo local do pescoço de James.

Além disso, Chad tinha um comportamento calmo e nervoso semelhante ao de James. Aos quatro anos de idade, Chad começou a dizer que morava em uma casa com móveis cor de chocolate e brincava com certos brinquedos, combinando perfeitamente com cada detalhe da vida de James.

Relatórios post-mortem e registros médicos confirmam que os meios de morte em uma vida anterior são consistentes com as marcas de nascença atuais, o que está além da coincidência.

Explicações flutuantes

As explicações alternativas para as lembranças de vidas passadas incluem distorções de memória, influência dos pais e condicionamento cultural ou social. Entretanto, essas hipóteses têm pontos fracos.

Um estudo de 2007 sugeriu que as memórias de vidas passadas pareciam ser causadas por confusão na memória ou falsas memórias. Entretanto, a confusão na memória não pode explicar a precisão e os detalhes verificáveis demonstrados em muitos casos bem documentados por pesquisadores.

Além disso, estudos mostraram que a atitude inicial das mães em relação às lembranças de vidas passadas de seus filhos variava. Em geral, 51% das mães eram neutras ou tolerantes com relação às lembranças de vidas passadas, 28% eram desencorajadoras e 21% eram encorajadoras.

Alguns atribuem as marcas de nascença à impressão materna da mãe da criança. Eles afirmam que a consciência de uma mulher grávida sobre as feridas de uma pessoa falecida pode influenciar o embrião e o feto em desenvolvimento, resultando em características físicas que correspondem a essas feridas.

De acordo com a pesquisa de Stevenson, as mães das crianças geralmente não sabiam sobre as feridas de suas vidas passadas. A hipótese também não conseguia explicar como os pensamentos da mãe poderiam modificar o corpo do feto ou por que as crianças teriam essas lembranças.

Para a hipótese de condicionamento cultural ou social, a revisão sistêmica de 2021 constatou que os casos de PLM não foram relatados apenas em países da Ásia que têm crenças culturais e religiosas de reencarnação, mas também na América e na Europa, sugerindo um fenômeno transcultural.

image-5759864
Casos de PLM foram relatados em países de todo o mundo, o que sugere um fenômeno transcultural. Epoch Times

Outras pessoas explicam a PLM como eventos coincidentes — que uma marca de nascença ou defeito ocorre por acaso — e a pessoa posteriormente fica sabendo de um indivíduo falecido com uma marca semelhante. A semelhança faz com que ela se sinta conectada a essa pessoa. No entanto, não há evidências sólidas e isso parece improvável, especialmente considerando que a maioria dos casos de PLM é de crianças.

Os céticos geralmente descartam marcas de nascença ou defeitos como indicadores de vidas passadas por mera coincidência.

Quantas coincidências precisam ocorrer para comprovar um único caso de PLM quando os fatos documentados se alinham com as memórias expressas? Quanto mais detalhadas e verificáveis forem as conexões, mais difícil será descartar essas alegações como coincidência.

O Dr. Eben Alexander é um neurocirurgião renomado que estuda o cérebro há décadas e teve uma experiência de quase morte. Em uma entrevista anterior, ele disse ao Epoch Times: “Eu diria que nossa consciência humana pode ser bastante limitada por causa de nossos preconceitos e suposições quando achamos que entendemos as coisas, mas não estamos prestando atenção a todas as evidências”.

Regressão de vidas passadas

Quando as pessoas têm uma memória traumática em um estágio anterior de suas vidas atuais, isso pode ter implicações na saúde física ou mental, muitas vezes contribuindo para a síndrome do estresse pós-traumático (TEPT). Os psicólogos podem usar a terapia da conversa para ajudar os pacientes a liberar a lesão traumática em seus corpos para se curarem mental e fisicamente. Essas abordagens psicoterapêuticas complementam o tratamento farmacológico prescrito por um psiquiatra.

Da mesma forma, alguns profissionais de saúde têm explorado a terapia de regressão a vidas passadas, um tipo de hipnoterapia, para tratar doenças. Assim como o tratamento de TEPT, a terapia de regressão a vidas passadas baseia-se no diálogo guiado sob hipnose, com o terapeuta ajudando o paciente a explorar o que ele acredita serem memórias de vidas passadas.

Embora haja um debate contínuo em torno da solidez da eficácia da terapia de regressão a vidas passadas, há registros de pacientes que se beneficiaram desse tratamento.

O Dr. Jason Liu, um profissional de saúde holística da Califórnia com doutorado em neurociência, disse ao Epoch Times que testemunhou um paciente com fibromialgia que voltou à vida normal após a terapia de regressão a vidas passadas.

Marilyn, uma mulher de 46 anos, sofria de dor crônica constante e debilitante há anos, o que a levou a tentar o suicídio. Além da fibromialgia, ela sofria de doenças coexistentes, incluindo síndrome da fadiga crônica, ansiedade, depressão e insônia.

Embora seu marido fosse médico, o tratamento convencional não a ajudou. Liu decidiu tentar a terapia de regressão a vidas passadas.

Sob hipnose, usando ondas cerebrais teta, Marilyn entrou em um estado de transe pacífico. No estado hipnótico, ela acessou um fragmento de memória em que era um soldado em uma guerra e estava sendo atacada. Por meio de uma série de conversas com Liu, ela passou a entender que os medos intensos que havia experimentado em sua vida passada estavam ligados à dor física que estava sofrendo em sua vida atual.

Com a orientação gentil de Liu, Marilyn conseguiu separar o trauma emocional de sua vida passada de sua realidade atual. Desde então, ela tem se sentido significativamente mais em paz e esperançosa. Seus sintomas físicos e mentais melhoraram drasticamente, levando a uma recuperação completa.

O filho de Bowman também tinha memórias de vidas passadas. Ele desenvolveu eczema crônico e fobia de ruídos altos quando tinha cinco anos de idade.

“Quando lhe perguntamos do que se tratava, ele começou a nos contar, em primeira pessoa, que havia sido soldado e que foi morto em um campo de batalha atrás de um canhão”, disse Bowman.

Depois que o filho falou sobre a memória de vidas passadas, a condição física de eczema crônico desapareceu e a fobia de barulhos altos foi embora.

“Há algum tipo de memória corporal, memória somática, relacionada a essas memórias”, disse Bowman, sugerindo que a vida passada pode estar armazenada em nossa consciência e em nosso corpo.

Rio que flui

Um rio transporta areia, nutrientes e vida aquática à medida que flui graciosamente dos picos da montanha até seu destino. Da mesma forma, estudos relacionados a memórias de vidas passadas sugerem que nossa consciência é como um rio que flui, levando memórias, experiências e a essência de nossas almas de uma vida para a outra, conectando-nos à tapeçaria da existência.

“Acho que é fascinante porque, como Ian Stevenson também falou, nossas situações atuais, nossas personalidades atuais podem ter origem em experiências de vidas passadas”, disse Bowman ao Epoch Times. 

“A consciência sobrevive à morte”, acrescentou ela, “assim como os traços de personalidade, os sentimentos e os traços físicos. Isso é transferido para outro corpo, outra vida, circunstâncias diferentes, mas está tudo conectado. Há um continuum de uma vida para outra.”

Após a morte de Stevenson, seu sucessor, Dr. Jim Tucker, professor de psiquiatria e ciências neurocomportamentais da Bonner-Lowry e diretor da Divisão de Estudos Perceptuais da Universidade da Virgínia, continuou sua missão de estudar a PLM.

O Dr. Brian L. Weiss e o Dr. Bruce Greyson também trabalham com pesquisa de memória de vidas passadas. Weiss é um psiquiatra renomado, formado pela Universidade de Columbia e pela Faculdade de Medicina de Yale, e presidente emérito de psiquiatria do Mount Sinai Medical Center, em Miami. Greyson é professor emérito de psiquiatria e ciências neurocomportamentais da Universidade da Virgínia.

O acúmulo de evidências nos três primeiros artigos desta série faz alusão à possibilidade de que a consciência se estenda além de nossa realidade física.

Todos acabam morrendo. No entanto, se nossa consciência for eterna e as memórias de nossas experiências de vidas passadas persistirem, isso pode ter um significado importante para nosso bem-estar nesta vida e no futuro.

Se as memórias podem atravessar vidas, isso levanta a questão: Onde reside nossa consciência em meio a diferentes vidas? Onde está a origem inicial ou o lar definitivo de nossa consciência?

A seguir, continuaremos a explorar a possível origem da consciência à luz de várias linhas de pesquisa científica.

As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times. O Epoch Health recebe com satisfação discussões profissionais e debates amigáveis.