O que você faz agora pode afetar seu cérebro por 2 semanas

Os efeitos da atividade física diária, sono, alterações na frequência cardíaca e humor podem persistir por mais de duas semanas.

Por Huey Freeman
14/10/2024 14:35 Atualizado: 14/10/2024 14:35
Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

Os efeitos da atividade física diária, sono, alterações na frequência cardíaca e humor podem persistir por mais de duas semanas.

Novas pesquisas mostram que nossos hábitos diários de exercício e sono podem afetar o funcionamento do cérebro por até duas semanas.

Nossos cérebros não reagem a estímulos de forma rápida e isolada; em vez disso, a atividade cerebral evolui ao longo de períodos mais prolongados.  

“Isso sugere que até mesmo um treino ou uma noite mal dormida da semana passada ainda pode afetar seu cérebro—e, portanto, sua atenção, cognição e memória—na semana seguinte”, segundo o comunicado de imprensa do estudo.

Atividade física, padrões de sono, mudanças na frequência cardíaca e até sutis alterações de humor podem deixar marcas em nossas redes neurais por até duas semanas. Essa revelação desafia o conhecimento convencional sobre o funcionamento cerebral e abre novas possibilidades para entender cognição, memória e tratamentos de saúde mental.

Pesquisadora se torna a participante do estudo

Ana Triana, doutoranda da Universidade de Aalto, em Espoo, Finlândia, desempenhou dupla função como participante do estudo, monitorando suas próprias atividades enquanto liderava a equipe de pesquisa. Exames cerebrais, smartphones e dispositivos vestíveis registraram sua vida diária e atividades cerebrais.

Este experimento foi projetado para desafiar a crença de que “apenas alguns testes são suficientes para amostrar corretamente a atividade cerebral e o comportamento de um indivíduo”, escreveram os pesquisadores em seu estudo, publicado na terça-feira na revista Public Library of Science (PLOS) Biology.

Triana destacou a importância do monitoramento contínuo por meio de tecnologias vestíveis, observando que exames cerebrais tradicionais, realizados enquanto uma pessoa descansa por 30 minutos duas vezes por semana, oferecem insights limitados.

“Queríamos ir além de eventos isolados”, disse Triana no comunicado de imprensa.  

“Nossos comportamentos e estados mentais são constantemente moldados pelo ambiente e pelas experiências. Ainda assim, sabemos pouco sobre a resposta do cérebro… em diferentes escalas de tempo, de dias a meses.”

Os pesquisadores esperam que seu estudo único ajude a melhorar os tratamentos de saúde mental, focando em informações individuais sobre o cérebro e a vida cotidiana de cada pessoa.

“Nossa abordagem dá contexto à neurociência e oferece detalhes muito precisos para nossa compreensão do cérebro”, disse Dr. Nick Hayward, médico, neurocientista e coautor do estudo, no comunicado de imprensa. Ele acrescentou que informações da vida diária devem ser analisadas em laboratório “para ver o quadro completo de como nossos hábitos moldam o cérebro”.

Atividade física melhora a conectividade cerebral 

Foram encontradas associações entre a conectividade cerebral e a atividade física recente de três dias antes, assim como de atividades físicas realizadas dez dias antes.  

“Essas descobertas sugerem que os níveis de atividade física têm efeitos imediatos e tardios nas redes cerebrais”, relataram os pesquisadores.

O sono também foi identificado como um fator-chave na memória de trabalho, escreveram os pesquisadores. Mais horas de sono e, curiosamente, mais interrupções no sono foram associadas à melhor assimilação de duas funções cerebrais: a rede envolvida no planejamento e a rede que controla a autorreflexão e o devaneio. 

“No entanto, o efeito da duração do sono na memória de trabalho não parece ocorrer imediatamente, mas é observado após um atraso de duas semanas”, escreveram os pesquisadores, acrescentando que os resultados deste estudo de caso único podem significar simplesmente que Triana não foi particularmente afetada pelas flutuações do sono.

A pesquisa revelou uma forte conexão entre a variabilidade da frequência cardíaca (VFC)—as sutis flutuações no tempo entre batimentos cardíacos—e a função cerebral. A VFC é um indicador-chave da saúde cardiovascular e da capacidade do corpo de se adaptar ao estresse; quanto maior a VFC, mais resiliente e adaptável é o coração.

O estudo mostrou que dias em que a VFC era mais alta estavam associados a uma conectividade cerebral e atividade mais robustas, especialmente durante períodos de descanso. Isso sugere que um coração bem regulado desempenha um papel crucial em como o cérebro se organiza durante o repouso.

Os pesquisadores esperam que seu estudo ajude outros a desenvolver novos métodos para analisar informações relacionadas às funções cerebrais.

“A integração da conectividade cerebral, dados fisiológicos e pistas ambientais impulsionará futuras pesquisas em neurociência ambiental e apoiará a saúde de precisão”, escreveram.