Novo medicamento imunoterápico pode curar o câncer de intestino, segundo estudo

Os fabricantes GSK afirmam que o Jemperli, que está disponível no NHS do Reino Unido, apresenta 100% de sucesso e poderia substituir a cirurgia, a quimioterapia prejudicial e a radioterapia.

Por Rachel Roberts
06/06/2024 21:55 Atualizado: 06/06/2024 21:55
Matéria traduzida e adaptada do inglês, originalmente publicada pela matriz americana do Epoch Times.

Um medicamento imunoterápico pode poupar os pacientes com câncer de intestino da necessidade de cirurgia e quimioterapia, depois que um teste clínico constatou que ele foi 100% bem-sucedido na eliminação da doença.

A GSK, gigante farmacêutica britânica, afirmou que seu medicamento, o Jemperli, também conhecido como dostarlimab, apresentou “resultados sem precedentes”, sem deixar vestígios da doença em nenhum dos 42 pacientes tratados.

O Jemperli já foi aprovado pelo Serviço Nacional de Saúde (NHS) do Reino Unido para mulheres com alguns tipos de câncer de útero avançado ou recorrente.

Os medicamentos de imunoterapia usam os glóbulos brancos do próprio paciente para combater tumores cancerígenos, mas seu custo pode ser muito alto e o tratamento nem sempre está disponível no NHS.

De acordo com o Instituto Nacional de Excelência Clínica, o custo do Jemperli para os hospitais é de pouco menos de £6.000 por dose, enquanto nos Estados Unidos ele custa em torno de US$12.000. O NHS England já havia firmado acordos de confidencialidade com empresas farmacêuticas sobre os custos de imunoterapias como o pembrolizumab, também conhecido como Keytruda, para disponibilizá-los aos pacientes.

Todos os participantes do estudo tinham uma forma da doença conhecida como câncer retal localmente avançado com deficiência de reparo de incompatibilidade (dMMR, na sigla em inglês), que representa entre 5 e 10% de todas as formas de câncer de intestino.

Resultados apresentados na Conferência de Chicago

As descobertas do estudo foram apresentadas na conferência da American Society of Clinical Oncology (ASCO) em Chicago, no fim de semana de 1 e 2 de junho, onde milhares de cientistas e representantes do setor farmacêutico se reuniram.

A apresentação ocorreu apenas dois dias depois de ter sido noticiado que um paciente com câncer de intestino havia se tornado a primeira pessoa no Reino Unido a receber uma terapia de mRNA, que foi descrita pelo NHS como uma “vacina contra o câncer”, embora não fosse preventiva e se destinasse apenas àqueles que já tinham a doença para tentar evitar seu retorno.

Os dados mostraram que todos os pacientes de um estudo, liderado pelo Memorial Sloan Kettering Cancer Centre, na cidade de Nova Iorque, tiveram uma resposta totalmente bem-sucedida ao tratamento, sem nenhuma evidência de tumores aparecendo nos exames.

O protocolo atual recomendado pelo NHS para pacientes com esse tipo de câncer é quimioterapia e radiação, seguido de cirurgia para remover o tumor, juntamente com partes do intestino e do tecido circundante.

Embora a quimioterapia possa matar as células cancerígenas, ela é bem conhecida por seus graves efeitos colaterais, enquanto a radioterapia e a cirurgia também apresentam riscos.

Andrea Cercek, pesquisador principal do estudo de fase II, disse que o novo tratamento mostrou “regressão completa e duradoura do tumor sem a necessidade de tratamento que altere a vida”, como quimioterapia e cirurgia.

Ela acrescentou: “Como médica, vi em primeira mão o impacto debilitante do tratamento padrão do câncer de reto dMMR e estou entusiasmada com o potencial do dostarlimab nesses pacientes”.

Hesham Abdullah, vice-presidente sênior da GSK, afirmou que os dados do estudo eram “notáveis” e disse que os testes estavam em andamento para avaliar o medicamento ainda mais.

Em 2012, a GSK, então conhecida como GlaxoSmithKline, recebeu a maior multa por fraude na área de saúde da história de US$3 bilhões por infrações criminais, incluindo promoção off-label e falha na divulgação de dados de segurança. A multa também abrangeu delitos civis, incluindo o pagamento de propinas a médicos, declarações falsas e enganosas sobre a segurança do Avandia, divulgação de melhores preços falsos e pagamento insuficiente de descontos devidos pelo esquema de seguro Medicaid.

Taxas crescentes de câncer de intestino

O câncer colorretal é o terceiro tipo de câncer mais comumente diagnosticado no mundo, com taxas que aumentaram nas últimas duas décadas, especialmente em pessoas mais jovens.

A taxa de mortalidade por câncer de intestino de pessoas com menos de 50 anos no Reino Unido deve aumentar em um terço este ano, de acordo com projeções que, segundo especialistas, são alarmantes e decorrem do aumento da obesidade, de dietas inadequadas e da inatividade física.

De acordo com um estudo publicado na revista Annals of Oncology, prevê-se que as taxas de mortalidade por câncer de intestino no Reino Unido em pessoas com idade entre 25 e 49 anos aumentarão 39% em mulheres e 26% em homens em 2024, em comparação com a média entre 2015 e 2019.

O câncer de intestino é a segunda causa mais comum de morte por câncer no Reino Unido, sendo responsável por 10% de todas as mortes por câncer.

Cientistas preveem que as taxas de mortalidade por câncer de intestino aumentarão em mulheres de todas as idades no Reino Unido, contrariando a tendência de melhores taxas de sobrevivência em outras formas de câncer comuns em mulheres, como o câncer de mama.

O aumento das taxas de obesidade, os alimentos ultraprocessados, os chamados “produtos químicos eternos” e o uso excessivo de antibióticos — que perturbam o equilíbrio das bactérias intestinais — são apontados como possíveis fatores para o aumento da doença.

Mais da metade dos casos de câncer de intestino — 54% — poderiam ser evitados por meio de escolhas de estilo de vida mais saudáveis, de acordo com a Pesquisa do Câncer do Reino Unido.