Um painel consultivo que orienta o Departamento de Agricultura dos EUA agora recomenda que você seja informado não só o sobre os alimentos que são melhores para a saúde, mas também para o meio ambiente. Isso significa que quando a versão mais recente de diretrizes alimentares do governo vier a tona, estas reforçarão o que já se praticava nos últimos anos: as pessoas serão orientadas a escolherem mais frutas, legumes, nozes, grãos integrais e outros alimentos à base de vegetais – em detrimento da carne.
As indústrias ligadas aos produtos à base de carne bovina e aos produtos agricolas estão esperneando, dizendo que uma agenda ambiental não tem lugar no que sempre foi um modelo prático para um estilo de vida saudável.
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O painel consultivo tem discutido a idéia de sustentabilidade, em reuniões públicas, indicando suas recomendações, que, no início deste ano, poderão abordar o meio ambiente. Um projeto de recomendação que circulou no mês passado, disse que uma dieta sustentável ajuda a garantir o acesso aos alimentos, tanto para a população atual quanto para as futuras gerações.
Um padrão diário de consumo alimentar maior de alimentos de origem vegetal e menor de alimentos de origem animal significa “mais promoção de saúde e está associado com menor impacto ambiental do que a dieta média atual dos EUA”, informou o projeto.
Isso parece resultar pelo menos em um fim parcial da indústria da carne. Um estudo realizado no ano passado pela revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências [dos EUA], disse que a produção de carne de boi para a mesa de jantar americana é mais prejudicial ao meio ambiente do que as outras indústrias de carne, tais como a de carne de porco e de frango.
O estudo diz que, em comparação com outras proteínas animais populares, a carne de boi produz mais gases responsáveis pelo efeito estufa por caloria, libera mais nitrogênio poluente para a água, consome mais água destinada a irrigação e utiliza mais terras.
Como o comitê consultivo discutiu a idéia, os médicos e acadêmicos do painel têm classificado a sustentabilidade em termos de conservação de recursos alimentares e também de quais são os alimentos mais saudáveis. Há “compatibilidade e sobreposição” entre o que é bom para a saúde e bom para o meio ambiente, diz o painel.
Uma vez que as recomendações são feitas, os departamentos de agricultura, saúde e serviços sociais vão elaborar as diretrizes dietéticas finais, esperadas para daqui um ano, a partir de agora. Publicadas a cada cinco anos, as diretrizes são a base para o ícone “Meu Prato”, do USDA, que substituiu, em 2010, a pirâmide alimentar bem conhecida, e é projetado para ajudar os americanos a terem uma alimentação saudável. Orientações também serão integradas no padrão das refeições de merenda escolar e em outros programas alimentares federais.
A indústria da carne tem lutado por anos para garantir que as orientações dietéticas não digam à população para comer menos carne. As diretrizes recomendam comer carnes magras, em vez de reduzir a carne completamente. Mas um outro projeto do painel, discutido na reunião de 15 de dezembro, diz que um padrão alimentar saudável inclui menos “carnes vermelhas e processadas.”
Em resposta, a National Cattlemen’s Beef Association (Associação Nacional dos Produtores de Carne) enviou uma declaração do médico e pecuarista Richard Thorpe chamando a comissão de tendenciosa e a recomendação sobre a carne absurda. Ele disse que a carne bovina magra tem um papel em dietas saudáveis.
Objeções também provenientes do Congresso
A enorme conta de gastos que resultou do balanço do ano, divulgada no mês passado, chamou a atenção do comitê consultivo em relação ao meio ambiente, o qual orientou o Secretário da Agricultura, Tom Vilsack, “a incluir apenas informações sobre nutrição e dietética, e não fatores irrelevantes”, nas orientações finais. O Congresso freqüentemente usa tais alegações aleatórias para colocar um departamento sobre o aviso de que os legisladores poderão vetar um projeto caso o Poder Executivo favoreça.
Ambientalistas estão pressionando o comitê e o governo para considerarem a decisão
“Precisamos ter certeza de que nossas dietas estão em alinhamento com nossos recursos naturais e com a necessidade de reduzir a mudança climática”, disse Kari Hamerschlag, do grupo de defesa Friends of the Earth (Amigos da Terra).
Michael Jacobson, do Center for Science in the Public Interest (Centro para a Ciência do Interesse Público) disse que a idéia de se colocar em prática diretrizes mais amplas não é inédita: “Eles já abordaram a atividade física e a segurança alimentar anteriormente”.
“Você não quer recomendar uma dieta que vai envenenar o planeta”, disse ele.