Uma nova técnica de reconstrução de cabeça e pescoço está revolucionando o tratamento de pacientes com câncer. Desenvolvida por pesquisadores da Universidade Metropolitana de Osaka, no Japão, a abordagem utiliza um retalho miocutâneo pediculado do músculo latíssimo do dorso (LD). Ela oferece soluções eficazes para casos complexos.
Segundo o estudo publicado na PRS-Global Open, a técnica se destaca por manter o retalho parcialmente conectado ao local doador, preservando o suprimento sanguíneo natural.
Essa configuração permite que o tecido seja transferido de forma segura para a região a ser reconstruída. Além disso, a inclusão do ramo cutâneo lateral da 10ª artéria intercostal posterior garante um fluxo sanguíneo confiável, ampliando as possibilidades de aplicação.
“A reconstrução tradicional geralmente utiliza retalhos livres, o que pode não ser viável para alguns pacientes, como aqueles que já passaram por tratamento com radiação ou múltiplas cirurgias”, explica Tsubasa Kojima, médico e professor na Escola de Pós-Graduação em Medicina da Universidade Metropolitana de Osaka e autor principal do estudo.
Solução para casos complexos
Entre 2003 e 2024, a técnica foi testada em 22 pacientes que apresentavam defeitos severos na região de cabeça e pescoço.
Em muitos desses casos, outras alternativas, como os retalhos livres — pedaços de tecido, como pele, músculo ou osso, removidos de uma parte do corpo — não eram viáveis devido a complicações vasculares ou ao histórico de múltiplas cirurgias.
Os resultados foram promissores, com taxa de sucesso de 100% na sobrevivência dos retalhos.
Essa abordagem é particularmente indicada para pacientes que enfrentaram falhas em cirurgias anteriores ou que passaram por radioterapia, onde a vascularização é comprometida.
A técnica também permite a inclusão de osso costal no retalho, possibilitando a reconstrução da mandíbula em casos mais complexos.
Como a técnica funciona
A chave para o sucesso está no design do retalho, que posiciona a pele de forma distal no músculo latíssimo do dorso, maximizando sua flexibilidade e alcance.
Antes da cirurgia, exames de ultrassom e Doppler são realizados para mapear as artérias e garantir a viabilidade do tecido.
Durante o procedimento, o ramo cutâneo lateral da 10ª artéria intercostal é cuidadosamente preservado para manter o fluxo sanguíneo.
A cirurgia também se destaca pela possibilidade de adaptação a diferentes necessidades.
O retalho pode ser dividido em várias seções de pele, permitindo a reconstrução tridimensional de defeitos.
Em alguns casos, foi utilizado um osso costal para substituir partes da mandíbula, ampliando ainda mais o alcance da técnica.
Benefícios e desvantagens
Os principais benefícios incluem:
- – Taxa de sucesso elevada, com sobrevivência dos retalhos em todos os casos estudados.
- – Procedimento seguro e rápido, ideal para pacientes que precisam de soluções de urgência.
- – Flexibilidade para se adaptar a defeitos extensos e complexos.
- – Preservação do fluxo sanguíneo natural, garantindo melhor cicatrização.
Por outro lado, a técnica apresenta algumas limitações.
O reposicionamento do paciente durante a cirurgia pode aumentar o tempo operatório. Além disso, pacientes obesos ou com gordura excessiva na região lombar podem apresentar maiores dificuldades na aplicação do método.
Futuro promissor
Os pesquisadores consideram a técnica uma solução viável para reconstruções de cabeça e pescoço, especialmente em casos de salvamento.
A descoberta abre caminho para novos avanços na área da cirurgia reconstrutiva, oferecendo esperança e qualidade de vida a pacientes que antes tinham poucas opções.
Com a evolução técnica e mais estudos, o método pode se tornar o padrão em casos de alta complexidade.