Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Um estudo publicado em outubro na Neurobiology of Aging e conduzido pela Baycrest Academy for Research and Education (BARE) no Canadá descobriu que altos níveis de açúcar no sangue podem prejudicar a saúde do cérebro mesmo em indivíduos sem diabetes.
“Nossos resultados mostram que mesmo que alguém não tenha um diagnóstico de diabetes, seu açúcar no sangue pode já estar alto o suficiente para impactar negativamente sua saúde cerebral”, disse Jean Chen, autor sênior do estudo e cientista sênior do Rotman Research Institute, parte da BARE, em um comunicado à imprensa.
Cérebro adversamente afetado mesmo em pessoas saudáveis
Pesquisas anteriores estabeleceram que altos níveis de açúcar no sangue têm efeitos adversos na saúde do cérebro em pessoas com diabetes, mas até agora, seu impacto no cérebro de pessoas saudáveis não foi bem compreendido.
“O açúcar no sangue existe em um espectro — não é uma categorização em preto e branco de saudável ou não saudável”, disse Chen no comunicado à imprensa.
O estudo analisou dados de 146 adultos saudáveis com 18 anos ou mais. Os pesquisadores avaliaram os níveis de açúcar no sangue, a atividade cerebral por meio de exames de ressonância magnética e a variabilidade da frequência cardíaca por meio de leituras de eletrocardiograma. Os pesquisadores utilizaram dados do conjunto de dados do Estudo de Leipzig para Interações Mente-Corpo-Emoção (LEMON).
Dieta e exercícios são essenciais para reduzir riscos
Níveis mais altos de açúcar no sangue foram associados à diminuição da conectividade em redes cerebrais cruciais para cognição, memória, atenção e regulação emocional. Os efeitos adversos foram mais pronunciados em adultos mais velhos, que geralmente tinham níveis mais altos de açúcar no sangue do que os participantes mais jovens, mas a associação estava presente em todas as faixas etárias. As mulheres experimentaram um efeito mais substancial do que os homens.
“As descobertas destacam a importância de controlar o açúcar no sangue por meio de dieta saudável e exercícios, não apenas para o corpo, mas também para o cérebro”, afirmou Chen. “Também é importante fazer exames regulares e trabalhar com um profissional de saúde, especialmente se você foi diagnosticado com pré-diabetes.”
Pesquisas anteriores mostraram que o envelhecimento normal do cérebro é acelerado em cerca de 26% em pessoas com diabetes tipo 2 progressivo em comparação com pessoas saudáveis sem a doença. As descobertas também sugerem que, quando alguém é formalmente diagnosticado, ele já pode ter sofrido danos estruturais significativos no cérebro.
No entanto, diferentemente do diabetes tipo 1, uma doença autoimune que ocorre quando o sistema imunológico do corpo destrói as células produtoras de insulina no pâncreas, o diabetes tipo 2 pode ser prevenido por meio de mudanças no estilo de vida. Isso inclui manter um peso saudável, ter uma dieta saudável que inclua alimentos frescos e integrais e minimize a ingestão de açúcar, além de fazer exercícios regularmente.
Níveis elevados de açúcar no sangue afetam negativamente a frequência cardíaca
Também foi encontrada uma correlação entre níveis mais altos de açúcar no sangue e menor variabilidade da frequência cardíaca (VFC), com pesquisadores apontando para pesquisas anteriores que vinculam maior VFC a melhor saúde cerebral. A VFC é a variação do tempo entre os batimentos cardíacos. Geralmente, uma variação maior significa que o corpo pode se adaptar mais facilmente aos estressores, enquanto uma baixa VFC pode indicar doença ou menor resiliência ao estresse.
Os pesquisadores observaram que estudos futuros podem explorar métodos para melhorar a função cerebral por meio da melhoria da VFC, o que pode apresentar um alvo de intervenção mais fácil do que os níveis de açúcar no sangue, principalmente para pessoas não diabéticas.
A pesquisa também vinculou o alto nível de açúcar no sangue a doenças cardíacas e condições oculares, danificando os vasos sanguíneos nesses órgãos. Também pode reduzir a capacidade dos rins de filtrar resíduos, o que pode levar à doença renal crônica.