Durante o Congresso Europeu de Cardiologia, realizado em Londres em setembro, especialistas de várias partes do mundo apresentaram uma reformulação significativa nas orientações sobre pressão arterial, atualizando conceitos tradicionais e redefinindo parâmetros para diagnósticos e tratamentos.
O fim da pressão “ideal” de 12 por 8
Por muitos anos, a pressão de 120/80 mmHg era tida como um parâmetro universalmente saudável. No entanto, os especialistas decidiram reavaliar essa referência. Agora, a pressão é classificada em três níveis:
Normal: até 120/70 mmHg
Elevada: entre 121/70 e 139/89 mmHg
Hipertensão: igual ou superior a 140/90 mmHg
A nova categoria intermediária de pressão elevada tem como objetivo estimular a detecção precoce de tendências preocupantes, incentivando cuidados preventivos antes que a hipertensão se instale.
Riscos personalizados e tratamento mais eficaz
Outro ponto relevante das diretrizes é a introdução da estratificação de risco. Em vez de tratar apenas os números da pressão, a análise agora considera múltiplos fatores – como obesidade, diabetes e histórico familiar – para calcular o risco individual de problemas cardiovasculares.
Risco leve (até 5%): mudanças no estilo de vida são suficientes.
Risco moderado a alto (mais de 10%): recomenda-se iniciar medicamentos preventivos.
Nos casos de hipertensão confirmada, o protocolo sugere começar o tratamento com dois tipos de medicamentos combinados, maximizando a eficácia e reduzindo a chance de complicações.
Mudança de hábitos: a primeira linha de defesa
Os especialistas destacam a importância de ajustar hábitos cotidianos para prevenir a progressão da pressão elevada. As recomendações incluem:
Aumentar o consumo de alimentos ricos em potássio, como bananas, abacates e folhas verdes.
Exercitar-se regularmente, especialmente com atividades de resistência, como musculação.
Reduzir o sal na dieta e manter o peso sob controle.
Essas intervenções são fundamentais para indivíduos na fase inicial de elevação da pressão, reduzindo o risco de evolução para hipertensão crônica.
Monitoramento fora do consultório
Outro foco das novas diretrizes é a precisão no diagnóstico. Para evitar erros comuns, como a hipertensão do jaleco branco (aumento da pressão apenas em ambiente médico) e a hipertensão mascarada (pressão aparentemente normal no consultório, mas alta em casa), são recomendados dois métodos de monitoramento:
Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA): acompanha a pressão ao longo de 24 horas.
Medição Residencial da Pressão Arterial (MRPA): permite que o paciente faça medições diárias em casa.
Essas ferramentas garantem que o diagnóstico seja mais preciso e ajudam os médicos a ajustar o tratamento de forma personalizada.